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Para reduzir o risco de morte acidental, o recém-nascido deve dormir no mesmo quarto dos pais, mas em cama separada, com uma superfície plana. É o que indica a atualização das diretrizes de sono seguro para o bebê da Academia Americana de Pediatria (AAP), publicada no dia 21 de junho.
Segundo a entidade, a medida reduz em 50% o risco de mortes acidentais. Nos Estados Unidos, país sede da AAP, cerca de 3.500 bebês morrem anualmente por questões relacionadas ao sono, incluindo a Síndrome de Morte Súbita do Lactente (SMSL).
“A AAP entende e respeita que muitos pais optam por dividir a cama rotineiramente por várias razões, incluindo a facilitação da amamentação, preferências culturais e crença de que é melhor e mais seguro para o bebê”, diz a publicação da AAP. “No entanto, com base nas evidências, não podemos recomendar o compartilhamento de cama em nenhuma circunstância”, completa.
No Brasil, não há estatísticas oficiais sobre a Síndrome de Morte Súbita do Lactente, porém estima-se que a sua incidência deve ser, no mínimo, a mesma descrita em países desenvolvidos, como os Estados Unidos. Lá, a taxa de ocorrência é de 0,5/1000 nascidos vivos, conforme considera Simone Chaves Fagondes, membro do Departamento Científico de Medicina do Sono da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
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A especialista explica, ainda, que a cama compartilhada pode aumentar o risco de superaquecimento, reinalação do gás carbônico, obstrução das vias aéreas e cobertura acidental da cabeça. “Além disso, [compartilhar a cama] aumenta as chances de sufocamento ou de trauma promovido por um outro indivíduo, geralmente os pais, que estão compartilhando a cama, além do risco de queda”, acrescenta.
Simone também reitera que o risco de morte devido ao compartilhamento da cama reduz a partir do primeiro ano de vida, mas ressalta que outros fatores psicológicos devem ser considerados para a prática de dividir o leito.
Inclinação da cama e outras recomendações
Além de orientar que bebês não durmam junto com os pais, a associação recomenda que o recém-nascido durma em uma superfície firme e com uma inclinação de, no máximo, 10º - ou seja, praticamente plana - para reduzir o risco de asfixia ou aprisionamento. Sua posição deve ser de costas para o colchão, com a barriga voltada para cima.
“A superfície firme, plana e com mínima inclinação tem por objetivo reduzir o risco de sufocamento ou, ainda, evitar que o bebê fique ‘preso’ junto da parede ou a algum móvel contíguo à cama”, explica Simone. “Em um berço inclinado, o bebê pode fletir o tronco e levantar a cabeça, facilitando a mudança para o decúbito lateral ou mesmo a posição ventral, aumentando o risco de fadiga muscular e potencial sufocamento”, completa.
Outra orientação da AAP é manter objetos macios, como travesseiros, colchas, edredons, colchões e lençóis longe da cama do bebê a fim de reduzir o risco de Síndrome da Morte Súbita do Lactente, asfixia, aprisionamento e estrangulamento.
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“A ideia é garantir a máxima segurança do bebê durante o sono. Objetos macios, travesseiros ou almofadas podem bloquear a passagem de ar pelas vias aéreas; colchas, lençóis e cobertores podem cobrir a cabeça ou ainda enroscar-se no pescoço e na cabeça”, comenta a especialista. “Não podemos esquecer que estamos diante de um bebê que ainda não tem, por questões de desenvolvimento, mecanismos de autoproteção desenvolvidos”, ressalta.
Entre as novas orientações, também está a recomendação de não embrulhar o bebê em panos a partir dos três ou quatro meses de vida (período em que o recém-nascido apresenta sinais de tentativa de rolar). Segundo a entidade, o enfaixamento pode aumentar o risco de sufocamento ao tentar rolar ou mudar de posição.
Cobertores devem ser evitados
Segundo as novas diretrizes da AAP, é preferível vestir o bebê com camadas de roupas do que usar cobertores para aquecê-lo. O cuidado ajuda a reduzir a chance de o cobertor sufocar o bebê. Cobertores vestíveis também podem ser usados.
O uso de chapéus e toucas para cobrir a cabeça também deve ser evitado, já que pode aumentar o risco de superaquecimento da cabeça. A medida só deve ser tomada, excepcionalmente, nas primeiras horas de vida ou na UTI natal.
Cuidados ao deixar o bebê de bruços
A AAP também atualizou suas orientações em relação ao tempo de bruços que o bebê deve ficar. De acordo com as novas diretrizes, os pais são incentivados a colocarem o bebê com a barriga para baixo e costas para cima apenas enquanto estão acordados e supervisionados, sempre por curtos períodos de tempo (no mínimo, 15 minutos, e, no máximo, 30 minutos por dia, até as sete semanas de idade).
“Essa recomendação visa impedir o achatamento da cabeça em lactentes, condição conhecida como plagiocefalia posicional, e também favorecer o desenvolvimento e a força da cintura escapular necessária para que o bebê possa atingir alguns marcos do desenvolvimento”, esclarece Simone.