Formada em 2003 em Marília, concluiu Ginecologia e Obstetricia no Complexo Hospitalar na Autarquia do Mandaqui em 2005,...
iRedatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
O bebê nasceu! Mãe e filho estão em casa, e agora começa uma nova jornada de convivência, cheia de amor e carinho, mas também com muitas dúvidas sobre o que esperar dessas primeiras semanas, principalmente para as mães de primeira viagem. Porém o que essas mulheres devem saber é que não existe um jeito certo de ser mãe e que aos poucos a nova rotina vai se ajeitando, sem pressa ou regras pré-determinadas.
É comum que as mulheres se sintam mais ansiosas ao acompanhar o desenvolvimento do recém-nascido sem saber o que é normal ou esperado. Além disso, as próprias mães passam por suas próprias transformações, já que foram meses gerando uma vida e agora o corpo precisa se readaptar e se preparar para novas tarefas, como a amamentação.
Para ajudar as mamães a entender melhor os primeiros 15 dias com o recém-nascido e saber quais as mudanças mais comuns do período, conversamos com Loretta Campos, que é pediatra e consultora de aleitamento materno; Carolina Curci, ginecologista e obstetra; e Débora Oriá, ginecologista do Hospital Sírio Libanês, para darem dicas e tranquilizar as mães de primeira viagem.
A rotina e as mudanças do bebê
Nesses primeiro dias é importante lembrar que, assim como a família passa a ter uma nova rotina, o bebê também começa um processo desconhecido, então não é possível criar expectativas sobre grandes evoluções repentinas. Por outro lado, os pais podem estimular o recém-nascido com conversas, músicas e contato pele a pele. Já o que se pode esperar do comportamento do bebê consiste em:
Sonolência
O recém-nascido, de fato, é mais sonolento nas duas primeiras semanas de vida e tende a dormir a maior parte do tempo, acordando geralmente apenas para mamar. Por esse motivo, as mães podem imaginar que há algo errado com a saúde do filho, mas Loretta Campos explica que esse comportamento faz parte do processo de adaptação extrauterino, que tende a se estender até os três meses de vida.
Além disso, ela ressalta que "nesses primeiros 15 dias de vida do bebê, ele ainda não tem o ciclo circadiano organizado. Como ele estava dentro do útero, não tem uma rotina estabelecida, não sabe o que é dia ou noite, então é muito comum que o bebê inverta o dia pela noite". Mas, ainda de acordo com a pediatra, é possível investir em medidas para que o bebê vá assimilando e crie um ritmo de sono.
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Alterações de peso
Ao nascer, a criança está mais inchada e tem retenção de líquido, por isso "é normal que nos primeiros dias de vida o bebê perca até 10% do peso do nascimento, que é recuperado com aproximadamente 15 dias após o parto. Por isso, é importante ir ao pediatra cinco dias após o parto e realizar pesos mais frequentes para que a gente acompanhe o peso desse bebê e veja se ele está evoluindo da forma adequada", explica a pediatra.
As visitas médicas também são importantes para empoderar a mãe em relação ao aleitamento, deixando-a mais segura para o momento.
Pele mais delicada
Naturalmente mais delicada e sensível, a pele do recém-nascido passa por uma renovação, comumente marcada por descamações que, após um mês de vida, desaparecem sem necessidade de tratamento. Além disso, outra ocorrência bastante comum é o eritema tóxico, que se caracteriza por pequenas lesões avermelhadas semelhantes a picadas de inseto, e aparecem na região do tórax, costas e abdômen, e desaparecem em poucos dias.
"Fora isso, o bebê pode nascer com milium no nariz, que é uma resposta da exacerbação das glândulas sebáceas. Ou aparecer um quadro que chama miliária — muito frequente quando o bebê passa calor —, e com manifestação semelhante ao quadro de pústulas, mas que assim como os demais tem uma resolução espontânea", esclarece Loretta.
Reflexos automáticos
Os reflexos mais comuns nos primeiros 15 dias, geralmente, são chamados de “reflexos primitivos”, uma vez que o recém-nascido já sabe por uma questão instintiva, e vão desaparecendo ao longo do tempo. Os mais comuns consistem em:
- Reflexo de sucção: sugar o que é colocado à frente
- Reflexo de pressão: segurar o dedo dos pais entre os dedos das mãos
- Reflexo de Moro: semelhante a um susto e o bebê não controla
- Reflexo plantar: o estender dos dedos do pé
- Reflexo da marcha: ao colocar o bebê em cima da cama, ele faz um movimento como se fosse andar (marchar)
Apesar de segurar o dedo da mãe com bastante precisão, os demais movimentos das pernas e dos braços podem parecer “moles”, mas ficarão mais firmes ao longo do seu desenvolvimento.
Umbigo que precisa de cuidado
Uma preocupação das mães pode ser como cuidar do coto umbilical até que ele caia, mas Loretta explica que o primordial é manter a higiene.
“A recomendação é fazer o curativo com álcool 70% durante as trocas de fralda. Recomendo passar com hastes flexíveis, principalmente na base do umbigo, onde tem uma espécie de geléia branca, para ir secando essa secreção. Mesmo após a queda do umbigo, continue higienizando até pelo menos 30 dias de vida porque é comum sobrar um pouco do coto umbilical ou sangue”, esclarece.
Saiba mais: Dor no umbigo no final da gestação: é normal?
Aparecimento de cólicas
De acordo com a profissional, as cólicas são comuns até os três meses de vida, pois o intestino do bebê ainda é imaturo. É importante ressaltar que alguns bebês podem apresentar cólicas mais leves e outros, um pouco mais fortes.
A pediatra Loretta Campos alerta que não existe uma recomendação de dieta para a mãe que evite o quadro nos bebês. Cada mulher pode observar seu filho e desconfiar dos alimentos que podem fazer mal e diminuí-los da alimentação.
As alterações no corpo da mãe
Com a chegada do bebê é comum que as mães passem a se dedicar quase integralmente às necessidades dele, porém, principalmente no início da nova rotina, é fundamental que a mulher tente se acolher e entender suas próprias mudanças (físicas e hormonais) características do puerpério. Por isso, reunimos abaixo os tópicos que costumam fazer parte da rotina da mãe recém-nascida.
Cesárea
O parto cesariano é considerado um procedimento cirúrgico, por isso a mãe pode ficar de dois a três dias na maternidade e a recuperação exige cuidado. “Nós pedimos para que a paciente tome a medicação pós-parto corretamente, lave a ferida operatória muito bem com água e sabão e siga as orientações do médico, principalmente se precisar de curativo”, esclarece a ginecologista e obstetra Carolina Curci.
Além disso, ela recomenda que nos primeiros 15 dias a mulher receba ajuda para se levantar, não exagere no esforço físico, evite pegar peso e invista em uma boa alimentação e hidratação. Outro cuidado importante é observar a ferida e seu processo de cicatrização.
Sangramento vaginal
Após o parto as mães, de primeira viagem ou não, vão apresentar sangramento vaginal, o que, segundo a ginecologista Débora Oriá, é um processo natural do corpo para que o útero volte ao seu estado normal. “O sangramento pós-parto é chamado de liquefação e é um processo fisiológico, tanto do parto normal quanto da cesárea. Isso acontece porque o útero está contraindo e fechando os vasos onde ficavam a placenta”.
A quantidade de sangue da liquefação é parecida com uma menstruação, é mais forte nos três primeiros dias após o parto e pode se estender até 40 dias, variando de intensidade e coloração.
A ginecologista Carolina alerta que "depois que as mulheres ganham o bebê, elas passam a ser produtoras de leite, onde a prolactina (hormônio) vai estar mais alta para poder gerar esse leite. Logo, a mãe não vai ter a menstruação. Por isso as pacientes apresentam o sangramento do parto, mas depois elas entram em amenorreia fisiológica, ou seja, enquanto elas estiverem amamentando de forma exclusiva, não menstruam”.
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Baby Blues e depressão pós-parto
O baby blues é caracterizado pelo estado melancólico da mulher após o nascimento do filho e dura aproximadamente uma semana. Geralmente, o quadro aparece devido a uma série de questionamentos e incertezas da mulher sobre a maternidade, como “será que vou dar conta de tudo?” e também devido às alterações hormonais. Por esse motivo, todas estão sujeitas ao quadro e Carolina Curci indica que o aporte psicológico comece ainda no pré-natal.
A depressão pós-parto é um estado mais grave que o baby blues, portanto pode ser identificada caso a mãe se sinta desmotivada com a vida e tenha menos interação com o recém-nascido. Para superar esses problemas, a ajuda profissional e da família é indispensável.
Amamentação
A amamentação, por ser muito aguardada pelas mães, pode gerar dúvidas e ansiedade. Mas as especialistas explicam que não é preciso se preparar, ferir o mamilo, estimular o seio com buchas ou algo do tipo. Basta ler sobre pega correta e posicionamento do bebê, e conversar com o seu médico caso surja alguma insegurança, afinal, esse momento também é de aprendizado.
O leite sofre alterações durante a amamentação, como esclarece Carolina: “No início ele é o colostro, muito rico em imunoglobulina (IgA), o bebê mama mais e a digestão é mais facilitada. Depois, quando ocorrer a apojadura do leite, que é a descida, vai ter um outro tipo de leite, o materno”.
Outro ponto importante é lembrar que não existe leite fraco. O aleitamento materno é o alimento mais completo para o bebê e por isso, os órgãos de saúde recomendam que ele seja o único alimento da criança até os seis meses de idade.
Porém, caso a mulher note que não está produzindo leite para amamentar, a conversa com o médico é a melhor opção para decidir a alimentação do bebê. Não é preciso se preocupar caso o bebê precise de fórmulas infantis, elas são seguras e garantem a nutrição do recém-nascido.
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Saúde mental e afetividade
Cuidar da saúde mental, se acolher e estar mais perto da pessoa companheira também é importante após o nascimento do bebê. Portanto, se estiver cansada, tente pedir ajuda, procure ter momentos prazerosos com você mesma e com quem está te acompanhando nesta jornada.
As profissionais alertam ainda que o bebê e a mãe devem, se possível, estar amparados pela pessoa que criará essa criança junto com a mãe desde a descoberta da gestação. A ajuda dos familiares e da rede de apoio também são essenciais uma vez que as novidades e transformações podem ser intensas para ambos.