Ginecologista e Obstetra – Alto conhecimento em Endometriose e Vídeo-endoscopia Ginecológica (Histeroscopia e Laparoscop...
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Anitta revelou em seu perfil no Twitter, nesta sexta-feira (8), que foi diagnosticada com endometriose e passará por cirurgia para tratar a doença. A cantora conta que recebeu o diagnóstico da doença ao acompanhar o pai durante uma estada no hospital para tratar um câncer no pulmão, em junho.
Em seu relato, a artista disse que, quando visitou seu pai, estava com muita dor devido a uma cistite de repetição (uma inflamação na bexiga), condição que sofria há nove anos. Após passar por uma ressonância magnética, descobriu que se tratava de endometriose.
“Eu já tentei de tudo o que todos os tipos de médicos já falaram. Todas as dicas, conselhos, técnicas que os médicos deram ou do Google também já tentei”, contou. “Porém, nunca me pediram uma ressonância. Nenhuma matéria, artigo, site etc. cogita a cistite de repetição como um possível sintoma de endometriose", desabafou a cantora.
O que é endometriose?
A endometriose é uma doença na qual o endométrio, tecido que reveste a parede interna do útero, cresce fora da cavidade uterina, normalmente na região pélvica, nos ovários, no intestino, no reto, na bexiga e na pélvis.
A doença acomete uma a cada dez mulheres no Brasil, tendo atingido mais de 26 mil brasileiras em 2021, segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS). A incidência é maior entre mulheres de 25 a 35 anos, mas ela pode ter início nos primeiros meses após a primeira menstruação.
Entre os sintomas da endometriose, estão:
- Dismenorreia (cólicas no período menstrual);
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Dor abaixo do abdome ou cólicas fora do período menstrual;
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Dores nas relações sexuais com penetração;
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Dores ao urinar e evacuar;
- Infertilidade;
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Fadiga;
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Diarreia, especialmente no período menstrual.
Alguns casos, como o de Anitta, podem levar à cistite de repetição, uma inflamação na região da bexiga que causa frequente vontade de urinar, sensação de queimação ao ir ao banheiro, desconforto na região pélvica, sensação de pressão no abdome inferior, entre outros sintomas.
Saiba mais: Cistite: o que é, causas, sintomas e tratamento
A endometriose pode ser classificada em três tipos: leve, moderada ou grave. A diferença é, normalmente, identificada antes da cirurgia e confirmada durante exames de imagem, como a ultrassonografia e ressonância magnética.
Existe, ainda, a endometriose profunda, que é quando os focos da doença infiltram-se na parede do útero ou de outros órgãos por mais de cinco milímetros, além da endometriose superficial, no ovário, pulmonar e endometriose de parede abdominal.
Quando é necessário realizar cirurgia?
A cirurgia para endometriose é indicada quando a paciente não responde bem aos tratamentos clínicos anteriores - como uso de anticoncepcionais, por exemplo - ou quando sua qualidade de vida é prejudicada pela intensidade dos sintomas.
“Quando a mulher tem a qualidade de vida bastante alterada, com muita dor e incapacidade, e o tratamento clínico não trouxe resultados, nós indicamos o tratamento cirúrgico”, explica Marcos Tcherniakovsky, diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE).
Outro caso é quando a própria paciente não opta por fazer tratamento com o uso de medicamentos hormonais. “Quem leva a paciente para o centro cirúrgico é ela mesma, ela que escolhe se fará cirurgia ou não. Nós apenas fazemos a indicação”, reitera o especialista.
Quando a endometriose já está bastante avançada e corre o risco de atingir outros órgãos, ou já atingiu, a cirurgia também é necessária. Além disso, em situações em que a endometriose pode causar infertilidade, o procedimento também é recomendado. “Através da cirurgia, é possível inverter esse cenário e aumentar a taxa de fertilidade da paciente, caso ela queira ter filhos”, acrescenta Marcos.
Quais são os procedimentos e como eles funcionam?
Ao optar pela cirurgia para tratar endometriose, existem três procedimentos que podem ser feitos. Um deles é a laparoscopia, que consiste na remoção dos pontos onde a endometriose está localizada ou dos cistos de endometriose. Ela pode ser feita por vídeo, uma técnica menos invasiva, ou da forma convencional, em que o cirurgião faz uma pequena abertura na região do abdome.
Outra opção é a cirurgia robótica, que também consiste em uma laparoscopia, mas é ainda menos invasiva. “Essa é uma cirurgia em que a maioria das pacientes vai embora no dia seguinte do procedimento, com uma rápida e tranquila recuperação”, afirma Marcos.
Por fim, há, ainda, casos em que a histerectomia, retirada do útero, trompas e dos ovários, pode ser realizada. Esse procedimento fica restrito aos casos que não responderam bem aos tratamentos anteriores.