Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1989), mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) pela Univ...
iRedatora especialista na cobertura de conteúdos sobre saúde, bem-estar, maternidade, alimentação e fitness.
A endometriose é uma doença caracterizada pela formação do endométrio, tecido que reveste a parede interna do útero, fora da cavidade uterina. A condição afeta 10% das mulheres no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, e é a principal causa de infertilidade entre o público feminino.
Isso acontece porque as tubas uterinas podem ser fechadas ou entupidas pela formação do tecido endometrial, impedindo o encontro entre o óvulo e o espermatozoide. Além disso, as tubas uterinas também podem ficar afastadas dos ovários devido à endometriose, inviabilizando a captação dos óvulos.
A presença eventual de endometrioma de ovário, um cisto de endometriose que se forma no interior do ovário, é outro fator complicador. Isso porque ele libera toxinas que dificultam o processo de ovulação.
Leia mais: 7 principais sintomas de endometriose e como aliviá-los
Porém, segundo o ginecologista e obstetra Marco Aurélio Pinho de Oliveira, quem tem endometriose pode engravidar. O especialista, em parceria com o MinhaVida, explica como é possível engravidar mesmo com o diagnóstico de endometriose. Confira!
Tratamentos para endometriose e fertilidade
A possibilidade de engravidar vai depender de cada caso. Afinal, a infertilidade não afeta todas as pacientes com endometriose. “No casos menos graves, a mulher pode tentar engravidar sem qualquer auxílio por um período de 6 meses e 1 ano”, afirma o ginecologista. Caso isso não seja possível, existem ainda duas opções de tratamento.
- Operação para retirada dos focos: um dos tratamentos para endometriose mais indicados para mulheres mais jovens, especialmente aquelas com menos de 35 anos
- Técnicas de reprodução assistida: normalmente indicadas para mulheres com mais de 35 anos
“Evidentemente, o médico orientará a paciente sobre a melhor escolha, de acordo com as características do quadro”, afirma Marco Aurélio.
Saiba mais sobre cada um dos procedimentos e suas chances de sucesso para gravidez a seguir:
Cirurgia para endometriose e gravidez
Segundo o especialista, as chances de gravidez natural após a cirurgia da endometriose são muito boas. “De acordo com estudos internacionais, se for realizada por um profissional experiente, a taxa [de sucesso] chega a 60%; nos casos de endometriose profunda - como a intestinal extensa -, que demanda a retirada da parte do órgão, a 50%”, afirma.
Esse procedimento visa a remoção de todos os focos visíveis da endometriose e pode ser feito de duas formas: pela laparoscopia ou pela cirurgia robótica. Há, ainda, uma terceira opção, recomendada caso nenhuma das anteriores esteja disponível, que é a operação de barriga aberta, mais tradicional.
Porém, o ginecologista ressalta que as taxas de sucesso citadas anteriormente se referem à laparoscopia ou ao procedimento robótico, que são minimamente invasivos. “A cirurgia tradicional, de barriga aberta, apresenta resultados inferiores, provavelmente em função do maior grau de aderências (tecidos cicatriciais que se formam entre os órgãos abdominais) geradas pela operação”, afirma Marco Aurélio.
Quando recorrer à reprodução assistida?
Ainda de acordo com o ginecologista, a fertilização in vitro (FIV) é a melhor opção para reprodução assistida para quem tem endometriose. Nessa técnica, o óvulo é fecundado em laboratório e inserido na cavidade uterina.
“A FIV é especialmente indicada em casos em que há o comprometimento das tubas uterinas, mas também pode ser feita por pacientes com quadros leves que não conseguiram engravidar naturalmente”, explica Marco Aurélio.
Saiba mais: Remédio para endometriose: 3 opções para o tratamento
O especialista esclarece que as mulheres que apresentam endometrioma de ovário são estimuladas a congelar os óvulos antes de uma eventual cirurgia. “Pode ser útil caso ela não consiga engravidar naturalmente após o procedimento”, afirma.
É importante destacar que a saúde do parceiro também deve ser verificada. “Isso porque a dificuldade pode estar ligada à baixa qualidade do sêmen, caso o parceiro tenha problemas de infertilidade”, completa o ginecologista.
Engravidei, e agora?
A gravidez em pacientes com endometriose não costuma apresentar riscos adicionais, segundo Marco Aurélio. “Inclusive, a produção de progesterona, o hormônio da gravidez, dificulta o crescimento dos focos”, explica o médico.
Além disso, quem tem endometriose profunda pode engravidar, mas o obstetra deve ter um cuidado maior. “Apesar do crescimento [dos focos de endometriose] ser pouco provável durante a gravidez, existem casos de complicações durante a gestação”, diz o médico.
“Há estudos que indicam uma possibilidade um pouco maior de aborto, mas os resultados ainda não são contundentes. Malformações uterinas, que não têm qualquer relação com a endometriose, como o chamado útero duplo, são causas muito mais frequentes de abortamento”, acrescenta.
Quanto à saúde do bebê, sem preocupações: as chances de problemas genéticos ou malformações são as mesmas das observadas em mulheres sem endometriose.