Mestre e doutor pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), Daniel Lerario ainda é especialista em Endocrinologia pela S...
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iEngolir espinhas de peixe é uma situação relativamente comum e que tende a ser ainda mais frequente em alguns períodos do ano, como Páscoa e Natal — especialmente devido à tradição de se comer pratos feitos com bacalhau, sardinha e outros peixes.
Embora nem sempre representem um verdadeiro risco à saúde, esses casos podem, eventualmente, trazer complicações e exigir atendimento médico. Isso porque as espinhas de peixe possuem extremidades afiadas ou formatos irregulares, o que aumenta as chances de ficarem presas na garganta.
“A ingestão acidental de espinhas de peixe é uma ocorrência muito comum. As espinhas de peixe são habitualmente pequenas e podem passar facilmente despercebidas durante o preparo do alimento ou durante a mastigação”, afirma o endocrinologista Daniel Lerario.
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Segundo o médico, de modo geral, não há razão para pânico se você ingeriu uma espinha de peixe e está se sentindo bem. Se a espinha passou bem pela garganta, o mais provável é que siga pelo intestino e seja eliminada do organismo pelo processo digestivo natural.
E se a espinha de peixe ficar presa na garganta?
Entretanto, se você sentir qualquer desconforto na garganta após comer peixe, como a sensação de um caroço, isso pode indicar que a espinha de peixe ficou aderida à região e algumas medidas podem ser tomadas para resolver a situação.
Para começar, é importante evitar manipular a garganta com os dedos ou com outros utensílios, principalmente se a espinha de peixe não estiver visível. Isso pode machucar a parede da garganta, causando ainda mais desconforto e aumentando o risco de infecção.
“As manobras para desengasgar também não costumam ser eficazes nestes casos, porque a espinha afiada pode estar ‘espetada’ na garganta. Mas algumas medidas simples podem ajudar a remover essa espinha presa”, explica o especialista. Elas são:
- Tossir de modo forçado
- Fazer gargarejo com água e sal
- Ingerir biscoitos secos, do tipo crackers
- Comer uma banana ou um pedaço de pão molhado em leite
- Tomar um pouco de azeite de oliva
No caso de insucesso da remoção da espinha de peixe com as medidas acima listadas, é recomendado procurar ajuda médica. “O médico pode fazer a remoção utilizando pinças especiais. Em casos mais complicados, pode ser necessária a realização de uma endoscopia pelo nariz sob sedação, para que a espinha seja retirada de forma segura”, complementa Daniel.
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Pedro Cavalcante, especialista em pediatria pelo Instituto da Criança da USP e médico de família, acrescenta ainda que, no caso de a espinha ser engolida por crianças, a situação pode ser um pouco mais complicada pela dificuldade que elas podem ter de lidar com a situação.
“Há risco de lesões mais graves, que levam a infecções e a um risco de asfixia, ou seja, dificuldade de respirar, ou até risco de parar de respirar, principalmente pela ansiedade que gera na maioria das crianças devido à dor e ao susto. Então, acalme a criança, não demonstre desespero e procure atendimento médico", completa.
Espinha de peixe pode causar danos ao sistema digestório?
Ao ser ingerida e passar normalmente pela garganta, o mais habitual é que a espinha de peixe siga pelo tubo digestivo até ser eliminada nas fezes. No entanto, de acordo com o médico, existe o risco de causar perfuração ao longo do sistema digestório (esôfago, estômago ou intestinos).
“Felizmente, isso é algo raro. Nestes casos, a pessoa sentirá dores intensas e requererá tratamento hospitalar”, esclarece o médico.
Segundo ele, raramente a espinha aderida na parte interna da via digestiva pode provocar um processo infeccioso, denominado abscesso, o que requererá tratamento médico especializado. “Em caso de dor ou de desconforto abdominal, enjoo, mal-estar e febre, é importante procurar um serviço de urgência para avaliação”, indica.
Como evitar engolir espinhas de peixe?
Para evitar ou reduzir as chances de engolir uma espinha de peixe, o ideal é consumir espécies que têm poucas espinhas — ou que sejam mais fáceis de serem retiradas.
Em qualquer situação, porém, é preciso prestar atenção para separá-las antes de comer. Além disso, é muito importante também mastigar bem antes de engolir, prestando atenção e sentindo o alimento.
Segundo a nutricionista Claudia Mendonça, pessoas idosas ou crianças devem preferir peixes cartilaginosos, que não possuem espinhas, como o cação. Peixes como a pescada, a tilápia e o linguado também são boas opções com pouca espinha, de acordo com a especialista.
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“Peixes muito pequenos, como a sardinha, têm os ossos muito finos. Se estiverem bem cozidos, os ossos ficam quebradiços, podendo ser facilmente mastigados e triturados pelos dentes. A sardinha, em especial, é um peixe bastante nutritivo e uma excelente fonte de cálcio devido aos seus ossos extremamente finos”, complementa Claudia.
Outras dicas importantes que podem evitar acidentes na hora de comer peixes com espinhas são:
- Evite comer o peixe junto com outros alimentos na mesma garfada; é melhor comer o peixe separadamente
- Coma sem pressa e, de preferência, sem distrações, evitando o uso de celulares, tablets ou televisão
- Remova todas as espinhas visíveis antes de colocar o peixe na boca