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Estudantes gaúchas do ensino médio desenvolveram um absorvente biodegradável que custa apenas R$ 0,02 e vão representar o Brasil na final do “Prêmio Jovem da Água de Estocolmo” (Stockholm Junior Water Prize - SJWP), em Estocolmo, na Suécia. O evento acontecerá no dia 26 de agosto e reunirá milhares de jovens inovadores entre 15 e 20 anos de mais de 30 países.
O projeto de pesquisa, chamado “SustainPads: Absorventes Sustentáveis e acessíveis a partir de subprodutos industriais”, foi desenvolvido pelas estudantes Camily Pereira dos Santos e Laura Nedel Drebes, do ensino médio integrado, e recebeu a orientação da professora Flávia Twardowski.
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O estudo foi realizado no Campus Osório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS). O absorvente biodegradável é feito com fibras da palmeira juçara e do pseudocaule da bananeira (parte da árvore que é retirada após a colheita dos cachos de banana).
Além disso, ele conta com um biofilme com resíduos da indústria nutracêutica (substância considerada alimento que pode ter benefícios médicos). Com esses materiais, foi possível desenvolver uma alternativa mais barata e ambientalmente sustentável para a confecção de absorventes higiênicos.
Como surgiu a ideia e como foi desenvolvida
O objetivo ao criar o absorvente mais sustentável e barato em comparação com os absorventes convencionais, feitos de algodão e plástico, é contribuir para reduzir a pobreza menstrual. Esse é o termo usado para denominar o problema da falta de acesso a produtos adequados e ao saneamento básico para o cuidado com a higiene menstrual.
A ideia surgiu quando uma das alunas, Camily, descobriu que sua mãe não teve acesso aos absorventes convencionais na adolescência. “Jamais imaginaria que a questão estivesse tão próxima de mim. Assim foi se formando a ideia da pesquisa. Comecei a me questionar se poderia haver um absorvente feminino que, além de ecológico, fosse acessível às mulheres em situação de vulnerabilidade”, contou a jovem ao portal Universa, em março.
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Laura já vinha pesquisando o aproveitamento de resíduos industriais para a elaboração de filmes plásticos biodegradáveis e se juntou à equipe. O projeto, então, consistia em confeccionar um produto formado por diferentes camadas com substitutos ao algodão e ao plástico. As fibras vegetais foram as escolhidas.
Por último, o tecido que reveste o absorvente foi disponibilizado por costureiras da região onde as estudantes moram, após testar mais de 13 tipos de panos diferentes, conforme o relato das estudantes. O valor baixo para o item foi possível graças ao uso de materiais que seriam descartados pela indústria.
Sobre o Prêmio
O Prêmio Jovem da Água acontece em duas etapas: uma nacional, realizada em cada um dos países participantes, e outra internacional. A primeira aconteceu nos dias 5 e 6 de junho de 2022 no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, integrada à Conferência Internacional Rio 2030.
Camily e Laura são as únicas representantes do Rio Grande do Sul e também de Institutos Federais. “Fico feliz em dizer agora que a importância desse projeto vai além da questão social: também envolve a pauta do impacto ambiental de absorventes sintéticos, proporcionando uma alternativa mais acessível e ecológica por meio da utilização de subprodutos industriais aqui da nossa região”, complementa Camily em entrevista realizada ao portal do IFRS.
“O sentimento de orgulho em poder levar a ciência jovem feminina brasileira é espetacular”, adiciona Laura.