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Cientistas franceses confirmaram o primeiro caso de varíola dos macacos em um cachorro. O relato foi publicado por pesquisadores da Universidade de Sorbonne, em Paris, no periódico científico The Lancet, no dia 10 de agosto, e tem gerado preocupação em autoridades de saúde pública, que têm atualizado suas recomendações sobre a doença.
O caso inédito aconteceu em Paris, na França, com um animal de estimação de um casal infectado com o monkeypox no início de junho. Após 12 dias do início dos sintomas nos humanos, o cachorro, um galgo italiano de quatro anos, também começou a apresentar sinais da doença.
O cão desenvolveu lesões típicas da varíola dos macacos em sua pele e mucosas, tendo testado positivo para o mesmo tipo de vírus dos donos. De acordo com o relatório da The Lancet, o pet dormia na mesma cama que o casal, que tomou cuidado de isolar o cão de outros animais e humanos desde o início dos sintomas.
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Ainda não está claro se o caminho inverso — a transmissão de cachorros para humanos — pode acontecer. Porém, para os cientistas, isso é algo que deve ser estudado a fundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) enxerga que a informação “é nova, mas não surpreende”.
"Esse é o primeiro incidente do tipo e ainda estamos aprendendo sobre a transmissão desse vírus de humanos para animais", afirmou Rosamund Lewis, médica e líder técnica sobre monkeypox da OMS ao jornal The Washington Post.
Varíola dos macacos em animais: o que já se sabe?
Com o caso inédito, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos incluiu cachorros entre as espécies que podem ser infectadas pelo vírus monkeypox. Portanto, passou a orientar que as pessoas diagnosticadas com a doença limitem o contato com os pets até a completa recuperação do quadro.
Além de humanos e cachorros, de acordo com o CDC, a varíola dos macacos pode afetar as seguintes espécies:
- Cães-da-pradaria;
- Esquilos;
- Marmotas;
- Chinchilas;
- Ratos de bolsa de Emin;
- Porcos-espinhos;
- Musaranhos;
- Primatas não humanos.
A entidade afirma, ainda, que coelhos, camundongos e ratos podem, provavelmente, ser infectados e alerta que ainda é desconhecida a possibilidade de infecção em outras espécies, como: porquinhos-da-índia, hamsters, gatos, vacas, camelos, ovelhas, porcos e raposas.
Cuidados necessários com os pets
Ainda segundo o CDC, a transmissão do vírus monkeypox em animais de estimação pode acontecer por meio do contato próximo, incluindo carícias, abraços, beijos, lambida e através do compartilhamento de comida, água e cama.
Portanto, pessoas contaminadas com varíola dos macacos devem evitar o contato com animais para evitar a propagação do vírus. A entidade ainda reitera que o animal não deve ser limpo ou banhado com desinfetantes químicos, álcool, lenços de limpeza e outros produtos industriais.
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Caso a pessoa não tenha tido contato próximo com o pet após o início dos sintomas, a recomendação é que um familiar ou amigo cuide do animal de estimação em outra casa até a completa recuperação. Já quem teve contato próximo com o bichinho deve isolá-lo de outros animais e pessoas por 21 dias.
Para pessoas que moram sozinhas, a recomendação é lavar sempre as mãos com água e sabão e utilizar álcool para esterilizá-las antes e depois do contato com o pet. Para as que moram com outra pessoa, se ela não estiver contaminada, é preferível pedir ajuda para cuidar do animal.