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Além dos sintomas mais comuns, manifestações oculares, como a conjuntivite, podem estar associadas à varíola dos macacos. Na semana passada, o H.Olhos, hospital referência em oftalmologia da capital de São Paulo, registrou o primeiro caso de monkeypox confirmado a partir de exames de coleta ocular. As informações são do Estadão.
Quatro dias após o surgimento de sintomas como lesões na pele, mialgia e dor de cabeça, um profissional de saúde de 30 anos começou a apresentar irritação ocular e lacrimejamento. Enquanto aguardava o resultado do teste de varíola dos macacos RT-PCR, o paciente decidiu procurar atendimento oftalmológico.
Com isso, o homem foi encaminhado para coleta de material microbiológico dos olhos. O exame oftalmológico confirmou a infecção por monkeypox, assim como o RT-PCR. O paciente, então, passou por acompanhamento em ambulatório de oftalmologia e utilizou compressa local, colírio antibiótico e lubrificante ocular.
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O caso serve de alerta para que os oftalmologistas passem a incorporar a varíola dos macacos como parte do diagnóstico diferencial quando pacientes apresentarem sintomas oftalmológicos, como conjuntivite, blefarite, ceratite ou lesões na córnea.
“Existem várias manifestações oculares que podem estar atreladas à varíola dos macacos. Em muitas ocasiões, as manifestações oculares são até mesmo mais frequentes que outras manifestações”, afirma Pedro Antônio Nogueira Filho, chefe do Pronto-Socorro do H.Olhos ao Estadão.
“Essas manifestações em si podem variar de quadros atrelados à dor de cabeça na região frontal, à vermelhidão da região das pálpebras, a quadros inflamatórios palpebrais, à própria conjuntivite, seguida de ulcerações nas córneas e à dificuldade para olhar para a luz, entre outras lesões da córnea, além de baixa visual. Uma gama de situações que podem estar presentes dentro da condição da monkeypox”, acrescenta o profissional.
Novos sintomas de varíola dos macacos
Essa não é a primeira vez que um sintoma “inusitado” foi associado à varíola dos macacos. Os sinais dos casos recentes da doença, que tem infectado mais de 50 mil pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estão diferentes dos que são registrados em países da África, onde a doença já era endêmica desde os anos 1970.
Antigamente, as manifestações mais recorrentes eram febre, mal-estar, inchaço dos gânglios, dor de cabeça, sudorese e lesões na pele, principalmente no rosto, na palma das mãos e na sola dos pés. Atualmente, os médicos e cientistas do mundo estão notando que muitos pacientes apresentam poucas lesões, que estão localizadas, principalmente, em mucosas, como genitais e o ânus.
Além disso, os aspectos físicos dessas lesões são semelhantes a espinhas ou a herpes, podendo atrasar o diagnóstico por se confundirem com outras doenças ou condições.
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Essa mudança no padrão da doença chegou a ser tema de estudo publicado no periódico British Medical Journal. No trabalho, cientistas acompanharam 197 pacientes que testaram positivo para o vírus na cidade de Londres, no Reino Unido.
A pesquisa descobriu que todos os participantes apresentaram lesões na pele ou na mucosa, como na boca ou ânus. Em 56% dos pacientes, as feridas surgiram nos genitais, enquanto 41% apresentaram lesões no ânus. Além disso, 61% dos participantes apresentaram febre, 57%, inchaço nos gânglios linfáticos, 31%, dor muscular e apenas 13% apresentaram lesões sem sentirem febre ou outros sintomas.