Médica, Psiquiatra com Especialização em Nova York / Columbia University /New York State Psychiatric Institute e duas pó...
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Falar mais de uma língua vem se tornando cada vez mais comum e esperado. Numa era repleta de plataformas on-line, não é raro encontrar adultos que buscam formas rápidas e gratuitas de conquistar a fluência em um novo idioma.
Porém, em alguns casos, esse aprendizado se inicia na infância. Seja através de uma escola bilíngue ou por pais de nacionalidades diferentes, muitas crianças crescem cercadas por mais de um idioma.
Há quem ache que esse fator pode causar confusão no cérebro dos pequenos, enquanto outros acreditam que aprender mais de uma língua é importante para o desenvolvimento infantil. Mas, afinal, qual é a resposta correta para isso?
Benefícios de se criar crianças bilíngues
De acordo com Jessica Martani, médica psiquiatra, estar em contato com uma nova língua exercita várias regiões do cérebro. Ao aprender mais de um idioma, a mente cria conexões que acionam diferentes estímulos, como:
- Memória;
- Tomada de decisões;
- Habilidades para multitarefas;
- Resolução de problemas.
Além do ensino em escolas, há famílias que introduzem dois idiomas desde o nascimento do bebê. Ainda segundo a especialista, essa prática não traz prejuízos para o aprendizado da criança - na verdade, faz com que ela domine a pronúncia com maestria.
“A criança, ao ser exposta a duas línguas, será capaz de fazer uma boa distinção fonética de novos sons, podendo adquirir uma pronúncia perfeita. Por estar ouvindo duas línguas ao mesmo tempo, é normal que no início haja confusão e que os vocabulários se misturem. Então, os pais devem ter paciência com o ritmo de aprendizagem”, conta.
Com qual idade a criança deve aprender uma nova língua?
No geral, pessoas com qualquer idade podem aprender algo novo, desde que haja motivação e determinação para isso. Porém, é comum que crianças tenham uma maior facilidade para absorver novas informações.
“A criança, quando no início de seu desenvolvimento cognitivo, tem uma estrutura cerebral mais aberta e menos rígida - são estruturas neurais mais flexíveis e abertas ao novo. Então, elas têm uma capacidade expandida do ponto de vista fonológico, costumam assimilar melhor os novos sons e segmentá-los, sendo mais fácil de reproduzir fonemas”, explica Jessica.
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Já em adultos, essas estruturas são enraizadas e fixas na língua materna - o que causa maior dificuldade de assimilação de sons novos e diferentes do habitual.
“Quanto mais cedo o contato com a língua, melhor. Até os quatro anos, há maior assimilação de novos fonemas e propensão a sotaque perfeito. A partir dos cinco até os dez anos, é um bom período para a formação de uma base no novo idioma. Já a partir dos 11, a criança tem menor habilidade de distinção de fonemas, devido ao enraizamento da língua materna”, finaliza a especialista.