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A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma lista de patógenos fúngicos que representam uma ameaça à saúde humana. Segundo a entidade, os organismos estão cada vez mais resistentes aos tratamentos e sua presença em pacientes está mais comum. Ao todo, são 19 fungos divididos em três classes, de acordo com o risco: médio, alto e crítico.
No topo da lista de prioridade crítica, o órgão destacou quatro fungos que devem ser estudados, sendo eles:
- Aspergillus fumigatus: produzem esporos que se espalham pelo ar e podem ameaçar a saúde pulmonar de pacientes que já possuem o sistema imunológico comprometido;
- Candida albicans: é um fungo presente naturalmente no organismo e pode ser encontrada em várias áreas do corpo, sendo mais frequente na mucosa vaginal das mulheres. É o principal responsável pela candidíase e pode causar infecções em pessoas imunossupressoras, além de doenças semelhantes à asma, fibrose pulmonar ou um tumor não canceroso;
- Cryptococcus neoformans: esse tipo de fungo pode causar infecções cerebrais mortais. É uma das principais causas de doença em pacientes com HIV e AIDS e mata pelo menos 180 mil pessoas anualmente no mundo;
- Candida auris: conhecida como “superfungo”, cresce em levedura e pode levar a infecções graves e mortais. Sua taxa de mortalidade pode chegar a 60%; é mais comum de se espalhar em ambientes de saúde, além de ser altamente resistente a medicamentos. Durante a pandemia da COVID-19, a Anvisa confirmou 18 casos da infecção em pacientes internados com a doença.
É importante destacar que as infecções fúngicas são responsáveis por cerca de 1,7 milhão de mortes e mais de 150 milhões de internações graves em todo mundo anualmente. Normalmente, eles acometem pessoas já gravemente doentes, como pacientes com câncer ou tuberculose.
Fungos listados apresentam alta resistência a tratamentos
A OMS possui listas semelhantes de vírus e bactérias que servem como guias para determinar quais estudos devem ser priorizados. Todavia, o órgão aponta que as infecções por fungos e sua resistência aos tratamentos são um risco à saúde devido à falta de foco e de vigilância no decorrer dos anos.
Além disso, com a pandemia e o aumento no número de pessoas se internando em hospitais, local onde essas patologias mais se espalham, os fungos podem ser fatais para pessoas já comprometidas.
“Os países são incentivados a seguir uma abordagem gradual, começando com o fortalecimento de suas capacidades laboratoriais e de vigilância de doenças fúngicas, e garantindo acesso equitativo a terapias e diagnósticos de qualidade existentes globalmente”, afirmou Haileyesus Getahun, diretor da OMS do Departamento de Coordenação Global da resistência antimicrobiana (AMR).
A entidade também lembrou que o ambiente aquecido, consequência do aquecimento global, favorece a proliferação e a adaptação de fungos — tornando-os mais aptos a infectar pessoas, além da alta possibilidade de surgimento de novas variantes.
Finalizando a lista, a OMS classificou os seguintes fungos como de alta prioridade:
- Histoplasma
- Eumicetoma
- Mucorais
- Fusarium spp
- Candida tropicalis
- Nakaseomyces
- Candida parapsilose.
Já como prioridade média, estão os fungos:
- Scedosporium
- Lomentospora prolificans
- Coccidioides
- Pichia kudriavzeveii
- Cryptococcus gattii
- Talaromyces marneffei
- Pneumocystis jirovecii
- Paracoccidioides.
Como prevenir as infecções por fungos?
Geralmente, os fungos convivem de forma harmoniosa com o corpo, mas podem causar doenças quando conseguem driblar as barreiras de proteção do organismo — o que acontece especialmente quando o sistema imunológico está debilitado.
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No caso desses fungos, é importante a adoção de hábitos saudáveis para evitar que o sistema imune seja prejudicado a partir de uma alimentação adequada, prática de exercícios e boa qualidade do sono.
Pessoas que possuem doenças preexistentes, como diabetes e HIV, devem manter o tratamento com um especialista para manter as células de defesa funcionando plenamente. Negligenciar os cuidados pode piorar o quadro, levando à piora da imunidade e, consequentemente, aumentando o risco de infecções fúngicas.
No caso de fungos encontrados no meio ambiente, a principal medida de prevenção e controle a ser tomada é evitar a exposição direta a esses organismos. Se não for possível, o Ministério da Saúde recomenda o uso de equipamentos de proteção individual, em especial, máscaras. No caso de contato com objetos ou locais contaminados, deve-se lavar as mãos com água e sabão.
Para profissionais da saúde, recomenda-se a lavagem das mãos antes de manejar os pacientes, especialmente aqueles em isolamento. Segundo orientações do órgão, deve haver o monitoramento constante da qualidade do ar e da água, a fim de reduzir o número de infecções no ambiente hospitalar.