Psicóloga e fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa d...
iRedatora especialista em bem-estar, família, beleza, diversidade e cuidados com a saúde do corpo.
Imaginar-se agindo fora da lei, incitando a violência ou em cenários sexuais incomuns - todas essas opções podem ser parte dos chamados “pensamentos intrusivos”. Por, na maioria das vezes, irem contra os valores pessoais e sociais, é comum que essas ideias causem confusão e desprezo.
Entretanto, de acordo com a psicóloga Monica Machado, todos estão sujeitos a esses pensamentos desagradáveis, que costumam ser violentos, obscenos ou sem sentido aparente.
“Essas intrusões acontecem com a maioria das pessoas e esse incômodo pode não ser significativo para muitos, podendo ser descartado com facilidade. Porém, podem causar grande incômodo em outras, não havendo explicação definida, mas sendo um sinal mais comum em pessoas com ansiedade ou estresse pós-traumático”.
Sinais de pensamentos intrusivos
Ainda segundo Monica, os pensamentos intrusivos podem ser definidos como ideias que aparecem de forma espontânea, interrompendo o fluxo normal da consciência e, algumas vezes, interferindo no dia a dia.
Ou seja, não há um padrão de como e quando esse pensamento irá surgir. Cada indivíduo se depara com uma imagem específica, que pode ou não ter relação com seus valores pessoais.
Para alguns, é possível que haja uma aparição brusca de ideias suicidas, como pular de algum lugar alto, mesmo que não exista essa intenção. Já em outros casos, os pensamentos intrusivos podem ter relação com a lei, em que a pessoa se imagina ultrapassando todos os semáforos fechados ou dirigindo na contramão.
Relação com a saúde mental
No geral, qualquer pessoa, com ou sem diagnóstico de uma condição mental, pode se deparar com algum tipo de pensamento intrusivo. Entretanto, alguns fatores, como a ansiedade intensa e pensamentos repetitivos podem desencadear fobias e, até mesmo, o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
Nesses quadros, Monica explica que o pensamento intrusivo se torna um dos sintomas do TOC, que tem como característica ideias e comportamentos compulsivos dos quais a pessoa não tem controle.
Como lidar com pensamentos intrusivos?
As ideias que surgem despretensiosamente tendem desaparecer da mesma forma, se tornando um momento passageiro que não traz prejuízos para o indivíduo. Logo, é preciso entender que os pensamentos intrusivos não definem a pessoa - eles vêm e vão sem que haja um controle.
Além da aceitação de que a imaginação não corrompe os valores pessoais, algumas técnicas, como a meditação, podem ajudar a amenizar os episódios, trazendo calma, foco e tranquilidade.
Quando esses pensamentos se tornam repetitivos ou a ideia de imaginar algo inconveniente causa um incômodo profundo, Monica conta que a busca por ajuda psicológica é essencial para que a pessoa consiga lidar melhor com o que esses pensamentos causam no dia a dia.
Diferenciar se o que está acontecendo são pensamentos obsessivos ou intrusivos ajuda no diagnóstico de transtornos mentais, levando o paciente a encontrar o tratamento ideal para cada quadro, que pode contar com terapia e uso de medicamentos.