Possui graduação em Odontologia pela Universidade de Santo Amaro (1997) e mestrado em Medicina (Ciências da Saúde) pelo...
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Quem está acompanhando a Copa do Mundo 2022 deve ter reparado que alguns jogadores estão aparecendo nas partidas usando uma máscara preta cobrindo a região dos olhos e do nariz. É o caso de Son Heung-min, da Coreia do Sul, e de Joško Gvardiol, da Croácia. Mas, afinal, para que serve essa máscara?
Ambos os jogadores sofreram fraturas na região do rosto antes do torneio mundial. O zagueiro da seleção croata, que também atua pelo RB Leipzig, fraturou o nariz durante uma partida na Bundesliga em novembro, quando trombou com um colega de time em campo.
“Tratou-se de uma lesão que não requereu cirurgia, mas que precisa ser protegida para não correr o risco de uma nova lesão. A máscara faz essa função de proteção”, explica o médico otorrinolaringologista Bruno Borges de Carvalho Barros, especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia.
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Já Son sofreu uma fratura no rosto após se chocar com o adversário do Olympique de Marselha, durante uma partida pelo Tottenham, na Liga dos Campeões, no início de novembro. “O jogador teve uma fratura de órbita, próxima do olho, e existe um tempo de cicatrização para a consolidação óssea. A máscara é utilizada como uma proteção”, afirma Fábio Augusto Cozzolino, especialista em cirurgia bucomaxilofacial do Hospital Albert Sabin.
Existem diferentes tipos de máscaras que podem ser usadas durante o período de tratamento e recuperação da fratura. De acordo com Fábio, há opções que protegem o nariz e a órbita, como as dos jogadores da seleção coreana e croata, mas também as que protegem mais a região lateral do rosto. “Vai depender do local em que ocorreu a fratura”, explica.
Fraturas no rosto são comuns no futebol
Essa não é uma novidade no mundo do futebol. Outros jogadores já apareceram usando a máscara antes da Copa do Mundo. Por exemplo, o goleiro do Vasco, Thiago Rodrigues, o zagueiro Cuesta e o lateral-direito Rafael, ambos do Botafogo, já usaram máscaras semelhantes durante jogos do campeonato brasileiro. Todos eles sofreram fraturas no rosto.
Não é para menos: a lesão é bem comum no futebol. “Principalmente, na região do nariz e na lateral do rosto”, explica Fábio. “Elas ocorrem, especialmente, em divisões de bola, em que, em uma tentativa de cabecear a bola, dois jogadores se chocam, acertando essa parte do rosto”, completa o cirurgião bucomaxilofacial.
Inclusive, durante a própria Copa do Mundo 2022, ainda na primeira rodada da fase de grupos, o lateral da Arábia Saudita, Yasser Al-Shahrani, levou uma joelhada no rosto na partida entre a seleção árabe e a argentina. O jogador fraturou a mandíbula e os ossos do lado esquerdo da face e precisou passar por cirurgia.
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Porém, não pense que esse é um perigo apenas dos futebolísticos: a fratura facial é uma complicação comum em acidentes de trânsito e agressões físicas. Além disso, também pode ocorrer em quem pratica lutas como jiu-jitsu e boxe.
Como é o tratamento e a recuperação das fraturas faciais?
“Normalmente, o tratamento é cirúrgico. Na maioria dos casos, é preciso fazer o reposicionamento da parte óssea e a fixação dela com placas e parafusos”, detalha Fábio. “O tempo de recuperação é o tempo de cicatrização óssea, o que dura em torno de dois meses”, completa.
Nesse período, o paciente deve evitar o contato e o apoio da região fraturada. Também é importante manter o repouso por uma semana, pelo menos. Além disso, caso a fratura atinja parte da arcada dentária, é preciso manter uma dieta leve ou pastosa de 15 a 30 dias.