Marlucy Lindsey Vieira, nutricionista na Unidade Básica de Saúde (UBS) Jd. Nakamura - administrada pelo CEJAM - Centro d...
iRedatora entusiasta de beleza e nutrição, autora de reportagens sobre alimentação, receitas saudáveis e cuidados pessoais.
iReaproveitar vasilhas de plástico para guardar comidas no freezer ou na geladeira é um hábito muito comum entre os brasileiros, principalmente quando se trata dos famigerados potes de sorvete — já que, ao comprar o produto, o recipiente com tampa vem de “bônus”.
Além de sustentável, essa prática simplifica (e muito!) a organização na cozinha, mas será que ela é mesmo segura? Para a nutricionista Marlucy Lindsey, reutilizar os potes de sorvete para armazenar alimentos pode significar, sim, uma ameaça à saúde.
“Esse fato se dá pela liberação de substâncias químicas nocivas que podem contaminar os alimentos conservados nesses vasilhames”, explica a especialista. E não são somente os potes de sorvete que oferecem esse risco.
De acordo com a profissional, os recipientes plásticos, de modo geral, não são os mais apropriados para guardar alimentos. Isso porque eles também favorecem o acúmulo de sujeira e restos de comida, o que pode ocasionar a proliferação de bactérias e outros microrganismos nocivos.
Quando nos referimos a essas substâncias prejudiciais presentes nos potes, estamos falando do bisfenol A, mais conhecido como BPA — que é um composto químico utilizado na produção de plásticos e resinas, encontrado em embalagens, copos, pratos e utensílios diversos.
Segundo a nutricionista, o BPA pode ser considerado um disruptor endócrino, ou seja, uma substância externa que age no organismo simulando um hormônio e alterando o funcionamento de algumas células. “Como consequência, podemos ter o aparecimento ou desenvolvimento de algumas células cancerígenas, especialmente na mama e na tireoide”, explica Marlucy.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a proibição do uso de BPA apenas em materiais plásticos destinados à alimentação de lactentes, em razão das incertezas quanto aos níveis seguros de exposição a essa substância, especialmente na primeira infância.
Porém, mesmo com a limitação da utilização do bisfenol A em mamadeiras e artigos similares, a entidade afirma que “não existem evidências de que o BPA, nos níveis autorizados, é prejudicial”. Ainda assim, a Anvisa argumenta que os estudos existentes “não foram adequadamente desenhados e, portanto, geraram a incerteza”.
Qual recipiente é ideal para guardar alimentos?
Diante dos possíveis riscos que o BPA pode oferecer à saúde, é importante buscar alternativas mais seguras na hora de armazenar alimentos em casa. Para isso, o nutricionista Fernando Kuosa recomenda a utilização de potes de vidro, especialmente do tipo hermético.
“Esses recipientes são antitóxicos, de fácil higienização e livre de substâncias nocivas à saúde. Eles podem ser lavados, fervidos e desinfetados”, afirma. Além disso, o nutricionista explica que os potes plásticos jamais devem ser levados ao micro-ondas.
Isso porque mesmo aqueles que são livres de BPA podem conter em sua composição outras substâncias nocivas, como o ftalatos, composto químico que deixa os plásticos maleáveis e que possuem potencial cancerígeno. O nutricionista aponta que, além de causar danos no fígado, rins e pulmão, a substância também pode causar anormalidade no sistema reprodutivo.
“Quanto mais tempo a comida ficar no pote plástico, maior será sua exposição a substâncias químicas que podem migrar para os alimentos”, reforça Fernando.
Para aqueles que não conseguem trocar os potes de plástico pelos de vidro, que são mais caros, o nutricionista aconselha a procura por vasilhas livres de BPA e que possam ir ao micro-ondas. Outra dica importante é, sempre que puder, aquecer os alimentos em pratos de vidro ou cerâmica.