É empresária/empreendedora do ramo da medicina. Formada em medicina e especializada em dermatologia. Escritora e autora...
iRedatora especialista em conteúdos sobre saúde, família e alimentação.
Com milhões de curtidas na rede social TikTok, a trend “perineum sunning” (sol no períneo, em português) voltou a se popularizar entre os usuários da plataforma. Assim como o nome sugere, a prática consiste em tomar sol nas partes íntimas. O alvo específico é o períneo, uma área situada entre o ânus e o saco escrotal nas pessoas que têm pênis ou entre o ânus e a vulva para quem tem vagina.
Em vídeos que circulam no TikTok, os praticantes relatam que poucos minutos de sol nas partes baixas oferecem ao corpo uma dose maior de Vitamina D, além de melhorarem a qualidade do sono e regularem os hormônios sexuais. Acredita-se que o hábito esteja relacionada a uma crença taoísta que diz que a região do períneo, o “Hui Yin”, é uma região de entrada e saída de energias.
A prática se popularizou pela primeira vez em 2019, quando a ativista holística e influenciadora Megan Whiston compartilhou uma foto nua em seu perfil no Instagram, com as pernas para cima, enquanto bronzeava a parte íntima.
“Nas últimas semanas, inclui bronzear meu bumbum na minha rotina diária. Muitos de vocês têm perguntado sobre os benefícios desta prática: 30 segundos de luz solar na bunda é o equivalente a um dia inteiro de sol com as suas roupas!”, escreveu Megan.
Quais os riscos de tomar sol no períneo?
De acordo com Carla Góes, médica cirurgiã e especialista em dermatologia, laser e rejuvenescimento, não existem evidências científicas que associam a exposição do períneo a esses benefícios. “A incidência dos raios nocivos, a depender do horário e do tempo de exposição solar, pode causar danos — principalmente na região do períneo”, aponta.
O maior risco relacionado à exposição solar do períneo é a queimadura solar. A região das partes íntimas é uma área da pele mais fina e extremamente sensível, que normalmente não fica exposta ao sol, o que aumenta as chances de queimaduras. Qualquer trauma no períneo, como irritações locais e desconforto, pode ser mais doloroso e de difícil cicatrização.
Além disso, a exposição em excesso aos raios UV pode aumentar o risco de câncer de pele independente da região. O melanoma, tipo mais agressivo de câncer na pele, pode se manifestar em qualquer área do corpo e possui alta possibilidade de se espalhar para tecidos e órgãos vizinhos.
Tomar sol no períneo ajuda na absorção de Vitamina D?
A Vitamina D desempenha um papel essencial no organismo e pode ser obtida de forma natural e até em quantidades elevadas pela exposição solar. Embora o sol não possua a vitamina, quando os raios solares entram em contato com a pele, eles desencadeiam reações que levam à sua produção no corpo.
Uma vez que a região do períneo possui pele, a exposição, em tese, poderia ajudar a aumentar a produção de Vitamina D pelo organismo. Porém, o período indicado para tomar sol (de 30 segundos) não é suficiente para a pele sintetizar a substância. Aliado a isso, Carla ressalta que também não existem estudos científicos que associam a exposição solar do períneo a uma maior quantidade de Vitamina D.
Quais os cuidados necessários ao tomar sol?
Independente do horário e do ambiente, o uso do protetor solar é indispensável para proteger a pele dos danos causados pelos raios solares e para diminuir o risco de queimaduras e de doenças cutâneas, como câncer de pele. O recomendado é aplicar o produto pelo menos 30 minutos antes da exposição e reaplicar a cada duas horas, priorizando o fator de proteção acima de 30.
Saiba mais: Protetor solar: como escolher o produto ideal?
Além disso, é preciso ficar longe do sol das 10 às 16 horas, pois é quando há maior incidência de raios ultravioleta. Durante esse período, busque ficar debaixo do guarda-sol ou da sombrinha, sempre consumindo bastante água e reforçando o uso do protetor solar.
“As pessoas também devem apostar no uso de proteções físicas, tais como chapéus com abas largas, bonés, óculos solar e roupas especiais que possuem proteção no tecido”, indicou o dermatologista Daniel Dziabas em entrevista prévia ao MinhaVida.