Médico Ortopedista e Coordenador da Ortopedia do Hospital Albert Sabin de SP.
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O ator Jeremy Renner, conhecido por interpretar o personagem Gavião Arqueiro em “Os Vingadores”, da Marvel, sofreu um grave acidente enquanto retirava neve perto de sua casa, em Nevada, nos Estados Unidos. Segundo seus representantes, o astro foi atropelado por uma máquina de neve, chamada snowcat, que esmagou suas pernas e causou um trauma torácico contuso.
De acordo com Rodrigo Luiz Vetorazzi, médico ortopedista e coordenador da Ortopedia do Hospital Albert Sabin, em São Paulo, o trauma torácico contuso é uma lesão que ocorre na caixa torácica, região composta pelas costelas. “Ele pode ocorrer devido a uma pancada durante uma prática esportiva, que é relativamente leve, mas geralmente está associado a acidentes de alto impacto, como um acidente de carro, uma lesão por arma de fogo ou arma branca ou queda de altura”, explica o especialista.
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Um trauma torácico é considerado contuso quando não há perfuração da caixa torácica. Se isso ocorrer, o trauma é caracterizado como um trauma aberto. Esse segundo caso está relacionado a atropelamentos por carros em alta velocidade ou por lesões causadas por arma de fogo ou arma branca, em que há perfuração do tórax.
Traumas torácicos são graves e podem levar à óbito
Segundo Rodrigo, o trauma torácico, na maioria das vezes, é uma lesão grave, que necessita de atendimento multidisciplinar. “É preciso fazer a avaliação desse trauma, porque no tórax estão localizados órgãos e estruturas muito importantes, como os pulmões, o coração, o esôfago, os grandes vasos, a aorta e a veia cava. Se houver lesão ali, o paciente pode ter consequências graves e, até mesmo, fatais”, afirma o ortopedista.
Entre as consequências possíveis de um trauma torácico estão o pneumotórax, caracterizado pelo vazamento de ar do pulmão para a caixa torácica, que impede o pulmão de expandir, e o hemotórax, que é o acúmulo de sangue entre o pulmão e a parede torácica.
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Há, ainda, o risco de tamponamento cardíaco. “Esse quadro é caracterizado por um sangramento dentro da cavidade cardíaca, que impede o coração de bater apropriadamente, pois não há espaço suficiente”, explica Rodrigo. Outras complicações decorrentes do trauma torácico são as múltiplas fraturas das costelas, dificultando a expansão dos arcos postais, que envolvem o pulmão, e trauma do osso esterno.
Como é feito o tratamento emergencial do trauma torácico?
O tratamento do trauma torácico pode variar de acordo com as consequências de cada lesão. “O primeiro passo a ser dado é o diagnóstico. É preciso fazer uma avaliação física para ver se há alteração de expansão de um dos lados do tórax, no caso de lesões abertas, é necessário investigar o ferimento, apalpar a costela para saber se vazou ar. Exames de imagem também podem ser feitos, como raio-x e tomografia”, esclarece o ortopedista.
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Em caso de pneumotórax, por exemplo, pode ser feita uma drenagem para retirar o ar da caixa torácica, permitindo que o pulmão se expanda novamente. Em casos mais graves, pode ser preciso entubar o paciente.
“Após o tratamento emergencial, o paciente precisa ter cuidados intensivos, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ele pode precisar ser entubado e ter ventilação assistida, tudo isso até que ele evolua para a melhora total do quadro”, adiciona Rodrigo. “Geralmente, quando se consegue estabilizar o paciente e fazer com que ele sobreviva dessa lesão, não há sequelas”, finaliza.