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O príncipe Harry revelou em seu livro de memórias, lançado no dia 10 de janeiro, que já sofreu de agorafobia, um tipo de transtorno de ansiedade que causa medo intenso em determinadas situações, como estar no meio de uma multidão. Na obra, o Duque de Sussex afirmou que “quase desmaiou” durante um discurso que “não pôde ser evitado ou cancelado”.
“Eu era agorafóbico, o que era quase impossível (de lidar) devido ao meu papel público”, escreveu Harry em seu livro, intitulado “O Que Sobra”. “O pânico geralmente começava quando eu vestia um terno logo pela manhã (...) Estranho - esse era o meu gatilho: o terno. Enquanto abotoava minha camisa, podia sentir minha pressão arterial subindo. Enquanto eu dava o nó na gravata, podia sentir minha garganta fechando. No momento em que eu estava vestindo a jaqueta, amarrando os sapatos elegantes, o suor escorria pelas minhas costas e bochechas”, descreve ele.
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Na obra, ele também revelou que, aos poucos, a ansiedade deixou de surgir apenas em aparições públicas e chegou, até mesmo, a parar de sair de casa. “Passei a temer, simplesmente, estar perto de outros seres humanos”, afirma Harry.
O que é agorafobia e quais são os sintomas do transtorno?
A agorafobia é um transtorno mental caracterizado por medo e ansiedade intensos diante de situações ou locais em que não há como escapar facilmente ou em que a ajuda pode não estar disponível. De acordo com o Manual MSD, cerca de 30% a 50% das pessoas com agorafobia desenvolvem, também, síndrome de pânico.
De acordo com a psicóloga Adriana de Araújo, que concedeu entrevista prévia ao MinhaVida, pessoas que sofrem do problema sentem necessidade de ter sempre uma companhia por perto. “Dessa forma, a pessoa tem uma sensação de segurança”, afirma.
Alguns exemplos de situações ou lugares que geram medo e ansiedade no transtorno de agorafobia são: filas longas, multidões como em shows ou transporte público lotado, viagens de avião e espaços abertos. Em resumo, a agorafobia é definida, principalmente, pelo “medo irracional de estar em lugares ou situações públicas das quais a fuga pode ser difícil”, segundo a Associação Americana de Psicologia.
Essa ansiedade pode levar a alguns sintomas semelhantes ao ataque de pânico, como:
- Batimentos cardíacos acelerados;
- Dificuldade para respirar;
- Tontura ou vertigem;
- Calafrios repentinos;
- Suor excessivo.
Como diagnosticar e tratar a agorafobia?
Existem critérios clínicos para diagnosticar a agorafobia. De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5), para atender aos critérios de diagnóstico, os pacientes devem ter medo acentuado ou ansiedade nas seguintes situações:
- Uso de transporte público;
- Estar em espaços abertos;
- Estar em locais fechados;
- Ficar em uma fila ou no meio de multidão;
- Estar sozinho fora de casa.
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Além disso, o medo pode fazer com que o paciente evite a situação que o deixa ansioso ou exige a presença de um acompanhante para enfrentar aquela situação. O transtorno também pode causar sofrimento significativo, prejudicando a vida social ou profissional. O tratamento deve ser feito através da terapia cognitivo-comportamental e, em determinadas situações, é preciso a ajuda de medicamentos.