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O Brasil é um dos países com maior incidência de câncer de pênis no mundo, atrás apenas de países da África subsaariana. De acordo com dados inéditos obtidos com exclusividade pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) junto ao Ministério da Saúde, 1.933 casos da doença foram registrados no país apenas em 2022 — sendo que em 459 casos foi necessário a amputação do órgão.
Os números não são tão diferentes dos observados em anos anteriores. De 2007 a 2022, foram realizadas 7.790 amputações do pênis decorrentes de câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O número equivale a uma média de 486 procedimentos por ano.
Mesmo que menos frequente que outros tumores, como o de próstata, o câncer de pênis representa cerca de 2% de todos os casos de neoplasias malignas diagnosticadas em homens no Brasil, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
“Está diretamente relacionado às baixas condições sócio-econômicas e de instrução, à má higiene íntima e a indivíduos não circuncidados. O dado social mais triste é o de que a maioria dos casos só é descoberta em estágio avançado, quando o único tratamento possível é a retirada total do órgão”, apontou o urologista Ricardo La Roca previamente ao MinhaVida.
Em fevereiro, período em que se celebra o Dia Mundial do Câncer, a SBU vai realizar uma campanha de prevenção e combate ao câncer de pênis.
Quais os sintomas de câncer no pênis?
Geralmente o câncer de pênis se manifesta por meio de uma lesão visível e palpável na região genital, que pode surgir na glande ou na face interna do prepúcio — pode ser nodular, ulcerada ou de aspecto inflamatório. A ferida provoca coceira, odor fétido, inchaço e queimação, mas a principal característica é que ela não cicatriza posteriormente, podendo ser facilmente confundida com uma infecção sexualmente transmissível (IST).
Por esse motivo, é fundamental procurar um médico especialista no surgimento de qualquer sintoma, para que possa ser feito o diagnóstico e um tratamento adequado. Se não tratada precocemente, a doença pode se agravar e aumentar de tamanho, exigindo a amputação parcial ou total do órgão. O câncer de pênis também pode ocasionar na morte do paciente.
“Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores são as chances de cura. O tratamento depende da extensão local do tumor e do comprometimento dos gânglios inguinais. Cirurgia, radioterapia e quimioterapia são as alternativas terapêuticas”, explicou Ricardo previamente.
Como prevenir o câncer de pênis?
A falta de higiene é um dos principais fatores de risco associados ao câncer de pênis. Por isso, lavar o órgão diariamente com água e sabão, em especial debaixo do prepúcio (pele que recobre a cabeça da glande), é uma das formas de prevenir o tumor. Esse hábito de limpeza não somente evita o surgimento de infecções como leva a pessoa a observar se existe algum tipo de alteração ou ferida no órgão.
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Caso ele não consiga puxar completamente o prepúcio para lavar, pode indicar um quadro de fimose, que é a dificuldade de expor a glande do pênis devido a um excesso de pele no membro. Nesses casos, o paciente deve procurar auxílio de um especialista para que seja efetuado um procedimento que permita a limpeza adequada do órgão.
A infecção pelo vírus do HPV também é um fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pele, o que indica a necessidade de relações sexuais protegidas. A vacina contra o vírus do papiloma humano é disponibilizada de forma gratuita pelo SUS para meninos e meninas de nove a 14 anos.
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