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Pacientes que administram medicamentos controlados devem considerar os riscos de misturar álcool com remédios. Os danos causados podem ser graves e permanentes, mesmo para medicamentos utilizados sem prescrição, como analgésicos simples.
Por ser solúvel, o álcool é absorvido pelo estômago e percorre diversos órgãos por meio da corrente sanguínea — afetando especialmente o fígado, onde é metabolizado. Como alguns medicamentos sofrem ação de enzimas no órgão e dependem dele para funcionar, a presença do álcool pode resultar em reações adversas, interferindo em sua eficácia e podendo sobrecarregar o fígado.
“Em linhas gerais, tal interação pode ocorrer com muitos remédios, prescritos e até naturais. Entretanto, como cada medicamento tem um perfil particular de efeitos colaterais e metabolização, é preciso analisar como cada um deles especificamente interage com o álcool”, explicou Arthur Guerra, psiquiatra e presidente executivo do CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool), em entrevista prévia.
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Quais remédios não devem ser misturados com álcool?
Inúmeros medicamentos, quando misturados com álcool, podem provocar efeitos colaterais e causar danos ao organismo. O que pode indicar a gravidade da reação é a dosagem do medicamento e como ele interage com o álcool. De acordo com o clínico geral Roberto Debski, a bebida pode tanto diminuir quanto potencializar o efeito dos medicamentos.
Destaca-se que algumas interações podem ser mais acentuadas em pessoas idosas, uma vez que o envelhecimento pode diminuir a intolerância do corpo ao álcool devido a alterações fisiológicas, conforme explica Arthur. Contudo, a administração de alguns remédios específicos pode provocar reações graves e até mesmo levar à morte. Confira a seguir os principais de cada categoria:
1. Analgésicos/antipiréticos
Muitos medicamentos indicados para quadros de dor podem ser comprados sem prescrição médica, mas isso não quer dizer que não podem causar reações quando misturados com álcool. Dependendo da quantidade de álcool consumida, remédios que contenham ibuprofeno, naproxeno e acetaminofeno podem provocar dor de estômago, problemas no fígado e taquicardia.
“No caso dos relaxantes musculares, as consequências estendem-se da sonolência e tontura a problemas mais perigosos, como risco aumentado para convulsões, prejuízo de memória, diminuição da frequência respiratória e dificuldade de respirar”, acrescentou Arthur.
2. Antibióticos
O uso de alguns tipos de antibióticos com álcool, como metronidazol, trimetoprima e sulfametoxazol — além de antifúngicos, como tinidazol e cetoconazol, também pode provocar interações graves, de acordo com Roberto. Os principais sinais incluem:
- Náusea e vômitos;
- Dor no peito;
- Dor de cabeça intensa;
- Dificuldade de respirar;
- Alterações na pressão arterial.
O recomendado é permanecer sem consumir bebidas alcoólicas de 48h a 72h após o término do tratamento com as medicações citadas, por conta do tempo de metabolização dos remédios.
3. Psicotrópicos
Tanto o álcool quanto os psicotrópicos atuam no sistema nervoso central. Isso implica que se um paciente em tratamento psiquiátrico, como depressão ou ansiedade, continua ingerindo álcool, o efeito do medicamento poderá ser afetado.
No caso de pacientes que utilizam antidepressivos, a interação com o álcool potencializa os sintomas de depressão — isto é, piorando o quadro. Isso acontece porque o álcool desorganiza a atividade elétrica cerebral, atrapalhando o controle de impulso e de julgamento. Além desse efeito, o paciente também pode ter reações físicas, como desmaio, queda de pressão arterial, confusão mental e vertigem.
4. Anticonvulsivantes
A administração desses medicamentos pode apresentar interações sinérgicas com o álcool, acentuando sintomas como sedação, diminuição da coordenação motora, comprometimento da memória e até risco de problemas mais graves no sistema nervoso central.
Segundo Roberto, a interação do álcool com anticonvulsivantes também pode aumentar o risco de intoxicação, além de diminuir a eficácia dos medicamentos que combatem as crises convulsivas e a epilepsia.
5. Remédios para pressão arterial
O álcool pode aumentar temporariamente a pressão arterial, especialmente se consumido acima da quantidade recomendada. Com o passar do tempo e a ingestão regular, o aumento pode se tornar permanente, tornando mais difícil o efeito da medicação para pressão. A combinação também pode provocar efeitos colaterais nocivos, como desmaio, sonolência, arritmia e tontura.
O que fazer em caso de reação ao álcool?
Segundo Roberto, o paciente que apresentar sintomas de náuseas, mal-estar e vômitos após a ingestão de álcool deve ir ao pronto atendimento, onde receberá medicamentos específicos para o quadro — como protetores gástricos e remédios contra vômitos. Eles também são utilizados em casos de intoxicação alcoólica.
“Se não houver indicação médica para o uso de medicamentos, evite! E, se houver, lembre-se que misturar álcool e remédio pode colocar as pessoas em risco de reações perigosas. Converse com seu médico e verifique se a medicação pode interagir com álcool. Na dúvida, prefira abster-se da bebida”, finalizou Arthur.