É graduada em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Sua residência médica em Pediatria e...
iRedatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
A intolerância à lactose é a incapacidade do organismo em digerir a lactose, açúcar encontrado em alimentos lácteos. A condição pode desencadear sintomas como barriga inchada, gases, dores abdominais e náuseas e vômitos, que costumam surgir no período de trinta minutos a duas horas após uma refeição com leite ou derivados.
O diagnóstico implica em uma série de cuidados e mudanças nos hábitos alimentares. No entanto, é possível levar a vida normalmente com a condição. O MinhaVida esclareceu sete mitos sobre a intolerância à lactose para que não restem dúvidas na hora de fazer suas escolhas alimentares.
1. Quem tem intolerância à lactose não pode tomar leite
Quem tem intolerância à lactose não precisa cortar todo e qualquer alimento derivado do leite da dieta. A solução, nesse caso, é a suplementação enzimática, feita com a ingestão de comprimidos prontos para consumo, minutos antes das refeições, permitindo que a pessoa possa comer esses alimentos. Isso porque o suplemento contém a enzima lactase, que consegue digerir a lactose.
A ingestão desta enzima promove a adequada quebra da lactose, com redução do desconforto gastrointestinal, possibilitando o consumo de laticínios em indivíduos intolerantes ou com restrições ao consumo de lactose. Os comprimidos devem ser tomados minutos antes de ingerir leite e seus derivados (produtos lácteos), melhorando a digestão do açúcar presente no leite.
A suplementação enzimática permite que o organismo absorva nutrientes importantes para a saúde e que devem ser mantidos na alimentação, como cálcio, vitamina D, vitamina B12 e proteínas, todos eles encontrados no leite e alimentos derivados.
2. Todo paciente sabe que tem intolerância à lactose
Na primeira infância, o organismo conta com uma boa dose de enzima lactase para digerir o leite materno, fonte primária de nutrição dos bebês. Conforme a criança cresce e outros alimentos são adicionados à dieta, ocorre a redução da lactase no intestino, o que pode causar intolerância. Por isso, é normal desenvolver o problema de saúde ao longo da vida, ainda que muita gente não saiba disso.
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3. Apenas o leite de vaca contém lactose
A lactose é, de fato, o principal açúcar presente no leite de origem animal. A questão é que a bebida é a base de muitos outros alimentos que consumimos diariamente. Queijos, bolos, massas, pães, manteigas, molhos, biscoitos, requeijão e sorvetes e até embutidos (salames e salsichas), são alguns exemplos de produtos que, após consumidos, podem causar dores abdominais, gases e diarreia em pessoas com intolerância à lactose.
4. A intolerância à lactose melhora ao longo do tempo
Na verdade, ocorre justamente o oposto com a intolerância à lactose. É no decorrer da vida que o problema de saúde pode se agravar, com a queda da produção de enzima lactase pelo intestino delgado. Normalmente, o organismo digere melhor o açúcar do leite na infância. Isso muda com o tempo, conforme acrescentamos outros nutrientes e alimentos à dieta do dia a dia, substituindo o leite.
É comum, portanto, que adultos e idosos desenvolvam algum nível de intolerância ao leite e derivados na maturidade. Além disso, doenças intestinais, como a celíaca e a gastroenterite, e cirurgias podem causar intolerância à lactose no organismo.
5. Intolerância à lactose não traz riscos à saúde
Retirar leite e derivados da dieta pode provocar riscos à saúde, ainda que a longo prazo. Esses alimentos contêm nutrientes e vitaminas fundamentais para o nosso organismo, como proteínas, vitaminas D e B12, cálcio e riboflavina. A ausência pode levar à desnutrição, à perda de peso, à perda de massa óssea, a cãibras e à deficiência de cálcio, entre outras complicações.
6. Intolerância e alergia ao leite são a mesma coisa
A intolerância à lactose e a alergia ao leite possuem sintomas semelhantes, mas são condições diferentes, como explicou a alergologista Cristina Abud em entrevista prévia ao MinhaVida.
A intolerância é causada pela ausência da enzima lactase no organismo, que impossibilita a digestão da lactose e, segundo a especialista, acomete com maior frequência adultos.
Por sua vez, a alergia é uma resposta exagerada do sistema imunológico a um corpo que é considerado “estranho” pelo organismo - nesse caso, as proteínas presentes no leite. Com a alergia, o corpo tenta combater as “proteínas agressoras”, desencadeando uma série de reações adversas, como diarreia, distensão abdominal, sintomas respiratórios, lesões na pele, gases, entre outros.
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7. O leite não é importante na fase adulta
O leite é importante em todas as fases da vida, desde a infância até a terceira idade. Rico em cálcio, o alimento cuida principalmente da saúde dos dentes e dos ossos, prevenindo a osteoporose. As proteínas presentes no leite também têm um papel fundamental na formação e manutenção dos músculos, além de melhorarem os processos de cicatrização do organismo.
Além do mineral cálcio, vitaminas enriquecem o leite e fazem toda a diferença na alimentação, como a vitamina A e a vitamina D, que estimulam o crescimento de ossos fortes e saudáveis. O alimento e seus derivados também contam com vitaminas do complexo B, que estão ligadas ao bom funcionamento do sistema nervoso e à sensação de bem-estar. Ou seja, motivos para consumir o alimento não faltam, basta querer e encontrar a melhor alternativa para a sua dieta.