Especialista em Reprodução Assistida, Diretor Científico e Coordenador de Oncofertilidade do Grupo Huntington. É médico...
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Imagine ter o sonho de ser mãe e, de repente, receber um diagnóstico de câncer. Com a notícia, vem a preocupação sobre a possibilidade de gerar uma vida após o tratamento contra a doença, já que grande parte dos tratamentos contra o câncer podem afetar a capacidade reprodutiva. Para que a mulher possa, no futuro, decidir se quer ou não ser mãe, é importante pensar no agora: o que é possível fazer para preservar a fertilidade antes do tratamento?
Para esclarecer as dúvidas que as mulheres têm a respeito da tema, o MinhaVida, em parceria com a Organon, convidou para um bate-papo o especialista em reprodução assistida Maurício Chehin e a apresentadora e cantora Sabrina Parlatore, que foi paciente de câncer e fez coleta de óvulos antes do tratamento.
Confira abaixo as principais perguntas e respostas desse bate-papo:
MinhaVida: Qual é a relação do câncer com a fertilidade?
Maurício Chehin: A oncofertilidade é uma área da medicina que surgiu há poucos anos com a ideia de juntar o conhecimento da oncologia com o conhecimento da medicina reprodutiva e, desta maneira, ajudar as pacientes jovens ainda em idade reprodutiva, que passavam por um câncer e um tratamento oncológico, a pensar também na fertilidade. Isso porque os tratamentos oncológicos, como a quimioterapia ou radioterapia, podem deixar uma sequela que, muitas vezes, afeta a função dos ovários nas mulheres - e dos testículos, nos homens - diminuindo a produção de hormônios, mas principalmente reduzindo a possibilidade dessa mulher ter ovulações que vão permitir com que ela engravide no futuro.
É muito comum que pacientes que passam por tratamento oncológico tenham, no futuro, dificuldade para engravidar. Obviamente não é uma regra, já que não vai acontecer com todas as mulheres, mas existe um risco alto e considerável de que isso aconteça. E a ideia é fazer de tudo para prevenir uma possível sequela do tratamento.
MinhaVida: No seu caso, como aconteceu esse diagnóstico e todo o processo?
Sabrina Parlatore: Eu tive câncer de mama com 40 anos, e foi um susto, afinal, ninguém imagina passar por isso ou receber um diagnóstico de câncer. Eu estava justamente querendo engravidar, pois ainda não tinha sido mãe e tinha esse sonho. Quando estava nesse processo há um tempo e já estava pensando em procurar algum tratamento que possibilitasse uma gravidez, veio o diagnóstico de câncer.
O mastologista que me deu o diagnóstico conversou comigo na mesma consulta a respeito de fertilidade. Ele disse que era um câncer de mama, que seria avaliado e que havia uma série de exames para fazer, mas provavelmente eu teria de fazer quimioterapia e radioterapia, e isso teria implicações - entre elas, a infertilidade, especialmente por conta da minha idade: 40 anos na época.
Eu lembro que fiquei chocada. Naquele momento a prioridade era cuidar da saúde e tratar o câncer, mas eu lembro que eu fiquei muito triste com a notícia, mas ele já me orientou a respeito da preservação da fertilidade, explicou sobre alguns procedimentos que poderiam ser feitos para preservar essa capacidade reprodutiva.
MinhaVida: É comum que o médico já comente sobre a preservação da fertilidade já no diagnóstico do câncer?
Maurício Chehin: No caso da Sabrina, a orientação foi perfeita. A gente faz essa conscientização e fala muito sobre esse assunto para que, de fato, todas as mulheres que passem por um diagnóstico como o câncer de mama possam receber a mesma orientação. A ideia é que a mulher tenha informação para que possa tomar uma decisão. O problema de não ter informação é que não se tem como optar em relação à fertilidade.
MinhaVida: Apenas os tumores ginecológicos interferem na fertilidade?
Maurício Chehin: Não, embora a gente associe de forma clara os tumores ginecológicos com o aparelho reprodutivo já que, de fato, eles atingem indiretamente o aparelho reprodutivo. Porém, qualquer tipo de câncer que vá ser tratado com quimioterapia ou radioterapia (esta última na região pélvica), pode provocar infertilidade.
Esses tratamentos atingem as células tumorais - objetivo do medicamento - mas não são tão específicos, então atingem também algumas células saudáveis mais sensíveis e, dentre elas, células do ovário, que são muito sensíveis. Portanto, elas acabam tendo uma deficiência depois do tratamento quimioterápico.
MinhaVida: Existe algum fator de risco ou questão que aumenta a chance dessa interferência?
Maurício Chehin: É muito individual, já que não é toda mulher que vai fazer um tratamento oncológico que vai ficar infértil. Na verdade, as chances de infertilidade aumentam quanto mais doses ou ciclos de quimioterapia são necessários, já que isso depende também do tipo de quimioterapia a ser utilizada. Cada medicamento tem uma gonadotoxicidade específica, que é a toxicidade para o ovário. Os fármacos não são iguais, então depende.
Outro fator que conta é a idade da mulher no momento que vai passar pelo tratamento. Se tem um pouco mais de idade, é comum que a fertilidade já esteja em queda. Portanto, a partir da quimioterapia, vai diminuir ainda mais. Já se ela é mais jovem, vai atingir um pouco menos.
Há também a questão da reserva ovariana, que é o estoque de óvulos. A mulher já nasce com um estoque, já que não produz novos óvulos ao longo da vida. A questão é que há mulheres que já têm um estoque mais baixo e, nesses casos, quando o tratamento atinge os ovários, o risco é ainda maior de diminuir as chances de uma gravidez futura.
Assista à entrevista completa no topo da página!