Neonatologista chefe da UTI Neonatal do Hospital e Maternidade Santa Joana. Possui graduação em Medicina pela Faculdade...
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Redatora especialista em conteúdos sobre saúde, família e alimentação.
A prematuridade é a principal causa de mortalidade infantil antes dos 5 anos de idade. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, ela atinge mais de 340 mil nascimentos por ano — o equivalente a seis casos a cada dez minutos. Mais de 12% dos nascimentos no país ocorrem antes da gravidez completar 37 semanas, o dobro do índice de países europeus.
A prematuridade pode ocasionar inúmeras complicações ao recém-nascido, uma vez que seus órgãos e sistemas podem não estar completamente desenvolvidos, incluindo deficiências motoras, infecções respiratórias crônicas, hemorragias cerebrais e outros problemas. Além disso, a família também enfrenta uma jornada emocionalmente desgastante.
Para mudar esse cenário, a campanha Novembro Roxo vem para alertar sobre o crescente número de partos prematuros anualmente, como preveni-los e os cuidados com bebês prematuros, além de destacar a importância do apoio às famílias que passam por essa situação. Mas por que roxo? A cor, além de simbolizar sensibilidade e individualidade, também significa transmutação, isto é, mudança.
“O Dia Mundial da Prematuridade é comemorado em 17 de novembro e, por este motivo, aproveitamos para reencontrar os familiares dos prematuros e os pequenos heróis, promover atividades que possam orientar quanto à prevenção da prematuridade, além de trocar ideias e experiências sobre as possíveis evoluções e opções para transpor e superar os obstáculos que surgem”, explica Filomena Bernardes de Mello, chefe da UTI Neonatal do Hospital e Maternidade Santa Joana.
Classificação
Segundo a OMS, são considerados partos prematuros quando um bebê nasce antes de completar 37 semanas de gestação. Porém, a prematuridade é classificada de acordo com o tempo que o bebê permanece no útero:
- Bebê prematuro extremo: nascido antes de 28 semanas de gestação
- Bebê muito prematuro: nascido entre 28 e 32 semanas de gestação
- Bebê prematuro moderado a tardio: nascido entre 32 e 37 semanas de gestação
Origem da data
Novembro é considerado o mês da conscientização sobre a prematuridade. O Dia Mundial da Prematuridade é comemorado no dia 17 de novembro desde o ano de 2008, e foi criado por um grupo de especialistas da European Foundation for the Care of Newborn Infants (EFCNI). A data foi escolhida pelo significado especial para um dos fundadores, Jürgen Popp. Após a morte de seus trigêmeos prematuros, ele tornou-se pai de uma filha nascida prematura em 17 de novembro de 2008, chamada Emilia.
No Brasil, a Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – ONG Prematuridade.com é a única organização sem fins lucrativos dedicada à prevenção do parto prematuro e à garantia dos direitos de bebês prematuros e suas famílias. A ONG também é representante do Brasil na Aliança Global para o Cuidado do Recém-nascido (GLANCE).
Como funciona?
Durante o mês de novembro, diversas estratégias e atividades para aumentar o conhecimento sobre as causas, as consequências e a prevenção da prematuridade são tomadas. A campanha também busca beneficiar as famílias com bebês prematuros, os profissionais de saúde, as instituições e os parceiros interessados.
Entre algumas das principais atividades realizadas no mês estão encontros presenciais (caminhadas, piqueniques, simpósios e palestras), arrecadação de doações e ações virtuais, como lives e webinários com profissionais de saúde, famílias e formadores de opinião.
Além disso, na chamada Global Illumination Initiative, monumentos e locais públicos do mundo inteiro são iluminados de roxo para chamar atenção sobre a data. No Brasil, além dos símbolos dos Três Poderes, em Brasília, outros locais iluminados incluem o prédio da FIESP na Avenida Paulista, em São Paulo, e muitos prédios de Assembleias Legislativas, hospitais, estádios de futebol e outros pontos tradicionais no país.
Importância do Novembro Roxo
Mesmo sendo um grave problema de saúde pública, a prematuridade ainda é cercada por desinformação. De acordo com um levantamento da ONG Prematuridade.com.br, 30% das mães e pais de bebês prematuros desconhecem completamente o tema. Nesse sentido, a campanha Novembro Roxo desempenha um papel fundamental ao informar sobre os fatores associados à prematuridade, a importância de um pré-natal adequado e as consequências do nascimento antecipado para o bebê e a família.
“Quanto mais prematuro o bebê, maior o risco de sequelas. Consequentemente, a vida dos familiares irá girar em torno desta criança. A prevenção da prematuridade é a primeira grande meta por meio de um pré-natal completo e da utilização de recursos que possam prolongar a gestação o máximo possível. Uma vez não sendo possível evitar a prematuridade, é importante que o bebê prematuro nasça em um hospital com infraestrutura para ter estes cuidados, que são bem específicos”, aponta Filomena.
Mesmo após a alta hospitalar, é indispensável estar ciente dos principais cuidados com bebês prematuros. O crescimento e o desenvolvimento devem ser acompanhados adequadamente, então visitas ao pediatra e a outros profissionais de saúde precisam ser realizadas na frequência correta.
O bebê também necessita de uma série de cuidados especiais em casa (alimentação, vacinação e proteção à saúde), que devem ser orientados aos pais pela equipe médica. Nesse sentido, destaca-se a importância de incluir o tema da prematuridade na formação e na capacitação contínua de profissionais de saúde.
“A jornada é longa, a luta é árdua e encontrar os companheiros de leitos e os profissionais que fazem parte da história de cada um é uma maneira de lembrar que o primeiro grande desafio já passou e que temos força para vencer um pouco por dia com amor e dedicação”, finaliza Filomena.
Referências
Manual MSD | Versão Saúde para Família
SES - Secretaria de Estado de Saúde do Mato Grosso do Sul
Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – ONG Prematuridade.com
Biblioteca Virtual de Saúde | Ministério da Saúde
European Foundation for the Care of Newborn Infants (EFCNI)
