Médica oncologista formada pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC). É membro titular da Sociedade Brasileira de Cancer...
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Imagine um inimigo silencioso que, quando ignorado, pode se tornar um problema bem mais sério. O câncer de próstata é exatamente isso: se diagnosticado tardiamente, as possibilidades de tratamento diminuem e a doença pode trazer consequências mais graves. A boa notícia é que, quando esse tipo de câncer é detectado precocemente, as chances de cura ultrapassam 90%.
Para que você possa saber mais sobre a importância de fazer exames preventivos para identificar a doença ainda em um estágio inicial, o MinhaVida, em parceria com a MSD, convidou a oncologista clínica Ana Paula Cardoso para um bate-papo em que ela explica tudo acerca do câncer de próstata e sobre como é possível cuidar melhor da saúde.
Veja abaixo os principais pontos desse bate-papo:
MinhaVida: Qual é a incidência do câncer de próstata no Brasil?
Ana Paula Cardoso: No Brasil, o câncer de próstata é responsável por mais de 71 mil novos casos por ano, e vimos essa incidência aumentar em torno de quase 10% nos últimos anos. Isso ocorreu porque existe uma mudança de estilo de vida da população. Hoje em dia, as pessoas comem pior e têm uma pior qualidade de vida no trabalho, tanto em termos de poluição quanto em relação à quantidade de horas na função. Além disso, têm menos tempo de sono e pior qualidade de alimentação, o que acaba levando à obesidade.
Portanto, acreditamos que muito desse aumento de casos está relacionado às mudanças de estilo de vida e também ao envelhecimento da população do nosso país. A expectativa de vida do brasileiro aumentou muito nos últimos anos: chegamos a 78 anos. Com isso, há um aumento do número de casos de doenças degenerativas, cardiovasculares e, sem dúvida, de câncer.
MinhaVida: Há algum sinal ou sintoma de câncer de próstata que o paciente pode observar?
Ana Paula Cardoso: É importante lembrar que a maior parte dos casos de câncer de próstata é silencioso e o paciente não vai apresentar um sintoma que faça ele procurar o consultório médico. Quando o paciente apresenta um sintoma de câncer de próstata, já se trata de um câncer avançado e que vai ter menor possibilidade de tratamento e menor chance de cura. Se você comparar com um câncer detectado precocemente, há quase 95% de chance de cura.
Além disso, se o diagnóstico for precoce, existem várias possibilidades de tratamento e o paciente pode até mesmo escolher - com a mesma chance de cura. Quando são casos mais avançados, às vezes aquela é a melhor possibilidade e o paciente não vai ter chance de optar e, dependendo do tratamento, poderá ter um comprometimento maior ou menor da saúde e da qualidade de vida.
MinhaVida: Há alguma coisa a se fazer para reduzir o risco de câncer?
Ana Paula Cardoso: Existem várias coisas e medidas pessoais que se pode fazer para reduzir o risco de câncer. A primeira medida possível de ser aplicada no dia a dia a partir de hoje é parar de fumar. É a medida de maior impacto em saúde pública no mundo. Se você quiser fazer alguma coisa pela sua saúde, pare de fumar. A segunda coisa é o início de uma atividade física moderada por pelo menos 150 minutos por semana, já que ela reduz muito o risco de câncer.
Ter uma dieta saudável também é importante, e isso não se refere a uma restrição alimentar ou calórica, não estamos falando de deixar de comer pão ou arroz. Não é aquilo que você coloca no prato durante um mês no intuito de emagrecer, mas sim aquilo que você faz todos os dias. Uma alimentação rica em vegetais, com menos industrializados, com mais saladas, menos carboidratos simples - como aqueles com farinha branca, ou arroz, massas, pão branco - além de menos açúcar e menos gordura de origem animal é fundamental. A gordura animal foi, por muitas vezes, associada ao aumento do risco de câncer, especialmente de próstata.
Outro ponto é manter um peso saudável, especialmente na idade adulta. Existem vários estudos que mostram que o ganho de peso na idade adulta, tanto para o homem como para a mulher, aumenta o risco de câncer.
Quando todas essas medidas são tomadas e associadas ao rastreamento de câncer, é possível reduzir a incidência pessoal de câncer em 60%.
MinhaVida: Qual é o papel da hereditariedade no câncer de próstata?
Ana Paula Cardoso: A história familiar é fundamental. Pacientes que têm história familiar de câncer, ou seja, o pai, tio ou até mesmo um irmão teve câncer de próstata, têm um risco elevado do mesmo tipo de câncer, e deve procurar o médico 10 anos antes da população geral. Se o pai, por exemplo, teve um câncer de próstata aos 50 anos, essa pessoa deve procurar o médico aos 40 ou até mesmo aos 35 anos.
Pacientes que têm uma história familiar de outros tipos de câncer que estão relacionados à herança de câncer de próstata, como por exemplo câncer de mama, câncer de endométrio e câncer colorretal, também precisam ter uma busca mais precoce pelo rastreamento.
Se a pessoa já tem na família uma história com a presença de uma mutação genética, é também necessário maior atenção. A mutação da Angelina Jolie, do BRCA, é um exemplo: esse gene aumenta o risco de câncer de mama, próstata e ovário, além de outras doenças. Se o paciente já tem um histórico conhecido, como uma alteração genética na família, é mais um motivo para procurar um médico.
MinhaVida: O que acontece depois do diagnóstico de um câncer de próstata?
Ana Paula Cardoso: A maior parte dos casos de câncer de próstata são indolentes, ou seja, é uma doença que evolui muito lentamente. A maior parte dos pacientes são diagnosticados em uma idade mais avançada, em média com 60 anos.
Aqueles pacientes que têm mutações genéticas associadas podem ter uma evolução mais agressiva da doença, mas o câncer de próstata é uma doença que costuma demorar muito tempo para evoluir, e são essas doenças que oferecem mais chance de cura e maior chance de escolha de tratamento para o paciente.
Quando se faz o diagnóstico em estágio inicial, há várias oportunidades de tratamento. Uma delas, inclusive, é a vigilância ativa, em que se faz apenas seguimento. O paciente está sendo dispensado do consultório? Jamais. Ele deve retornar de três em três meses, vai repetir o toque retal, vai fazer uma ressonância, vai fazer uma biópsia ou outro exame pertinente e, quando necessitar de tratamento, será feito.
Quando a pessoa é diagnosticada com um estágio mais importante, há a possibilidade de retirar a próstata cirurgicamente, além da opção de fazer um tratamento com radioterapia. Na maior parte dos estágios da doença, a radioterapia e a prostatectomia, que é a cirurgia, são igualmente eficazes.
Quando a doença passa a ser um pouco mais avançada, às vezes a radioterapia é associada a um bloqueio hormonal. A prostatectomia, que fazemos no caso de uma doença mais avançada, às vezes não vai ser suficiente, e o paciente terá de fazer radioterapia com ou sem bloqueio hormonal após a cirurgia.
À medida que a doença vai avançando, se vai tendo outras oportunidades de tratamento com menos chance de cura, até o ponto que a temos pacientes diagnosticados realmente com doença avançada. Mas é importante lembrar que o câncer de próstata continua sendo uma doença indolente na maior parte dos casos.
Assista ao bate-papo completo no topo da página para saber mais!