Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) desde 2006, o médico Anderson Nitsche fez sua primeira r...
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O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), conhecido popularmente apenas como autismo, é frequentemente diagnosticado na primeira infância, quando os primeiros sintomas começam a se manifestar. Afinal, é nesse momento que a criança começa a ter as primeiras interações sociais e a formular comportamentos e interesses.
Para realizar o diagnóstico, são feitos alguns exames e avaliações médicas, que incluem a observação do comportamento, entrevistas com pais ou responsáveis e, em alguns casos, testes neuropsicológicos. Mas será que é possível realizar o teste de autismo em bebê?
“Sim, é viável conduzir avaliações para identificar sinais precoces de autismo em bebês”, afirma o neuropediatra Anderson Nitsche, do Serviço de Neurologia do Hospital Pequeno Príncipe. E quando é possível fazer o diagnóstico?
“Embora alguns sintomas possam ser notados antes do primeiro ano de vida, a consideração diagnóstica tem início por volta dos 18 meses de idade. No entanto, é comum que muitos casos sejam identificados de maneira mais clara por volta dos dois anos, idade em que o diagnóstico se torna mais confiável”, explica o especialista.
Como é feito o teste de autismo em bebê?
O diagnóstico de autismo infantil abrange a observação do comportamento, as interações sociais e o desenvolvimento comunicativo. Essa avaliação pode ser feita a partir da descrição que os pais fazem dos sintomas ao médico.
Além disso, pode ser aplicado um teste de autismo. Desde 2013, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria, é usado como critério para o diagnóstico. A confirmação é feita quando o paciente apresenta pelo menos seis dos sintomas clássicos da condição.
Outro modelo usado para o diagnóstico de autismo em bebê é o M-CHAT (Modified Checklist for Autism in Toddlers). Ele é utilizado para identificar sinais de autismo em crianças entre 16 e 30 meses de idade e, por isso, é uma boa opção de teste de autismo em bebês.
O teste é composto por 23 perguntas de “sim” ou “não”, que incluem aspectos do desenvolvimento infantil, como socialização, comunicação e comportamento. No Brasil, atualmente, é direito dos cidadãos fazer o M-CHAT pela rede pública de saúde, segundo a lei nº 13438/2017.
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Além disso, também existe o modelo SACS-R e SACS-PR - siglas em tradução livre para o português para "Atenção Social e Vigilância de Comunicação-Revisado" e "SACS na Pré- Escola".
Um estudo publicado no periódico científico JAMA Open, em março de 2022, avaliou a funcionalidade desses dois modelos em bebês de 11 a 24 meses. O trabalho verificou que o diagnóstico de autismo foi realizado em 83% dos casos com o SACS-R e em 96% com o SACS-PR, mostrando que o segundo é uma alternativa de maior precisão para os bebês.
Quais são os sinais que podem indicar autismo em bebê?
Como o diagnóstico de autismo em bebê é feito através da avaliação do comportamento e dos sintomas, é essencial que os pais ou responsáveis fiquem de olho em alguns sinais de alerta.
“Isso inclui a falta de resposta ao seu próprio nome, dificuldade em estabelecer contato visual, atraso na linguagem e na comunicação não verbal, comportamentos repetitivos e dificuldade em interagir socialmente”, elenca Anderson. Alguns exemplos de sinais de autismo em bebê são:
- Pouco interesse em estímulos sociais
- Atraso ou ausência de balbucio, gestos ou tentativas de comunicação por gestos e mímica facial
- Balançar o corpo repetidamente
- Fixar o olhar em objetos de forma excessiva
- Reações inadequadas a luzes, sons ou texturas
- Resistência a mudanças e dificuldade em se adaptar a diferentes situações ou ambientes
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“É comum que a avaliação seja conduzida por uma equipe multidisciplinar, como psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, terapeutas ocupacionais e médicos. No entanto, o diagnóstico final é firmado por um médico, sendo o pediatra, neurologista ou psiquiatra”, afirma o especialista.
Como é o tratamento para autismo em bebês?
O tratamento para autismo em bebês deve ser definido de maneira personalizada, de acordo com cada caso. No geral, são recomendadas terapias comportamentais, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), fonoterapia e terapia ocupacional.
Vale lembrar que o tratamento não visa curar o autismo, já que a condição não tem cura. As terapias servem para reduzir os impactos e estimular as habilidades sociais, comunicativas e de desenvolvimento.