Profissional qualificada com mais de 6 anos de experiência na área Médica. Graduação em Medicina, pela Universidade...
iJornalista especializado na cobertura de temas relacionados à saúde, bem-estar, estilo de vida saudável e à pratica esportiva desde 2008.
iQuando falamos em Aedes Aegypti, a dengue é a primeira doença que vem à mente, não é mesmo? Mas você sabia que esse mosquito transmite outra doença muito perigosa? Trata-se da chikungunya, que também é responsável por episódios de epidemias pelo país.
“Uma pessoa picada pelo mosquito Aedes Aegypti tem a chance de pegar qualquer uma dessas doenças. Mas para transmitir a doença e a infecção ocorrer, o mosquito precisa estar infectado pelo vírus e numa concentração em seu organismo suficiente para causar infecção na pessoa picada”, explica a infectologista Keilla Mara de Freitas.
No caso da chikungunya, o contágio acontece pela picada do mosquito contaminado com o vírus CHIKV. Já o vírus da dengue é conhecido como DENV.
Assim como a dengue, a chikungunya também é uma doença perigosa. Dados do início de 2023 mostraram um aumento dos diagnósticos de chikungunya no Brasil, com 89 mil casos registrados, um aumento de 40% com relação ao mesmo período de 2022. Além disso, novas pesquisas têm avaliado a letalidade desta doença, que pode ter muitos sintomas semelhantes aos da dengue.
Continue lendo para entender!
Chikungunya mata mais que a dengue?
É difícil falar que a chikungunya mata mais do que a dengue, já que no Brasil, por exemplo, os casos de dengue têm se mostrado muito mais perigosos neste ano de 2024. Segundo o Ministério da Saúde, a dengue já matou 300 pessoas apenas neste ano no país, com 1.253.919 casos prováveis da doença. Os dados sobre mortes relacionadas à chikungunya ainda não estão claros, mas ficam muito abaixo da dengue.
Além disso, a OMS (Organização Mundial de Saúde) afirma que "sintomas graves e mortes por chikungunya são raros e geralmente estão relacionados a outros problemas de saúde coexistentes”.
Porém, um estudo recente, realizado por André Ricardo Ribas Freitas, professor de Epidemiologia e Bioestatística, tem mostrado que esse conceito pode estar ultrapassado, já que novas pesquisas têm mostrado que o vírus CHIKV pode levar a uma mortalidade muito maior que o vírus da dengue, inclusive em pacientes previamente saudáveis e jovens.
Muitos casos, entretanto, podem estar sem diagnóstico de chikungunya. Por exemplo, segundo o estudo, em uma epidemia da doença na República Dominicana em 2014, pesquisadores identificaram 4.925 mortes por chikungunya, mas a vigilância epidemiológica local diagnosticou apenas seis.
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O Brasil também é citado por pesquisadores. Eles registraram 6.346 mortes durante as epidemias de chikungunya de 2015 e 2016 em Pernambuco, Bahia e Rio Grande no Norte, mas os dados oficiais apontaram para apenas 69 óbitos por chikungunya nestes estados.
Mais estudos são necessários para entender se de fato a chikungunya é mais letal do que a dengue. Mas o que os dados do estudo mostram é que a maioria dos casos da doença podem não estar recebendo o diagnóstico correto.
“Diante dessas descobertas, podemos afirmar que é essencial reconhecer a chikungunya como uma ameaça à vida das pessoas e reforçar as medidas adequadas para vigilância, prevenção e tratamento desta doença. Isso inclui investimentos em pesquisa para conhecer melhor, quantificar as formas graves da doença e desenvolver vacinas eficazes, bem como campanhas de conscientização pública para educar a população sobre os riscos associados à doença”, diz um trecho do estudo.
Quais são os sintomas de chikungunya e dengue?
Os principais sintomas da chikungunya são:
- Febre
- Dor nas articulações
- Dor nas costas
- Dor de cabeça
- Erupções cutâneas
- Fadiga
- Náuseas
- Vômitos
- Mialgias (inflamação muscular)
Já os principais sintomas da dengue são:
- Febre alta com início súbito (entre 39º a 40º C)
- Forte dor de cabeça
- Dor atrás dos olhos, que piora com o movimento dos mesmos
- Manchas e erupções na pele, pelo corpo todo, normalmente com coceiras
- Extremo cansaço
- Moleza e dor no corpo
- Muitas dores nos ossos e articulações
- Náuseas e vômitos
- Tontura
- Perda de apetite e paladar
Diagnóstico
O diagnóstico da chikungunya é feito por meio de análise clínica e de exame sorológico. A partir de uma amostra de sangue, os especialistas buscam a presença de anticorpos específicos para combater o vírus CHIKV. Isso indica que o micro-organismoestá circulando pelo corpo e que o organismo está tentando combatê-lo.
Para diferenciar febre chikungunya da dengue, outros exames podem ser feitos:
- Testes de coagulação
- Eletrólitos
- Hematócrito
- Enzimas do fígado
- Contagem de plaquetas
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Tratamento
Não há tratamento específico para a chikungunya. O foco é no cuidado dos sintomas, como o uso de medicamentos antitérmicos em caso de febre. Em alguns quadros, é necessária internação para hidratação endovenosa e, nos casos graves, tratamento em unidade de terapia intensiva.
Como na dengue, pacientes com chikungunya devem evitar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) ou que contenham a substância associada. Esses medicamentos têm efeito anticoagulante e podem causar sangramentos. Outros anti-inflamatórios não hormonais (diclofenaco, ibuprofeno e piroxicam) também devem ser evitados.
Prevenção
O mosquito Aedes aegypti coloca suas larvas em água parada. Por isso, evitar focos de reprodução desse vetor é a melhor forma de prevenir a chikungunya. Outras dicas incluem:
- Evite o acúmulo de água
- Coloque areia nos vasos de plantas
- Limpe as calhas
- Coloque tela nas janelas
- Seja consciente com seu lixo
- Use repelentes em locais com muitos mosquitos