Docente da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA), especialista em inf...
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O que é Dengue?
A dengue é uma doença que provoca sintomas como febre, manchas vermelhas na pele e dor no corpo. Ela é causada por um vírus transmitido pela fêmea do Aedes aegypti, um mosquito urbano e diurno que se reproduz em depósitos de água parada.
A doença pode se manifestar de forma benigna ou maligna, dependendo de alguns fatores. Entre eles, estão o vírus e a cepa envolvidos, infecção anterior pelo vírus da dengue e presença de doenças pré-existentes, como diabetes, asma brônquica e anemia falciforme.
Em casos mais leves, em que é conhecida como dengue clássica, seus sintomas podem ser confundidos com os da gripe. Já quadros mais graves, como a dengue hemorrágica, podem levar o paciente a óbito.
Causas
A dengue é causada por vírus e transmitida, especialmente, pela picada do mosquito Aedes aegypti. A fêmea do mosquito é responsável por depositar seus ovos em recipientes de água.
Ao saírem dos ovos, as larvas vivem na água por cerca de uma semana e, após esse período, transformam-se em mosquitos adultos — que vivem em média 45 dias.
É importante lembrar que os ovos que carregam o embrião do mosquito da dengue podem suportar até um ano a seca e serem transportados por longas distâncias, grudados nas bordas dos recipientes. Essa é uma das razões para a difícil erradicação do mosquito.
A dengue é contagiosa?
A dengue não é uma doença contagiosa, uma vez que não é transmitida de pessoa para pessoa. A transmissão se dá pelo mosquito que, após um período de 10 a 14 dias contados depois de picar alguém contaminado, pode transportar o vírus da dengue durante toda a sua vida.
Como é o mosquito da dengue
O mosquito Aedes aegypti mede menos de um centímetro, tem aparência inofensiva, cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas.
Costuma picar, transmitindo a dengue, nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde, evitando o sol forte. Porém, mesmo nas horas quentes, ele pode atacar à sombra, dentro ou fora de casa.
Há suspeitas de que alguns ataquem durante a noite. O indivíduo não percebe a picada, pois não dói e nem coça no momento.
A fêmea do Aedes aegypti também transmite chikungunya, Zika vírus e a febre amarela urbana.
Tipos
O vírus da dengue possui 4 variações: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Todos podem causar diferentes formas da doença. Caso ocorra um segundo ou terceiro episódio da dengue, há risco aumentado para formas mais graves, como a dengue hemorrágica e síndrome do choque da dengue.
Na maioria dos casos, a pessoa infectada não apresenta sintomas de dengue, combatendo o vírus sem nem saber que ele está em seu corpo. Para aqueles que apresentam os sinais, os tipos de dengue podem se manifestar clinicamente de três formas:
- Dengue clássica: é a forma mais leve da doença, sendo muitas vezes confundida com a gripe. Tem início súbito e os sintomas podem durar de cinco a sete dias;
- Síndrome do choque da dengue: é a complicação mais séria da dengue, se caracterizando por uma grande queda ou ausência de pressão arterial, acompanhado de inquietação, palidez e perda de consciência;
- Dengue hemorrágica: acontece quando a pessoa infectada com dengue sofre alterações na coagulação sanguínea e é mais comum quando a pessoa está sendo infectada pela segunda ou terceira vez. Se não tratada, pode levar à morte.
Sintomas
Os sintomas de dengue iniciam de uma hora para outra e duram entre cinco a sete dias. Uma vez que um indivíduo é picado, leva cerca de três a 15 dias para a doença se manifestar. Os principais sintomas incluem:
- Febre alta com início súbito (entre 39º a 40º C)
- Forte dor de cabeça
- Dor atrás dos olhos, que piora com o movimento dos mesmos
- Manchas e erupções na pele, pelo corpo todo, normalmente com coceiras
- Extremo cansaço
- Moleza e dor no corpo
- Muitas dores nos ossos e articulações
- Náuseas e vômitos
- Tontura
- Perda de apetite e paladar
Diagnóstico
O diagnóstico é feito com o exame de sangue para dengue ou sorologia para dengue. Além disso, o governo incluiu o uso de testes rápidos para dengue na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). O item ajuda a otimizar o diagnóstico laboratorial.
Tratamento
Não existe tratamento específico contra o vírus da dengue. Faz-se apenas o uso de medicamentos para os sintomas da doença e alguns cuidados básicos no dia a dia, como:
- Repouso
- Reposição de líquidos, principalmente recorrendo ao soro caseiro em casos de vômitos
- Uso correto dos medicamentos indicados.
Ao apresentar dores e febre, pode ser receitado algum medicamento antitérmico, como o paracetamol. Em alguns quadros, é necessário a internação para hidratação endovenosa e, nos casos graves, tratamento em unidade de terapia intensiva.
Remédios para evitar em caso de dengue
Pacientes com dengue ou suspeita de dengue devem evitar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) ou que contenham a substância associada. Esses medicamentos têm efeito anticoagulante e podem causar sangramentos.
Outros anti-inflamatórios não hormonais (diclofenaco, ibuprofeno e piroxicam) também devem ser evitados. O uso destas medicações pode aumentar o risco de sangramentos.
Remédios indicados para dengue
O paracetamol e a dipirona são os medicamentos de escolha para o alívio dos sintomas de dor e febre devido ao seu perfil de segurança, sendo recomendado tanto pelo Ministério da Saúde, como pela Organização Mundial da Saúde.
Leia também: Homeopatia para dengue: remédios aliviam os sintomas
Quanto tempo duram os sintomas da dengue?
No caso da dengue clássica, a febre dura até sete dias. Porém, a fraqueza e mal-estar podem perdurar por mais tempo, às vezes por algumas semanas.
No entanto, é muito importante ficar atento aos sinais de alerta da manifestação da dengue hemorrágica, que são, principalmente, os sangramentos no nariz, boca e gengiva. Essa forma de dengue, quando não tratada rapidamente, pode levar a óbito.
Prevenção
- Evite o acúmulo de água: a fêmea coloca seus ovos em água limpa, mas não necessariamente potável. Por isso, fique de olho nos objetos com água parada, como pneus velhos e garrafas. Mantenha fechadas tampas d’água e cisternas;
- Coloque tela nas janelas: a técnica pode ajudar a proteger os membros da casa contra o mosquito da dengue. Todavia, pode ser um problema se o criadouro do mosquito estiver localizado dentro da residência;
- Coloque areia nos vasos de plantas: o uso desses objetos pode gerar acúmulo de água. Há três alternativas: eliminar esse prato, lavá-lo regularmente ou colocar areia;
- Seja consciente com seu lixo: não despeje lixo em valas, valetas, margens de córregos e riachos. Assim, você garante que eles ficarão desobstruídos, evitando acúmulo e até mesmo enchentes. Em casa, deixe as latas de lixo sempre bem tampadas;
- Coloque desinfetante nos ralos: embora ralos pequenos de cozinhas e banheiros raramente se tornam foco de dengue, alguns são rasos e conservam água estagnada em seu interior. O ideal é que ele seja fechado com uma tela ou que seja higienizado com desinfetante regularmente;
- Limpe as calhas: para evitar as pequenas poças, calhas e canos devem ser checados todos os meses, pois um leve entupimento pode criar reservatórios ideais para o desenvolvimento do Aedes aegypti;
- Use repelente: principalmente em viagens ou em locais com muitos mosquitos, é um método importante para se proteger contra a dengue. Recomenda-se o uso de produtos industrializados, pois os repelentes caseiros não possuem grau de repelência forte o suficiente para manter o mosquito longe por muito tempo;
- Use inseticidas e larvicidas: o uso desses produtos têm eficácia comprovada, tanto para matar as larvas do mosquito quanto os insetos adultos.
Leia também: Picada de mosquito: aprenda como evitar e aliviar a coceira na pele
Referências
- Revisado por: Sumire Sakabe, infectologista do Hospital 9 de Julho
- Rafael Freitas, biólogo e pesquisador do Laboratório de Transmissores de Hematozoários do Instituto Oswaldo Cruz
- Denise Valle, entomologista do Instituto Oswaldo Cruz
- Bianca Grassi, infectologista do Hospital Samaritano
- Mayo Clinic
- Ralcyon Teixeira, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas
- Ministério da Saúde
- Pedro Soubihia de Faria, especialista clínico