Graduação em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos (1987), Residência Médica em Clínica Médica e Gastroe...
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Conhecida popularmente como gordura no fígado, a esteatose hepática ocorre quando as células e espaços do fígado são infiltrados por células de gordura. A maioria dos casos está associada a hábitos inadequados de vida ou condições preexistentes, como colesterol e a triglicerídeos altos.
Em quadros avançados, o acúmulo de gordura pode resultar em uma inflamação no fígado — levando a cirrose hepática, hepatite gordurosa e, nos casos mais graves, câncer. Por isso, reconhecer os principais sinais da condição e como ela se desenvolve é o primeiro passo para o diagnóstico precoce. Reunimos aqui tudo que você precisa saber!
O que causa gordura no fígado?
Casos de gordura no fígado do tipo não alcoólico estão associados especialmente ao sobrepeso ou obesidade, mas podem ocorrer como consequência dos seguintes quadros:
- Triglicerídeos alto
- Colesterol alto
- Hepatites virais, como a hepatite B e hepatite C
- Diabetes
- Uso de medicamentos, como corticosteroides
- Inflamações crônicas do fígado preexistentes
A combinação de excesso de peso corporal, resistência à insulina (como pode ocorrer no diabetes) e altos níveis de triglicerídeos e/ou colesterol é denominada síndrome metabólica. Todos esses quadros clínicos podem causar o acúmulo de gordura nos hepatócitos, células responsáveis pelas funções biológicas do fígado.
Tipos de gordura no fígado
A esteatose hepática é classificada de acordo com a quantidade de gordura acumulada nas células do fígado: grau 1, quando o acúmulo é pequeno; grau 2, quando é moderado, e grau 3, quando há grande acúmulo de gordura no órgão.
É importante apontar que a principal determinação de gravidade é a presença ou não de inflamação no fígado, então os graus devem ser avaliados. Por exemplo, um paciente pode apresentar esteatose hepática de grau 3, mas não apresentar inflamação no fígado, mesmo anos após o diagnóstico. Isso diminui o risco de complicações futuras mais graves, como cirrose.
Quais os sintomas de gordura no fígado em cada grau?
A esteatose hepática é uma doença assintomática, independentemente do grau de infiltração gordurosa do fígado, segundo Patrícia Marinho, hepatologista do Fleury Medicina e Saúde. Em quadros mais avançados, a pessoa pode sentir cansaço frequente, falta de apetite e desconforto abdominal — mas, na maioria das vezes, a esteatose progride de maneira silenciosa.
"Isto não significa que não seja importante, pois a infiltração gordurosa do fígado pode evoluir para um quadro de inflamação do órgão — igualmente assintomático que, por sua vez, pode evoluir para cirrose. Em fases avançadas, ela provoca o acúmulo de líquidos no abdômen, hemorragia digestiva alta, que se manifesta clinicamente por vômitos de sangue vivo ou com fezes muito pretas, icterícia e confusão mental (encefalopatia hepática)", explica Patrícia.
Como a esteatose hepática evolui sem sintomas, é importante que pessoas com fatores de risco (especialmente sobrepeso) realizem consultas médicas periódicas para avaliar a necessidade de monitorar a quantidade de gordura no fígado. O diagnóstico precoce é ideal para evitar complicações futuras.
Como identificar a gordura no fígado?
O mais comum é que a esteatose hepática seja diagnosticada durante a realização de uma ultrassonografia abdominal, de acordo com Patrícia. "O fígado gorduroso tem um aspecto típico ao ultrassom, que pode ser também visto em outros exames, como tomografia ou ressonância magnética de abdome — ou mesmo através de uma biópsia hepática", esclarece a hepatologista.
Tratamento de gordura no fígado
A abordagem mais comum para tratar a gordura no fígado envolve a adoção de hábitos mais saudáveis, como a alimentação balanceada e a prática de atividades físicas. As orientações para uma dieta são baseadas na diminuição do consumo de gorduras ruins e carboidratos de alto índice glicêmico, e no aumento na ingestão de alimentos que contribuem para a perda de peso.
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Também é importante a restrição do consumo de álcool e o tratamento específico quando houver uma doença ou condição metabólica preexistente, como diabetes e/ou colesterol alto.
"Algumas medicações podem ser utilizadas de forma complementar em casos em que haja inflamação do fígado, após avaliação de um hepatologista. Entretanto, como a grande maioria dos casos está associado ao crescente número de pacientes com sobrepeso ou obesidade, a mudança de estilo de vida é considerada fundamental para a resolução da doença", finaliza Patrícia.