Ginecologista e especialista em patologia do colo uterino do Grupo Santa Joana - composto pelos Hospitais e Maternidades...
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Nesta sexta-feira (22), a princesa de Gales Kate Middleton, de 42 anos, anunciou que foi diagnosticada com câncer e está nos estágios iniciais de quimioterapia preventiva. Detalhes sobre a doença não foram divulgados, mas ela informou que, em janeiro, quando realizou a cirurgia de abdômen "planejada", ainda não sabia da existência do câncer.
"A cirurgia foi bem-sucedida; no entanto, exames após a operação indicaram que havia câncer. Minha equipe médica aconselhou que eu me submetesse a uma quimioterapia preventiva, e agora estou nos estágios iniciais desse tratamento”, explicou a princesa.
O Palácio de Kensington não deu detalhes sobre o tipo de câncer apresentado por Kate, mas existem alguns tipos com maior incidência em mulheres — em especial os que se manifestam na região abdominal, onde a princesa de Gales afirma ter feito a cirurgia. Confira mais informações a seguir.
Quais os tipos de câncer mais comuns em mulheres?
O câncer é um dos principais problemas de saúde pública no mundo e uma das principais causas de morte: a cada ano mais de 10 milhões de pessoas morrem em função da doença.
A incidência de câncer em mulheres acima dos 40 anos ocorre por inúmeros fatores, como alterações hormonais, genéticas e até o próprio envelhecimento. Com o tempo, as chances de erros no processo de divisão celular são maiores, o que pode levar a um quadro de câncer.
Entre as mulheres, sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o tipo de tumor mais comum na população feminina, com incidência maior a partir dos 35 anos de idade. Se detectado e tratado precocemente, ele tem 95% de chance de cura. Em contrapartida, a demora no diagnóstico e no tratamento pode aumentar os riscos.
Depois do câncer de mama, os tipos dessa doença na região abdominal que mais atingem mulheres da idade de Kate incluem:
1. Câncer colorretal (CCR)
O câncer colorretal afeta o cólon, o reto e o ânus — e é uma das principais causas de morte nos países ocidentais. Não se sabe ao certo as causas, mas especialistas apontam que os fatores de risco são divididos em modificáveis e não-modificáveis.
"Os não-modificáveis são aqueles que provém de histórico de câncer na família ou de síndromes geradoras do câncer, enquanto os modificáveis passam pela obesidade, sedentarismo e características dietéticas como alto consumo de carne vermelha e bebidas alcoólicas”, explica o diretor de oncologia do Grupo Dasa, Gustavo Fernandes, previamente ao MinhaVida.
Nos estágios iniciais, muitas mulheres podem não apresentar sintomas, mas, conforme a doença evolui, podem surgir:
- Diarreia ou constipação
- Fezes pastosas de cor escura
- Sangramento retal ou sangue nas fezes
- Desconforto abdominal persistente, como cólicas, gases ou dor
- Fraqueza ou fadiga
- Perda de peso
- Náuseas e vômitos
Como o desenvolvimento da doença é longo e arrastado, o diagnóstico nos primeiros estágios é essencial para um prognóstico positivo. A doença ganhou notoriedade recentemente após o diagnóstico da cantora Preta Gil, de 48 anos, em janeiro do ano passado.
2. Câncer de colo de útero
O câncer de colo do útero configura o terceiro tipo mais comum entre a população feminina, com cerca de 16 mil casos diagnosticados por ano apenas no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer. Ele possui um desenvolvimento mais lento, e não apresenta sintomas no início, mas a evolução do quadro pode desencadear:
- Sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual
- Corrimento vaginal anormal, com coloração e odores diferentes do normal
- Dor abdominal
A principal causa do câncer de colo do utero é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), infecção sexualmente transmítivel bastante comum entre as mulheres e que pode ser transmitida através do sexo com ou sem penetração.
“O câncer do colo do útero foi um dos primeiros e um dos mais importantes a ter teste de rastreamento, que é feito por meio do papanicolaou e do teste de HPV. Em países desenvolvidos, esse serviço é organizado e o sucesso de detecção e tratamento precoce é muito maior”, explica Maricy Tacla, ginecologista e especialista em patologia do colo uterino do Grupo Santa Joana, em entrevista prévia.
3. Câncer do estômago
O câncer de estômago é o quinto tipo mais comum em mulheres, posterior ao câncer de pulmão, e ocorre em função do crescimento anormal de células no revestimento do estômago. A doença pode começar em qualquer parte do estômago e se espalhar para outros órgãos do sistema digestivo.
Os sintomas podem variar de acordo com o estágio, de modo que, à medida que o câncer progride, a paciente pode ter:
- Indigestão persistente
- Desconforto abdominal
- Perda de apetite
- Fadiga
- Sensação de inchaço ao comer
- Azia grave e persistente
- Perda de peso
Trata-se de uma doença com taxa de sobrevida baixa, uma vez que o câncer tende a se disseminar rapidamente para outros locais — incluindo para órgãos próximos ao estômago, como esôfago ou intestino delgado.
4. Câncer de ovário
O câncer de ovário é a quinta causa mais comum de morte por câncer em mulheres. Estima-se, inclusive, que mais mulheres morrem de câncer de ovário do que de qualquer outro câncer ginecológico.
Embora possa acometer qualquer faixa etária, o câncer de ovário é mais comum entre pessoas com 50 e 70 anos. É considerado um tumor silencioso, então é difícil que seja identificado e diagnosticado precocemente, uma vez que os sintomas se tornam aparentes apenas nos estágios mais avançados, quando ele já se disseminou para outras áreas do corpo.
Quando ele manifesta sinais iniciais, podem surgir:
- Aumento do volume do abdômen
- Dor abdominal ou na pelve
- Dificuldade para comer ou rápida sensação de plenitude
- Distúrbios urinários, tais como a necessidade urgente de urinar ou urinar mais frequentemente do que o habitual
Se apresentar um ou mais desses sintomas, e isso ocorrer quase diariamente por mais de duas ou três semanas, marque uma consulta médica. Apenas um especialista pode realizar o diagnóstico adequado.
Como prevenir o câncer?
A redução na movimentação diária e o comportamento sedentário, acompanhado de uma alimentação inadequada e hábitos não saudáveis, é um dos fatores que mais contribuem para o aumento no desenvolvimento de diversas doenças, incluindo o câncer. Nesse contexto, conheça algumas dicas para prevenir a doença:
- Não fume: o hábito é responsável por liberar no ambiente mais de 7 mil compostos e substâncias químicas que são inaladas por fumantes e não fumantes. Parar de fumar é fundamental para a prevenção de câncer, incluindo o câncer de pulmão
- Mantenha uma alimentação saudável: dê preferência a alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, legumes, verduras, cereais integrais e feijão, evitando os alimentos e bebidas ultraprocessados
- Tenha um peso saudável: manter o peso dentro dos limites saudáveis é uma recomendação importante para prevenir o câncer, além de contribuir para uma boa qualidade de vida
- Pratique atividades físicas: use seu tempo livre para praticar atividades que você gosta, como dança, musculação, pilates, correr ou nadar
- Amamente o seu bebê: a amamentação por dois anos ou mais protege as mães contra o câncer de mama e as crianças contra a obesidade infantil
- Faça exames preventivos do câncer do colo do útero: pessoas entre 25 e 64 anos devem realizar o exame a cada três anos, após os dois exames realizados com intervalo anual com resultados negativos
- Tome a vacina contra o HPV: complementando o acompanhamento periódico por meio do exame citopatológico/papanicolau, a vacinação contra o HPV faz parte das ações de prevenção do câncer do colo do útero
- Evite a ingestão de bebidas alcoólicas: o consumo de álcool contribui para o desenvolvimento de certos tipos de câncer, como o câncer de cavidade oral, pâncreas, colorretal e mama
- Evite comer carne processada: alimentos processados, como salsicha, bacon e mortadela, podem aumentar a chance de desenvolver câncer de cólon e reto
Aliado às estratégias de prevenção, o diagnóstico precoce de câncer oferece uma chance maior de cura e aumenta a sobrevida, uma vez que permite a intervenção antes que a doença evolua. Logo, é essencial manter acompanhamento médico constante para a realização de consultas de rotina.