Psicóloga na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo e especialista em Psicologia Hospitalar e da Saúde pelo ICHC-FMUS...
iRedatora de conteúdos sobre beleza, família e bem-estar.
Em janeiro deste ano, a Faculdade de Psicologia da Universidade de Viena publicou um estudo que reuniu dados de medidas de atenção em inúmeros contextos e épocas. Ao longo de décadas, psicólogos têm conduzido testes de inteligência em milhões de pessoas, contribuindo para a formação de uma vasta base de avaliações psicométricas.
Os pesquisadores notaram essa tendência e decidiram juntar dados de 179 estudos, abrangendo 287 amostras independentes de 32 países diferentes ao longo de 31 anos. Isso significa que eles analisaram informações de mais de 20 mil pessoas para ver se a atenção delas estava piorando ao longo do tempo.
Os resultados, no entanto, surpreendem. Ao examinar crianças, adolescentes e adultos jovens, descobriu-se que suas pontuações permaneceram consistentes ao longo dos anos. No caso dos adultos, revelou-se uma melhoria significativa nas pontuações. Isso mesmo: a capacidade de atenção vem melhorando ao longo dos anos.
Saiba mais: Déficit de atenção ou distração? Entenda a diferença
O que acontece com a nossa atenção?
Para a ciência, não estamos perdendo capacidade de atenção, não queremos é prestar. Segundo a psicóloga Natália Reis Morandi, a falta de interesse e motivação são os principais fatores que levam o ser humano a deixar de prestar atenção às coisas à sua volta.
“Essa falta de interesse e motivação podem também ser desencadeada por cansaço, estresse, sobrecarga de atividades ou não ter o desejo de fato de prestar atenção. Caso um assunto ou uma atividade sejam atrativos, interessantes e estimulem o suficiente a pessoa, ela consegue se manter atenta e focada em apenas uma atividade com mais facilidade”, pontua a especialista.
E, claro, isso tem consequências. Na verdade, provavelmente são essas consequências que mais notamos e que nos fazem sentir que estamos perdendo a capacidade de prestar atenção.
Por exemplo, dividir nossa atenção entre várias coisas ao mesmo tempo, como assistir a um filme enquanto mexemos no celular, acaba prejudicando a nossa memória. Isso significa que lembramos menos do que vemos quando estamos fazendo outras atividades.
Para a psicóloga, o problema surge quando associamos essa dificuldade de lembrar dos filmes à nossa capacidade de atenção, em vez de reconhecer o impacto da maneira como assistimos ao filme.
“Nesse novo cenário, com o aumento do uso dos celulares as pessoas não demonstram motivação e interesse em focar e manter a atenção plena em apenas uma atividade, assim como em coisas do dia a dia que estão ao seu redor”, explica Natália. Ou seja: a capacidade de prestar atenção nós temos, só escolhemos não focar.
Saiba mais: Conheça quais alimentos ajudam a memória e concentração
Como melhorar a atenção?
É possível melhorar a capacidade de atenção e concentração ao encaixar algumas medidas na sua rotina diária, como:
- Dividir as tarefas ao invés de tentar fazer várias coisas ao mesmo tempo para concentrar-se em uma tarefa de cada vez
- Definir objetivos específicos para suas atividades e dividi-las em etapas menores
- Identificar e eliminar as fontes de distração em seu ambiente, como notificações de celular, barulhos ou desorganização
- Tirar intervalos curtos durante as tarefas para descansar a mente e recarregar sua energia
- Praticar exercícios físicos pode ajudar a melhorar a concentração e a função cognitiva, além de reduzir o estresse e a ansiedade
- Dormir bem o suficiente todas as noites, pois a falta de sono pode prejudicar a atenção e o funcionamento cognitivo
Saiba mais: Mindfulness: aprenda a praticar a atenção plena