Psicóloga Obstétrica e diretora da Organização De Umbiguinho a Umbigão. É Coordenadora do curso de Pós Graduação em Psic...
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Não é novidade que o processo de ser mãe começa com desafios que vem muito antes da própria gravidez. Mesmo que os momentos de “altos e baixos” sejam algo esperado por quem decide abraçar a maternidade, é preciso ficar alerta e entender quando essa situação chega no limite.
A relativização do cansaço como parte natural do ciclo da maternidade tem sido o disfarce ideal para mascarar as constantes sensações de sobrecarga, culpa e falta de apoio emocional que são frequentemente minimizadas até pelas próprias mães.
É aí que o Maio Furta-Cor entra como a campanha dedicada a discutir sobre saúde mental materna e evitar que essas “sensações” evoluam para casos de ansiedade ou depressão, transtorno que acomete cerca de 25% das mães brasileiras no pós-parto segundo o Ministério da Saúde.
Por que essa fase costuma ser tão afetada?
Psicóloga Obstétrica e Coordenadora do curso de Pós Graduação em Psicologia Perinatal e Obstétrica do Instituto Suassuna, Karla Cerávolo explica que cada situação conta com fatores únicos que influenciam na saúde mental da mãe e podem ir além do estresse típico e das mudanças hormonais: “Falta de suporte social ou familiar, dificuldades no relacionamento conjugal ou familiar e pressões financeiras, tudo isso ligado aos clássicos de falta de sono e preocupação com a saúde do bebê”, detalha.
A piora no quadro pode desencadear em diversos transtornos diferentes além da depressão pós-parto. Entre eles, os mais comuns: ansiedade pós-parto; Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG); Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC); Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e psicose pós-parto.
Sinais que não devem ser ignorados
O avanço no debate sobre o assunto é notável, mas estigmas e expectativas sociais impostos pela sociedade no papel materno ainda contribuem para que sinais de alerta importantes sejam ignorados. A especialista cita alguns deles:
- Dificuldade em realizar atividades cotidianas ou cuidar do bebê.
- Insônia ou alterações no padrão de sono, mesmo quando o bebê está dormindo.
- Isolamento social ou retirada de atividades sociais.
- Sentimentos de culpa ou inadequação como mãe.
- Pensamentos intrusivos, preocupações excessivas ou medos irracionais em relação ao bebê.
- Dificuldade em se conectar emocionalmente com o bebê.
- Mudanças no apetite, incluindo falta de interesse em comer ou compulsão alimentar.
- Dificuldade de concentração ou tomada de decisões.
- Pensamentos de prejudicar a si mesma ou ao bebê.
Como tratar
O primeiro passo é não hesitar em procurar ajuda para receber o tipo de suporte que vai preparar a mãe para enfrentar os obstáculos emocionais antes, durante e após a gravidez. “Existe um serviço de atendimento chamado Pré-natal Psicológico em que são abordados temas como as mudanças emocionais da gravidez, as expectativas em relação ao parto e à maternidade, o apoio familiar e social, a autoestima e a importância do autocuidado”, aponta Karla
Ela também aconselha a contar com uma equipe multidisciplinar de psiquiatras e psicólogos especializados em saúde materna, obstetras, ginecologistas e assistentes sociais para ter sucesso no tratamento.