Mestre e Doutor em Oncologia e Médico Titular da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). Membro da Sociedade Brasileir...
iJornalista especializado na cobertura de temas relacionados à saúde, bem-estar, estilo de vida saudável e à pratica esportiva desde 2008.
iDados do Brasil e do mundo apontam para o aumento dos casos de câncer colorretal, ou câncer de cólon, um tumor que acomete um segmento do intestino grosso (o cólon), o reto e o ânus.
Nos Estados Unidos, por exemplo, um relatório de 2023 mostrou que 20% dos diagnósticos de tumor colorretal no ano de 2019 eram de pessoas abaixo de 55 anos, o dobro do que era observado em 1995.
A tendência de aumento dos casos de câncer de cólon em pessoas mais jovens também foi vista em outros países da Europa. No Brasil, o aumento também é notado, mas não se restringe aos mais jovens, estendendo-se também para faixas etárias superiores.
“O número de casos tem subido, inclusive entre os jovens, o que fez com que a idade de rastreamento, que outrora era de 50 anos através da colonoscopia, fosse reduzida para 45 anos de idade, para tentarmos flagrar mais cedo esses cânceres que tenham cometido a população mais jovem”, explica o oncologista Wesley Pereira Andrade, médico titular da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica.
O MinhaVida conversou com o médico para entender por que os casos de câncer de cólon têm acometido cada vez mais pessoas jovens. Continue lendo!
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Por que os casos de câncer de cólon têm aumentado?
Ainda não existem razões completamente validadas, mas sim hipóteses que explicam o fenômeno. E a principal teoria envolve as mudanças alimentares da população nas últimas décadas, que passou a consumir mais alimentos ultraprocessados e menos alimentos in natura.
Esses alimentos industrializados, prontos para comer, como biscoitos, salgadinhos, chocolates, lanches prontos, entre outros, são ricos em aditivos alimentares, corantes e outras substâncias que fazem mal à saúde digestiva. Um exemplo são os aditivos conhecidos como nitritos e nitratos.
“Os nitritos e nitratos podem predispor a essas lesões. Soma-se a isso o fato de consumirmos também cada vez mais produtos à base de farinhas brancas, o que vai causar uma constipação intestinal”, explica o médico.
“Dessa forma nós vamos ter as substâncias que lesam a célula em maior contato com maior tempo em função da redução do trânsito intestinal, ou seja, vamos evacuar menos. Então a constipação em função das farinhas brancas expõe o risco dos nitritos e nitratos ficarem mais tempo em contato com a célula do intestino, danificando o seu DNA”, complementa.
Ele ainda alerta para alterações decorrentes da obesidade, que causa um processo inflamatório crônico no corpo, além do hábito de fumar, já que as substâncias presentes no cigarro também lesam a mucosa das células do intestino. “Também vamos ter a questão do álcool, que tem um efeito direto de agredir a célula do intestino”.
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Como prevenir câncer colorretal?
Uma boa estratégia passa pela mudança de hábitos alimentares, incluindo na alimentação mais alimentos in natura e ricos em fibras, como vegetais, leguminosas, frutas e cereais, e reduzindo o consumo de alimentos ultraprocessados.
“Para prevenir vamos ter que aumentar o nosso consumo de alimentos orgânicos, alimentos in natura e minimamente processados, além de beber bastante líquido e reduzir a ingestão de farinhas brancas”, indica o médico.
Segundo o médico, essas atitudes aumentam o funcionamento do intestino, fazendo com que substâncias tóxicas tenham menos tempo de contato com as células de revestimento do intestino. “Soma-se a isso também parar de fumar, parar de beber, praticar atividade física e perder peso”.
Outro passo importante é seguir a orientação médica e realizar exames preventivos. “O correto é procurar um médico para fazer a primeira colonoscopia por volta dos 45 anos para a população em geral”, fala. Para pessoas com histórico familiar de câncer colorretal, é importante fazer 10 anos antes do caso mais jovem na família.