Graduada em Psicologia pela Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN), Lizandra Arita é psicóloga institucional e c...
iJornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iVocê já ouviu falar dos mecanismos de defesa psicológicos? Eles nada mais são do que estratégias inconscientes criadas pela mente para nos “proteger” de experiências ou sentimentos desagradáveis.
“O conceito sobre o mecanismo de defesa originou-se de Sigmund Freud e, posteriormente, foi aprimorado por sua filha Anna Freud na psicanálise”, ensina Lizandra Arita, psicóloga da Clínica Mantelli.
Segundo a especialista, com base no que já foi pesquisado sobre o assunto por especialistas da área, os mecanismos de defesa estão relacionados às manifestações do ego diante de situações que geram sofrimento.
“O desenvolvimento desses mecanismos ocorre de forma inconsciente, muitas vezes como resposta a vivências dolorosas. Embora tenham a intenção de aliviar a ansiedade, o medo, a culpa e a angústia, alguns desses mecanismos podem gerar sentimentos negativos em longo prazo”, fala.
Leia mais: 5 hábitos que pioram o estresse e a liberdade
15 mecanismos de defesa
Com a ajuda da especialista, listamos alguns exemplos comuns de mecanismos de defesas que podem impactar as relações
1. Negação
“Um dos primeiros mecanismos de defesa mais comuns é a negação, que está relacionada a um mecanismo de defesa psicológica em as pessoas evitam encarar a realidade e se recusam a admitir verdades evidentes. Isso é frequentemente observado em casos de vício, em que os indivíduos podem negar as consequências negativas de seus hábitos. Também é comum em vítimas de traumas ou até mesmo do luto, que podem levar tempo para aceitar o que aconteceu, apesar de terem memórias claras do evento”, fala a especialista.
Ela diz que, embora a negação possa inicialmente reduzir a ansiedade e o estresse, pode também se tornar um problema, pois é importante enfrentar e saber lidar com as situações difíceis da vida.
2. Racionalização
Consiste em encontrar explicações lógicas ou justificativas para comportamentos ou situações inadequadas. “Por exemplo, uma pessoa pode racionalizar seu comportamento agressivo dizendo que foi provocada. Isso pode levar à minimização de comportamentos prejudiciais e à falta de responsabilidade pessoal”.
3. Projeção
Este mecanismo envolve atribuir nossos próprios pensamentos, sentimentos ou impulsos indesejados a outra pessoa. “Por exemplo, alguém que tem dificuldade em aceitar sua própria raiva pode projetá-la em outra pessoa, acusando-a de ser raivosa. Isso pode levar a mal-entendidos e conflitos interpessoais”.
4. Deslocamento
Consiste em redirecionar impulsos ou emoções indesejadas de uma fonte para outra mais aceitável. “Por exemplo, alguém que está com raiva de seu chefe pode deslocar essa raiva para um colega de trabalho ou membro da família. Isso pode levar a ressentimento e tensão nas relações interpessoais”.
Leia mais: 6 formas de melhorar o estresse e a qualidade de vida através do Efeito Roseto
5. Sublimação
Este mecanismo envolve canalizar impulsos ou emoções indesejados em atividades socialmente aceitáveis e produtivas. “Embora geralmente seja considerada saudável, quando usada em excesso, pode levar à evitação de lidar diretamente com problemas interpessoais, em vez de resolvê-los”.
6. Repressão
Este mecanismo envolve o bloqueio consciente ou inconsciente de pensamentos, memórias ou impulsos perturbadores. “Por exemplo, alguém pode reprimir memórias dolorosas de sua infância para evitar lidar com o trauma emocional associado a elas. No entanto, reprimir emoções pode levar a dificuldades de comunicação e intimidade em relacionamentos, pois impede que a pessoa expresse suas verdadeiras necessidades e sentimentos”.
7. Isolamento emocional
Consiste em separar sentimentos ou pensamentos de sua fonte emocional para lidar com eles de forma mais "segura" ou "controlada". “Por exemplo, alguém pode falar sobre eventos traumáticos de forma muito objetiva e distante, evitando o impacto emocional da experiência. Isso pode criar uma desconexão emocional nas relações, dificultando a empatia e a conexão emocional com os outros”.
8. Formação reativa
Este mecanismo envolve a expressão de sentimentos ou comportamentos opostos àqueles que verdadeiramente sentimos, muitas vezes em resposta a sentimentos de ansiedade ou culpa. “Por exemplo, alguém que se sente atraído por uma pessoa, mas está inconscientemente desconfortável com esses sentimentos, pode expressar hostilidade em relação a ela. Isso pode levar a relacionamentos confusos e insatisfatórios, nos quais as verdadeiras emoções não são expressas de forma autêntica”.
9. Regulação emocional excessiva
Consiste em controlar rigidamente as próprias emoções para evitar desconforto emocional. “Por exemplo, alguém pode se esforçar para sempre parecer feliz e positivo, mesmo quando está enfrentando dificuldades emocionais. Isso pode criar uma barreira emocional nas relações, impedindo a verdadeira intimidade e conexão emocional com os outros”.
10. Deslocamento para ação
Este mecanismo envolve redirecionar impulsos ou emoções indesejadas para atividades ou comportamentos que pareçam mais seguros ou socialmente aceitáveis. “Por exemplo, alguém que está se sentindo ansioso ou frustrado pode canalizar esses sentimentos em exercícios físicos intensos ou trabalho excessivo. “Embora possa parecer produtivo a curto prazo, esse mecanismo pode levar à evitação de lidar diretamente com questões emocionais e à negligência das necessidades emocionais dos outros em relacionamentos”.
11. Fantasia
Consiste em escapar da realidade por meio da criação de um mundo imaginário ou idealizado. “Por exemplo, alguém pode se refugiar em fantasias sobre sucesso ou romance para evitar lidar com a realidade de sua vida cotidiana. Embora possa fornecer alívio temporário do estresse, o uso excessivo de fantasias pode levar à evitação de problemas reais e à desconexão com a realidade, prejudicando os relacionamentos”.
12. Intelectualização
Este mecanismo envolve lidar com eventos emocionais ou estressantes por meio de uma abordagem analítica e distante. Por exemplo, alguém pode responder a uma perda pessoal discutindo as teorias psicológicas por trás do luto, em vez de enfrentar diretamente suas próprias emoções. Embora a intelectualização possa fornecer uma sensação de controle, pode dificultar a expressão emocional genuína e a conexão interpessoal.
13. Humor
Consiste em usar o humor como uma forma de lidar com situações estressantes ou ameaçadoras. “Por exemplo, alguém pode usar o sarcasmo ou piadas autodepreciativas para evitar lidar com sentimentos de inadequação ou insegurança. Embora o humor possa aliviar temporariamente a tensão, pode ser uma forma de evitar lidar com emoções mais profundas, levando a relações superficiais e falta de intimidade emocional”.
14. Substituição
Este mecanismo envolve substituir um objetivo ou objeto de desejo por outro mais acessível ou aceitável. Por exemplo, alguém que deseja amor e aprovação pode buscar constantemente reconhecimento e elogios no trabalho em vez de satisfazer suas necessidades emocionais em relacionamentos pessoais. Embora possa proporcionar gratificação imediata, a substituição pode levar à insatisfação e à falta de realização emocional nas relações interpessoais”.
15. Retraimento social
Consiste em se isolar socialmente como uma forma de evitar situações estressantes ou conflitos interpessoais. “Por exemplo, alguém pode evitar sair com amigos ou participar de eventos sociais para evitar enfrentar conflitos ou desconforto emocional. Embora o retraimento possa proporcionar alívio temporário, pode levar à solidão e à falta de suporte emocional em momentos de necessidade”.
Leia também: Se você usar essas frases todos os dias, será mais feliz do que a maioria. Palavra de especialista
Conclusão
A especialista finaliza dizendo que saber reconhecer esses mecanismos de defesa em nós mesmos e em outras pessoas pode nos a compreender melhor nossos padrões de comportamento e a maneira como interagimos nos relacionamentos.
“No entanto, a psicoterapia desempenha um papel crucial na identificação das manifestações específicas que o indivíduo pode estar apresentando, para enfrentar desafios de forma mais saudável para se obter uma melhor qualidade de vida”, finaliza.