Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iVocê já sentiu uma sensação de frustração após concluir um projeto desafiador, mesmo sendo elogiado pelos resultados? Essa insatisfação com o próprio desempenho, apesar de todo o esforço envolvido, pode estar relacionada ao que especialistas estão chamando de "dismorfia de produtividade".
A dismorfia é frequentemente associada à percepção distorcida do corpo, em que a pessoa enxerga defeitos ou imperfeições que, na realidade, podem não existir. No entanto, esse conceito pode ser ampliado para a percepção da produtividade no trabalho. Assim, a "dismorfia de produtividade" refere-se a uma desconexão entre o que uma pessoa realiza objetivamente e a sua sensação de realização, levando-a a se sentir improdutiva, mesmo quando atinge suas metas.
O que é dismorfia de produtividade?
No ambiente de trabalho, a dismorfia de produtividade é um distúrbio na percepção do próprio desempenho. É como se houvesse uma dissonância entre o que foi alcançado e o sentimento de satisfação com o resultado. O termo apareceu pela primeira vez no Twitter (agora X) em 2020, quando o designer californiano Ben Uyeda mencionou que a dismorfia de produtividade "deveria ser reconhecida como uma condição".
Posteriormente, a jornalista Anna Codrea-Rado popularizou o termo ao relatar como esse fenômeno se manifestou em sua vida. Para Codrea-Rado, a dismorfia de produtividade descreve a desconexão entre os resultados concretos e os sentimentos sobre o trabalho realizado. Mesmo pessoas altamente produtivas e bem-sucedidas podem sentir que não fizeram o suficiente.
Segundo Codrea-Rado, essa condição está ligada a questões como ansiedade, esgotamento e síndrome do impostor. Ela se manifesta frequentemente em profissionais que buscam aperfeiçoamento constante e, como resultado, nunca se sentem satisfeitos com seus feitos. Esses indivíduos tendem a exigir muito de si mesmos, mas acabam minimizando ou ignorando seus sucessos.
A diferença entre síndrome do impostor e dismorfia de produtividade
Embora estejam relacionados, a síndrome do impostor e a dismorfia de produtividade possuem diferenças sutis. A síndrome do impostor está mais associada à falta de confiança na própria capacidade de realizar um trabalho, enquanto a dismorfia de produtividade reflete uma falta de confiança no trabalho que já foi concluído. Em ambos os casos, o resultado é uma constante sensação de insatisfação e a crença de que nunca se está fazendo o suficiente.
Um exemplo comum envolve líderes ou profissionais que, apesar de verem bons resultados e receberem feedbacks positivos, não conseguem se sentir realizados com suas conquistas. Esse sentimento de fracasso gera ansiedade, cansaço e baixa autoestima, afetando o bem-estar.
Como lidar com a dismorfia de produtividade
A dismorfia de produtividade pode estar associada a problemas de saúde mental, como ansiedade e esgotamento. Para tratar essa condição de forma adequada, é importante buscar ajuda profissional, além de adotar algumas práticas que ajudam a enxergar a realidade de forma mais objetiva.
Lindsey Ellefson, jornalista especializada em saúde mental, sugere a criação de listas com as tarefas concluídas, além das pendentes, como uma forma de reconhecer os próprios esforços.
Outro aspecto importante é reservar tempo para lazer e desconexão, uma prática que pode aumentar a produtividade e melhorar o bem-estar. Programar momentos de descanso é essencial para evitar o esgotamento.
Por fim, aprender a aceitar e valorizar elogios também é uma estratégia eficaz para mudar a percepção sobre si mesmo e o próprio trabalho. Quando se começa a acreditar na realidade dos próprios méritos, as mensagens internas de autocrítica podem ser transformadas.
A importância do equilíbrio
Muitos profissionais relatam que o maior desafio não é apenas aprender a celebrar as conquistas, mas também evitar o autojulgamento excessivo quando as coisas não saem como o esperado. É essencial encontrar um equilíbrio e dar a cada situação a devida importância, lembrando que todos estamos em constante processo de aprendizado e evolução.
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