Cirurgiã plástica, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Brasileira de Laser, mestre em cir...
iA pele é o maior órgão do nosso corpo e exerce funções indispensáveis à nossa sobrevivência, entre elas a proteção contra agressões externas e internas. Queimaduras, acidentes e retiradas de tumores são situações que geram perda de pele, necessitando que as estruturas sejam reparadas para evitar sequelas – tanto na aparência quanto no seu funcionamento –, além de permitir que as funções de barreira e proteção desempenhadas pela pele sejam preservadas.
Quando se perde tecido, mas existe abundância ou flacidez de pele na região e, após esta perda, permanece uma quantidade de tecido cutâneo disponível para ser utilizada, o processo torna-se mais simples. Entretanto, em regiões onde a pele é escassa ou a perda é muito volumosa, falta tecido para fechar o defeito resultante.
Nestes casos, o cirurgião pode dispor de táticas para trazer tecidos de outras partes do corpo (enxertos e retalhos de pele) ou pode “expandir” a pele ao redor para que ela se distenda, gere volume extra e possa ser utilizada para corrigir defeitos, cobrir próteses de mamas ou ortopédicas, cobrir áreas de alopecia (perda de cabelo), liberar áreas com retrações que impedem movimentos do corpo e permitir correções de cicatrizes, entre outras indicações.
O que é e como funciona o expansor de tecido?
O expansor de tecido é um dispositivo semelhante a uma "bolha", feito de silicone flexível, que é inserido vazio sob a área que necessita ser expandida. Possui uma fina mangueira conectada a uma válvula, posicionada embaixo da pele em um ponto acessível, o que facilita sua localização. Por meio dessa válvula, é injetado periodicamente uma solução salina para aumentar o volume do expansor.
Assim, a bolha vai tornando-se tensa e forçando a pele a se distender, em um processo semelhante ao que ocorre com a barriga de grávidas. A expansão pode ser realizada em diferentes áreas do corpo, existindo expansores de diferentes formatos e tamanhos para se adequar a cada necessidade.
A implantação do expansor
A colocação do expansor é um processo cirúrgico relativamente simples, normalmente realizado por cirurgiões plásticos, muitas vezes na mesma cirurgia na qual foi retirada a pele ou outros órgãos. Nas mastectomias, por exemplo, quando há necessidade da retirada de porções muito grandes de tecido ou da mama inteira, não é possível colocar, imediatamente, a prótese de silicone que substituirá a mama perdida, já que não há tecido para cobri-la.
Nesta situação, expansor é implantado e o processo de expansão é feito até que se disponha de pele suficiente para suportar o tamanho da prótese desejada. Posteriormente, uma nova cirurgia é realizada para a troca do expansor pela prótese de silicone. É um procedimento corriqueiramente utilizado, e possibilita reconstruções muito satisfatórias.
O processo de expansão
O processo de expansão pode ser lento – pois é preciso respeitar as características do tecido em questão –, podendo levar até 6 meses. São necessárias visitas periódicas, normalmente semanais, para que o médico realize a injeção do volume líquido e a expansão possa ir se consolidando. Esse processo pode causar desconforto e, em alguns casos, os tecidos podem não suportar a expansão, resultando em rupturas ou até na abertura de cicatrizes da cirurgia anterior.
Há o risco de infecções locais e, durante o processo, o volume cada vez maior do expansor pode gerar uma aparência distorcida da região. Com exceção de áreas como a mama, esse pode ser um grande transtorno em locais como o couro cabeludo, por exemplo, onde é praticamente impossível esconder o volume da estrutura sob a pele.
Utilizados desde a década de 50, os expansores são mais uma opção para auxiliar na reconstrução de diferentes áreas do corpo humano. A cada dia, novas doenças são passíveis de cura por meio de tratamentos sofisticados, mas, muitas vezes, muito agressivos. A cirurgia plástica, mais lembrada como uma ferramenta para aprimoramentos estéticos, consegue auxiliar na recuperação das funções de diferentes órgãos, trabalhando com expansão, reposicionamento, transferências e remodelamento de tecidos e estruturas, buscando sempre unir estética e função para devolver a autoestima e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
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