Médica graduada pela Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) da Universidade Estadual Julio de Mesquita Filho (UNESP). R...
iJornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iFazer com que as crianças comam legumes, verduras e outros alimentos saudáveis nem sempre é uma tarefa fácil, mas é fundamental não desistir. Isso porque os hábitos que cultivamos na infância têm um impacto significativo nas escolhas alimentares na vida adulta.
Se o seu objetivo é que seu filho cresça saudável e desenvolva uma boa relação com a comida, é essencial estabelecer bons hábitos desde os primeiros meses de vida, ainda na introdução alimentar. Não estamos falando de regras rígidas ou de proibir todos os alimentos com açúcar, mas de adotar práticas que ajudem a formar um paladar mais variado e uma relação positiva com os alimentos.
Hábitos que vão fazer seu filho comer bem até a vida adulta
Garantir que as crianças desenvolvam uma alimentação saudável desde cedo dá trabalho, mas o esforço vale muito a pena. De acordo com a pediatra Daniela Anderson, o segredo está em priorizar alimentos naturais, respeitar as texturas e envolver a criança no processo de aprendizado alimentar. Confira abaixo os hábitos essenciais para criar uma rotina equilibrada que seu filho levará para a vida toda:
1. Ofereça comida de verdade
Alimentos in natura, como frutas, verduras, legumes e cereais, devem ser os protagonistas do cardápio infantil. Segundo a pediatra, “é importante que você coma e ofereça para sua criança comida de verdade.” Isso significa evitar produtos industrializados e priorizar alimentos preparados de forma simples e nutritiva.
2. Inclua frutas nos lanches da manhã e da tarde
Os lanchinhos por volta das 9h e 15h podem incluir frutas frescas, sempre bem higienizadas e, dependendo da textura, cortadas ou amassadas. Daniela recomenda verificar se a fruta é segura: “Coloque um pedaço na sua boca e empurre com a língua contra o céu da boca. Se desmanchar, pode oferecer para a criança.” Essa prática permite que ela explore novos sabores e texturas com segurança.
3. Respeite os grupos alimentares nas refeições principais
O almoço e o jantar devem ser completos e balanceados, incluindo:
- Uma fonte de carboidrato
- Uma fonte de proteína vegetal
- Uma proteína animal (para famílias não vegetarianas ou veganas)
- Legumes, verduras e frutas
“Lembre-se de preparar os alimentos de forma higiênica e, se possível, cozinhar no vapor para preservar os nutrientes”, ressalta a pediatra. Além disso, estabelecer horários regulares, como 11h para o almoço e 17h30 para o jantar, ajuda na rotina e no sono da criança.
4. Permita que a criança explore os alimentos
Uma parte dos alimentos pode ser amassada e oferecida na colher, enquanto outra deve ser entregue nas mãos da criança, cortada em tiras seguras. Essa prática incentiva a autonomia e o interesse pelos alimentos. “Entregar um pedaço permite que a criança conheça a textura, o cheiro e o sabor de forma interativa”, explica Daniela.
5. Mantenha a paciência e a consistência
Introduzir novos hábitos leva tempo. Algumas crianças podem recusar certos alimentos inicialmente, mas a persistência é essencial. Repetir as ofertas e criar um ambiente positivo à mesa encoraja as crianças a experimentar.
Como os pais devem lidar com a resistência alimentar dos filhos?
Desde o início da introdução alimentar até momentos de seletividade ao longo da infância, recusar comida é algo comum – mas pode ser trabalhado com muita paciência. Segundo a pediatra Daniela Anderson, o segredo está em manter uma rotina consistente, oferecer opções variadas e respeitar o tempo da criança, sem transformar as refeições em um campo de batalha:
- Respeite o tempo de adaptação da criança: nos primeiros meses da introdução alimentar, é normal que o bebê rejeite alguns alimentos enquanto se adapta às novas texturas e sabores. “Nos primeiros meses, ou até semanas, a criança pode recusar, mas vai conhecendo os sabores e texturas. É importante manter os horários e a oferta. A rotina é essencial para que a introdução alimentar se estabeleça”, explica Daniela.
- Crie uma rotina estruturada: crianças funcionam melhor com previsibilidade, tanto para o sono quanto para a alimentação. A pediatra reforça que é fundamental manter horários regulares para as refeições e garantir que a criança esteja descansada na hora de comer: “Uma criança sonolenta vai comer pior, e uma criança sem rotina não terá bons hábitos alimentares, nem de sono ou de vida.”
Garanta que seu filho acorde cedo, tenha momentos para brincar e gastar energia, e tire sonecas nos horários adequados. Isso melhora a disposição para as refeições e contribui para hábitos saudáveis a longo prazo.
- Evite pressões e negociações durante as refeições: transformar a hora de comer em uma disputa ou em uma negociação pode aumentar ainda mais a resistência. Em vez disso, mantenha um ambiente tranquilo e incentive a criança a explorar os alimentos no próprio ritmo.
- Procure ajuda profissional, se necessário: se a resistência alimentar for persistente ou vier acompanhada de outros sinais, busque orientação médica. “Sempre que houver recusa alimentar ou seletividade, procure o pediatra ou o profissional de saúde que acompanha a família. Ele pode avaliar se há alguma condição associada”, orienta Daniela.