Psicóloga com pós-graduação em Psicologia Hospitalar, cursando formação clínica na abordagem ACP (Abordagem Centrada na...
iJornalista especializado na cobertura de temas relacionados à saúde, bem-estar, estilo de vida saudável e à pratica esportiva desde 2008.
iA Organização Mundial da Saúde (OMS) é bem clara sobre o seu alerta para pais e cuidadores de crianças pequenas: as telas não devem fazer parte do dia a dia de bebês e crianças abaixo de cinco anos de forma excessiva.
De acordo com as diretrizes divulgadas pela entidade, crianças com menos de 1 ano não devem ser expostas a dispositivos eletrônicos, enquanto as crianças de 1 a 5 anos devem passar, no máximo, 60 minutos diários diante de telas.
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Por que essa é a recomendação da OMS?
Segundo a OMS, esse tempo de exposição é limitado a atividades passivas, como assistir televisão ou jogar em aparelhos móveis, e não inclui interações mais produtivas ou educativas (tipo usar para estudos e pesquisas).
A recomendação visa combater um problema crescente: o sedentarismo e a obesidade infantil. Segundo a OMS, aproximadamente 40 milhões de crianças no mundo estão acima do peso, o que representa cerca de 6% da população infantil global.
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O impacto do tempo de tela na infância
Com a presença crescente da tecnologia nas nossas vidas, especialmente entre os mais jovens, as consequências do uso excessivo de aparelhos eletrônicos começam a ser mais evidentes.
A OMS destaca que a exposição excessiva às telas pode contribuir para o sedentarismo, que por sua vez, está fortemente relacionado ao ganho de peso excessivo e à falta de habilidades sociais, já que muitas interações ficam restritas ao mundo digital.
A recomendação da OMS é que, além de limitar o tempo de tela, crianças dessa faixa etária realizem pelo menos 180 minutos de atividades físicas ao longo do dia, como caminhar, correr, pular, dançar e brincar ao ar livre.
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O equilíbrio entre tecnologia e atividade física
Apesar de as questões relativas à saúde física serem importantes quando o assunto é limitar o uso de telas, a psicóloga Mayara Lima Vianna Gomes, em artigo no MinhaVida, explica que a questão vai além:
“É importante entender que celular não é brinquedo. Os pais precisam monitorar regularmente o uso do celular e orientar a consumir sites e aplicativos que ofereçam conteúdo apropriado para crianças de acordo com cada idade", afirma a especialista.
Ela também reforça que, embora a tecnologia deva ser usada com moderação, ela pode trazer benefícios quando usada de maneira equilibrada.
“O celular faz parte hoje da rotina em nossas vidas e pode trazer benefícios quando usado na medida certa. Por exemplo, a tecnologia oferece a facilidade de comunicação com pessoas em qualquer lugar do mundo, acessando aplicativos e programas com conteúdo educativo que podem, inclusive, ajudar nas lições de casa", opina Mayara.
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Alternativas para um desenvolvimento saudável
A OMS defende que as atividades infantis devem se concentrar em práticas que estimulem o desenvolvimento motor e social, como brincadeiras ao ar livre e a interação com os pais. As orientações também sugerem a leitura de livros, contação de histórias e o envolvimento das crianças em tarefas domésticas simples, que podem substituir a exposição a telas.
Segundo a entidade, crianças com até cinco anos de idade devem explorar o mundo de maneiras mais físicas e reais, com interação com outras crianças e adultos, o que cria uma base sólida para habilidades cognitivas, motoras e sociais que serão essenciais na vida adulta.
Além disso, ao promover atividades físicas, os pais também ajudam na prevenção de doenças como a obesidade e outros problemas de saúde que têm se tornado mais prevalentes em faixas etárias cada vez mais jovens.
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A importância do exemplo dos pais
Os pais desempenham um papel crucial nesse processo. A prática de atividades físicas em conjunto e a diminuição do tempo de tela são um exemplo positivo para as crianças, mostrando que o “mundo off-line” oferece muitas oportunidades de aprendizado e diversão.
Em resumo, o limite de tempo de tela recomendado pela OMS para crianças menores de cinco anos é uma medida importante para o bem-estar infantil, mas deve ser apenas uma parte de uma rotina equilibrada.
Ao promover atividades físicas e momentos de interação social, os pais podem ajudar seus filhos a crescerem de forma saudável, desenvolvendo habilidades essenciais para a vida e garantindo um futuro livre do sedentarismo.