Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iA maioria das espécies se comunica de alguma forma. Todos os animais fazem isso, mas nenhum tem o que nós temos: a linguagem. Embora saibamos muito pouco sobre como ela surgiu, como explicou a linguista Maggie Tallerman no programa World of Mouth da BBC 4, “pensa-se que a linguagem tenha pelo menos 50.000 anos, mas a maioria dos linguistas acredita que seja consideravelmente mais antiga. Alguns estimam que possa ter até meio milhão de anos.”
O que começou como uma linguagem gestual tornou-se uma linguagem falada e, mais tarde, uma linguagem escrita. Milênios depois, a Geração Z está lentamente perdendo essa capacidade.
A Geração Z encontra cada vez mais dificuldade para escrever
Se pensarmos em evolução, é natural supor que mudanças ocorram. Por exemplo, quando surgiram os automóveis, as carruagens puxadas por cavalos gradualmente deixaram de ser usadas. Quando as calculadoras apareceram, os ábacos caíram em desuso. Da mesma forma, com o avanço da tecnologia, a linguagem escrita também mudou. Segundo a professora Nedret Kiliceri, entrevistada pelo Türkiye Today, estudantes universitários não conhecem as regras básicas da escrita porque nasceram em um mundo digital.
“A escrita dos alunos é inclinada para baixo ou para cima, e sua caligrafia muitas vezes é ilegível. Antigamente, os estudantes estavam mais acostumados a escrever com papel e lápis, mas hoje lidam desde cedo com telas e teclados. Isso prejudica a caligrafia, especialmente no ensino médio e na faculdade”, explicou Kiliceri. A Geração Z está perdendo a habilidade de escrever à mão e de se expressar com clareza, capacidades que a humanidade desenvolveu e transmitiu por mais de 5.500 anos, o que tem preocupado especialistas.
Estima-se que o sistema de escrita cuneiforme, o primeiro método de escrita, tenha sido inventado há cerca de 5.500 anos. No entanto, habilidades que não são utilizadas tendem a atrofiar, e esse é o desafio enfrentado pela Geração Z. Além das dificuldades em escrever à mão, especialistas afirmam que os jovens têm pouca familiaridade para elaborar ideias complexas em textos.
Eles preferem transmitir informações básicas em poucas palavras, resumindo ideias em menos de 10 palavras. Evitam frases longas e já não constroem parágrafos significativos, optando por frases curtas e independentes, algo que muitos atribuem à influência das redes sociais. Assim, ao migrar da escrita tradicional para a digital, a primeira está sendo lentamente abandonada.
O impacto da escrita digital
Um estudo da Universidade de Stavanger, na Noruega, revelou que, após apenas um ano focando exclusivamente na escrita digital, 40% dos alunos perderam a fluência na caligrafia. Esses jovens apresentam uma escrita pouco legível, enfrentam desconforto físico ao escrever e se cansam mais rapidamente ao usar papel. Embora a Geração Z demonstre maior habilidade de síntese em comparação com gerações anteriores, suas dificuldades em escrever e se comunicar com clareza são evidentes.
Ferramentas digitais estão transformando a linguagem e a escrita, e essa mudança não é percebida apenas por professores. Membros da Geração Z também expressam preocupação em fóruns como o Reddit, onde relatam a sensação de estarem perdendo a capacidade de escrever devido ao estresse universitário e a um sistema educacional que não valoriza as habilidades individuais de cada aluno. Alguns especialistas sugerem que é essencial reservar um tempo específico para praticar a escrita manual. Outros defendem uma abordagem híbrida, alternando entre escrita digital e à mão.
Independentemente da solução, uma coisa é certa: se nada for feito, corremos o risco de perder algo que nos acompanha há mais de 5.000 anos.