Psicóloga com formação e atuação em Terapia Cognitivo Comportamental, especialista em neurociências, comportamento e psi...
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Há de se convir que todo mundo já contou uma mentira ou outra, e isso, a depender da situação, costuma não ser algo tão grave assim. Agora quando se trata de um cenário onde a pessoa mente com uma frequência fora do comum, é preciso acender um sinal de alerta, pois isso pode se tratar de mitomania, bem como alguns transtornos mentais.
Ao MinhaVida, Adriana Ferreira Marcelino, psicóloga do grupo Mantevida, diz que a facilidade em mentir pode estar associada ao transtorno de personalidade antissocial (TPAS) e ao transtorno de personalidade narcisista. Em ambos, a mentira é utilizada com frequência, como forma de manipulação.
“Além disso, o transtorno factício (ou síndrome de Munchausen) envolve a fabricação deliberada de sintomas de doenças para atrair atenção ou cuidados médicos, configurando uma forma de mentira patológica. Embora a mentira patológica (mitomania) não seja reconhecida como um diagnóstico independente no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), ela pode ser observada como um comportamento presente em outros transtornos”.
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Como diferenciar a mentira pontual de um padrão comportamento que indica algum transtorno?
Mentira pontual
Segundo a especialista, normalmente, trata-se de uma situação específica, que não se repete com frequência. “Ela pode ser motivada por medo, vergonha ou necessidade de evitar uma consequência. A pessoa pode se sentir culpada ou arrependida após mentir”.
Padrão de comportamento
Já quando as mentiras são constantes, fazendo parte da personalidade do indivíduo, é possível que as sejam características de um transtorno. “As mentiras são repetidas, sem motivo claro, e muitas vezes envolvem a manipulação de fatos. A falta de remorso, além da persistência ao longo do tempo, é uma indicação de que a pessoa pode estar lidando com um transtorno de personalidade”.
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Fatores que contribuem para esta condição
- Histórico familiar: transtornos de personalidade ou problemas de comportamento na família podem aumentar o risco;
- Experiências negativas na infância: abuso, negligência ou crescer em um ambiente instável pode afetar o desenvolvimento e levar a comportamentos manipulativos e mentirosos;
- Ausência de relações afetivas: a ausência de uma figura parental ou de laços afetivos fortes pode dificultar o manejo das emoções e das relações, contribuindo para comportamentos manipulativos;
- Recompensa por comportamento: se a pessoa aprende que mentir é benéfico, como evitar punições ou ganhar algo, pode desenvolver um padrão de comportamento mentiroso.
Tratamentos para quem sofre de transtornos associados à mentira
Adriana conta que o tratamento para transtornos relacionados à mentira inclui psicoterapias, como a terapia cognitivo-comportamental, que ajuda a identificar e modificar padrões de comportamento, e a terapia psicodinâmica, que foca nas causas profundas, como traumas ou baixa autoestima.
“Já a terapia de grupo promove a interação e o aprendizado de comportamentos sociais mais saudáveis. Em alguns casos, medicamentos podem ser usados para tratar sintomas como impulsividade ou ansiedade, mas não tratam diretamente o comportamento de mentir”, conclui a psicóloga.
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