Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iAdam Galinsky é psicólogo social e vice-reitor de Diversidade, Equidade e Inclusão na Columbia Business School, onde leciona Liderança e Ética. Sua pesquisa se concentra em liderança, tomada de decisões e sucesso, e ele acaba de publicar um livro sobre os impactos da comunicação, muitas vezes despercebidos. Em Inspire: O Caminho Universal para Liderar a Si Mesmo e aos Outros, ele explica como certos comentários aparentemente inofensivos podem ter efeitos negativos, especialmente na relação entre pais e filhos, já que as crianças estão em pleno desenvolvimento.
Uma dessas frases, segundo o próprio Galinsky afirmou em entrevista à CNBC Make It, é amplamente utilizada pelos pais, sem que percebam o impacto que ela pode ter na confiança dos filhos. Como ele destaca: “Tentamos usá-la de forma motivadora, mas não percebemos o quanto pode ser prejudicial para as crianças”. Essa frase costuma ser dita quando os pais querem corrigir um comportamento: “Estou decepcionado com você”.
O impacto da frase “Você me decepcionou” na inteligência emocional das crianças
O psicólogo Dr. Jeffrey Bernstein explicou na Psychology Today que, embora os pais possam sentir decepção, a forma como expressam esse sentimento pode afastá-los ou aproximá-los dos filhos. Galinsky acrescenta que essa simples frase de três palavras pode provocar um sentimento de vergonha nas crianças. E, segundo ele, “a vergonha não é uma emoção produtiva porque leva à evitação”, dificultando a reflexão e a solução de problemas. Pelo contrário, é um sentimento “debilitante e desestabilizador”.
“Expressar decepção pode causar feridas emocionais profundas e prejudicar a relação entre pais e filhos. É essencial reconhecer que todos enfrentamos desafios e dificuldades em algum momento”, explica Bernstein. Ele sugere que, em vez de enfatizar a decepção, os pais transmitam preocupação e apoio, pois as crianças precisam de empatia e comunicação eficaz para desenvolver confiança – especialmente quando enfrentam dificuldades ou cometem erros.
Como alternativa, Bernstein recomenda frases como: “Fiquei um pouco triste com isso, mas acho que podemos conversar com calma para entender melhor”, ou “Todos nós cometemos erros. Me ajude a entender o que aconteceu”, em vez do devastador “Você me decepcionou”.
Para Galinsky, a culpa é um motivador mais eficaz do que a vergonha porque “leva à reparação”. Se o objetivo dos pais é ensinar os filhos a aprenderem com os erros, evitar a frase “Estou decepcionado com você” é essencial. Em vez disso, ele sugere dizer claramente o que a criança fez de errado e perguntar como ela pode melhorar no futuro. “Isso ensina às crianças que desafios podem ser superados, mesmo que não acertem na primeira ou na segunda tentativa”, explica. Dessa forma, trabalhamos a resiliência delas – uma habilidade essencial para o sucesso futuro.
Além disso, ao evitar essa frase, os pais ajudam a normalizar o fato de que todos cometemos erros e que isso faz parte do crescimento. Assim, a criança não cresce acreditando que precisa ser perfeita. Os erros são ferramentas poderosas de aprendizado e, em muitos casos, inevitáveis. Quando a criança falha, é muito mais produtivo explicar o que aconteceu e como corrigir, em vez de minar sua autoestima com um “Você me decepcionou”.
A terapeuta infantil Kelsey Mora reforça que crianças emocionalmente inteligentes aceitam seus erros, pois entendem que errar faz parte do crescimento e do aprendizado. Já a psicóloga Iria Reguera explica que pessoas resilientes não apenas superam desafios, mas transformam essas experiências em aprendizado, tornando-se mais fortes e preparadas para o futuro.
Se queremos desenvolver a resiliência das crianças e prepará-las da melhor forma para os desafios da vida, é hora de abandonar a frase “Você me decepcionou”.
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