
Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
i
Medicamentos para emagrecer da família dos agonistas hormonais GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon 1), como Zepbound e Wegovy, revolucionaram o mercado farmacêutico global. O sucesso desses remédios no tratamento do diabetes se deve, em grande parte, ao seu efeito emagrecedor, mas as implicações desse fenômeno vão muito além.
Uma das descobertas mais recentes sobre a semaglutida está relacionada à redução do consumo de álcool. Um novo estudo encontrou indícios de que esse composto ativo, presente em medicamentos como Wegovy, pode ajudar no tratamento da dependência alcoólica, abrindo caminho para novas abordagens terapêuticas.
Leia mais: É isso o que acontece com o seu organismo quando você fica 30 dias sem álcool
De medicamento para diabetes a fenômeno social global
A semaglutida começou a ganhar popularidade há cerca de dois anos, quando passou a ser utilizada não apenas para controlar os níveis de açúcar no sangue em pessoas com diabetes tipo 2, mas também como um tratamento eficaz para a perda de peso. Seu impacto foi tão grande que órgãos reguladores passaram a aprová-la para esses fins.
Com o aumento da demanda, novos efeitos da semaglutida começaram a ser observados – e alguns deles eram positivos. Foi então que cientistas e laboratórios passaram a investigar essas novas possibilidades, incluindo a aparente redução no consumo de álcool entre os usuários do medicamento.
Como a semaglutida pode influenciar o consumo de álcool?
O hormônio GLP-1 desempenha um papel essencial no organismo, especialmente na regulação da saciedade. Medicamentos que imitam sua ação proporcionam essa sensação, levando a uma diminuição na ingestão de alimentos e, consequentemente, à perda de peso.
No entanto, relatos de usuários começaram a indicar que essa influência não se limitava à alimentação, mas também afetava o consumo de bebidas alcoólicas. Embora o mecanismo exato ainda não esteja totalmente esclarecido, acredita-se que os mesmos processos que reduzem o apetite também podem diminuir o desejo por álcool.
Além disso, a semaglutida tem efeitos colaterais gastrointestinais, como náuseas e vômitos. Esses sintomas podem tornar bebidas alcoólicas – assim como certos alimentos – menos atrativas, contribuindo para uma redução no consumo.
Saiba mais sobre o estudo que envolveu 48 participantes e um resultado promissor
Para investigar essa relação, pesquisadores conduziram um ensaio clínico aleatório e controlado por placebo. Os 48 participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um recebeu semaglutida e o outro, placebo.
Os resultados mostraram que os participantes que tomaram semaglutida consumiram menos álcool em comparação com aqueles que receberam placebo. Embora a frequência do consumo não tenha diminuído, a quantidade ingerida foi significativamente menor.
“Esses dados sugerem o potencial da semaglutida e de medicamentos semelhantes para suprir uma necessidade existente de tratamento para o transtorno do uso de álcool”, explicou Klara Klein, membro da equipe responsável pelo estudo, em um comunicado à imprensa. “Estudos maiores (...) são necessários para compreender completamente a segurança e a eficácia em pessoas com esse transtorno, mas esses resultados iniciais são promissores.”
Os detalhes do estudo foram apresentados em um artigo publicado no periódico JAMA Psychiatry.
Mesmo com esses resultados, a análise deve continuar
Embora os resultados sejam animadores, o pequeno número de participantes sugere que ainda há muito a ser investigado. Para entender melhor o potencial da semaglutida no combate ao vício e a transtornos relacionados, serão necessários estudos mais amplos, com amostras maiores, a fim de explorar em detalhes os mecanismos biológicos envolvidos, bem como os riscos desse uso.
Enquanto isso, outras equipes seguem investigando os riscos e benefícios potenciais dessa classe de medicamentos. Um exemplo promissor é seu possível impacto na saúde do coração. Embora já existam indícios de benefícios, assim como no caso do consumo excessivo de álcool, mais pesquisas são necessárias para confirmar essas descobertas.
Leia também: Como os diferentes tipos de bebidas alcoólicas estão relacionados às emoções?