Paulo Serafini é médico graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e possui doutorado em Medicina (Obstetr...
iA endometriose é uma das doenças mais complexas e misteriosas, tanto para as mulheres quanto para os médicos. Mesmo assim, é mais comum do que se imagina - afeta cerca de 5% a 15% do total de mulheres em idade fértil e de 20% a 40% das mulheres com dificuldades para engravidar.
A doença consiste na presença de tecido endometrial (o mesmo tecido que reveste o interior do útero e que é expelido durante a menstruação) fora da cavidade uterina. Pode atingir qualquer parte do corpo, porém é mais comumente encontrada no interior do abdômen próximo ao útero, ovários e tubas uterinas.
Os principais sintomas são dores intensas durante a relação sexual e antes da menstruação, fluxo menstrual irregular e um desconforto que incomoda muitas vezes durante anos a fio. As dores causadas pela endometriose crescem em intensidade com o passar do tempo. Em alguns casos, os sintomas surgem cedo a partir de 18 ou 20 anos de idade - e evoluem de maneira dolorosa, afetando a qualidade de vida pela falta de um diagnóstico correto.
Em outros, a doença age de forma silenciosa e só é diagnosticada a partir do momento em que as tentativas de gravidez são frustradas. Apesar de várias teorias terem sido propostas, as causas do problema ainda são desconhecidas. Sabe-se que a doença é resultado de um desequilíbrio hormonal e que compromete a fertilidade. Pode impedir a gravidez tanto em mulheres jovens quanto em mulheres maduras, que por adiar a concepção, correm risco maior de desenvolver a patologia.
Podemos classificar a endometriose entre leve, moderada ou profunda. O tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico. A primeira opção se mostra bastante eficaz no controle da dor, porém não cura a doença. Trata-se de uma opção temporária ou coadjuvante menos efetiva, mas que ainda tem lugar no arsenal terapêutico atual. O medicamento utilizado varia e vai depender dos sintomas, das características da paciente, do estágio da doença e de objetivos a serem alcançados com o tratamento. De maneira geral, as substâncias utilizadas apresentam muitos e variados efeitos colaterais e impedem a ocorrência da gravidez, pois têm como objetivo reduzir a atividade dos ovários e cessar a menstruação. Os sintomas da endometriose tendem a voltar após a parada da medicação.
Já o tratamento cirúrgico consiste na retirada da maior quantidade possível de tecido endometrial com o objetivo de preservar a fertilidade. A técnica utilizada é a laparoscopia e a extensão da cirurgia vai depender da extensão das lesões apresentadas. Desenvolvemos um estudo científico que comprova a eficácia da cirurgia em casos avançados. Análises preliminares mostram tendência a maiores taxas de gravidez após a cirurgia e, inclusive, algumas pacientes engravidaram espontaneamente durante o período de recuperação entre a intervenção e o tratamento.
Diante de um tema tão complexo, os diretores da Huntington resolveram escrever o livro Endometriose: resolvendo a dor e o sonho de ser mãe. O objetivo foi o de prover informações às mulheres, com ou sem o problema, através do relato de casos reais e comoventes em torno da questão endometriose x fertilidade. No livro, nossas pacientes contam a evolução da doença em suas vidas e os resultados obtidos a partir de tratamentos. A obra enfatiza um ponto fundamental: a necessidade de um diagnóstico precoce e correto para que a fertilidade e a qualidade de vida de inúmeras mulheres sejam preservadas ao máximo.
Paulo Serafini é ginecologista e especialista em Reprodução Humana, diretor da Huntington Medicina Reprodutiva, é um dos autores do livro Endometriose: resolvendo a dor e o sonho de ser mãe.
Para saber mais, acesse: www.huntington.com.br