
Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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Não é possível criar uma conexão verdadeira com alguém sem revelar, pelo menos um pouco, quem somos. Mesmo para os introvertidos, é essencial compartilhar algo para estabelecer um vínculo mais profundo. Além disso, essa troca, feita de forma gradual e recíproca, fortalece as amizades. E há uma maneira simples de colocar isso em prática, de acordo com um psicólogo de Harvard.
Adam Mastroianni é um psicólogo social com doutorado pela Universidade de Harvard que pesquisa o comportamento humano e compartilha suas descobertas no blog “História Experimental”. Durante seu mestrado, ele se dedicou a responder uma questão intrigante: as conversas terminam quando as pessoas querem ou há algo que as faz se prolongar?
Mastroianni encontrou uma resposta simples: tudo depende do nível de troca entre os participantes. Quando esse jogo de dar e receber acontece de maneira equilibrada, cria algo que o psicólogo americano James J. Gibson chamou de affordances — características do ambiente que possibilitam ações. No contexto de uma conversa, segundo Mastroianni, isso inclui confissões, afirmações ousadas ou digressões. Ou seja, são elementos que impulsionam o diálogo e funcionam como "maçanetas" sociais.
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O que são "maçanetas" em uma conversa e como usá-las?
“O que mais importa não é o quanto damos ou recebemos, mas se oferecemos e aceitamos possibilidades”, afirma Mastroianni. Estar disposto a apresentar essas "maçanetas" e também a abrir as que os outros nos oferecem é o que dá profundidade a um bate-papo. “Superestimamos o desconforto de uma conversa profunda e, por isso, acabamos presos a diálogos superficiais e sem graça.”
As "maçanetas" são oportunidades para que a conversa se desenvolva. Um tema pode ser qualquer coisa que desperte o interesse da outra pessoa, seja porque ela se identifica com o assunto, porque relembra uma experiência ou porque gera curiosidade.
Se você compartilhar algo sobre si mesmo, pode despertar essa conexão no outro. Mas, se quiser criar uma "maçaneta" eficaz, o mais importante é ouvir. “Os melhores parceiros de conversa são excelentes ouvintes; eles percebem quando há uma porta entreaberta”, explica Mastroianni. Preste atenção ao que a outra pessoa diz e tente se conectar com ela, trazendo suas próprias ideias de forma natural.
Vou dar um exemplo. Se alguém perguntar: “Como foi seu fim de semana?”, evite responder com um simples “Bem, obrigado. E o seu?”. Em vez disso, ofereça algo que permita que a conversa continue:
- “Passei o fim de semana inteiro lendo um livro que me prendeu do começo ao fim.”
- “Descobri um bairro novo em Madri enquanto tomava uns drinks e adorei.”
- “Fui para as montanhas e acabei sendo perseguido por um javali!”
- “Assisti ao filme que ganhou o Oscar e, para ser sincero, me decepcionou bastante.”
O conteúdo da sua resposta não precisa ser extraordinário, desde que forneça um gancho para que o outro possa desenvolver a conversa. Depois, basta ouvir com atenção e seguir o fluxo. O bate-papo evoluirá naturalmente, quase como mágica.
Ofereça um pouco de si e tente se conectar com o que o outro compartilha. Quem sabe essa troca pode até ser o começo de uma amizade para a vida toda.
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