
Psicóloga clínica, formada pela Universidade Jorge Amado (unijorge), onde teve contatos com vivências diferentes q...
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Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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Hoje em dia, a internet faz parte da rotina de crianças e adolescentes como nunca antes — seja para estudar, conversar com os amigos ou se divertir. Mas, junto com o entretenimento, também surgem os riscos desse ambiente virtual: exposição a conteúdos inadequados, golpes, cyberbullying e até aproximação de pessoas mal-intencionadas. É aí que bate a dúvida (e, muitas vezes, o medo): como proteger os filhos nesse universo tão amplo e cheio de armadilhas?
Embora pareça difícil, a especialista Alessandra Rameth, psicóloga integrante da AfroSaúde, afirma que é possível garantir mais segurança online — e que o primeiro passo é a informação. Veja o que todo responsável precisa saber sobre os perigos da internet e quais atitudes fazem toda a diferença na hora de proteger crianças e adolescentes — sem precisar recorrer a proibições radicais.
Os riscos do livre acesso à internet para crianças e adolescentes
Dar um celular ou tablet para uma criança pode parecer uma solução prática — especialmente quando a tecnologia está tão presente no nosso dia a dia. Mas o livre acesso à internet exige atenção. Apesar de ser uma ferramenta cheia de possibilidades, o ambiente digital também esconde perigos que nem sempre são visíveis a olho nu.
"A internet é um espaço extremamente ambíguo", explica a psicóloga Alessandra Rameth. "Ao mesmo tempo em que oferece inúmeros recursos educativos e de lazer, também apresenta riscos, como a exposição a conteúdos inadequados, o cyberbullying, o contato com desconhecidos e a dependência digital — que pode trazer prejuízos à saúde mental, como dificuldade de concentração, ansiedade, baixa autoestima, entre outros."
O problema é que, sem a supervisão e a orientação de adultos, os mais jovens podem se deparar com situações para as quais ainda não têm maturidade emocional ou senso crítico suficiente. Isso inclui desde vídeos com violência ou linguagem imprópria até abordagens de pessoas mal-intencionadas em redes sociais e jogos online.
Outro aspecto que preocupa é o tempo de tela. "Quando há uso excessivo e sem critérios, a criança ou o adolescente pode desenvolver uma espécie de dependência digital", alerta a especialista. "Isso impacta diretamente a qualidade do sono, a disposição para atividades físicas, o desempenho escolar e até as relações familiares e sociais."
Como identificar os sinais de que algo está errado com os filhos?
Nem sempre é fácil perceber quando algo não vai bem com os filhos — especialmente durante a adolescência, quando mudanças de comportamento são comuns. Mas alguns sinais merecem atenção especial dos pais, pois podem indicar que algo mais sério está acontecendo, seja na escola, nas amizades ou no ambiente virtual.
Segundo a psicóloga Alessandra Rameth, a melhor forma de identificar esses sinais é construir uma base sólida na relação familiar. “Sempre digo que, entre pais e filhos, deve existir diálogo constante, confiança mútua e respeito à privacidade”, afirma. “Isso fortalece o vínculo e facilita a percepção de mudanças bruscas de comportamento.”
Essas mudanças, segundo a especialista, podem surgir de várias formas: irritabilidade fora do comum, isolamento, queda no rendimento escolar ou excesso de segredo sobre o que fazem no celular ou no computador. “É importante observar também o medo ou a ansiedade excessiva ao usar — ou ao se afastar — das telas, além de reações emocionais muito intensas após alguma interação online”, pontua Alessandra.
Esses comportamentos podem ser sinais de que a criança ou o adolescente está enfrentando uma situação desconfortável — como bullying, exposição a conteúdos impróprios ou até assédio virtual. Para que se sintam seguros em compartilhar essas experiências, é fundamental que os pais estejam emocionalmente disponíveis, sem julgamentos ou reações impulsivas.
“Pais que ouvem mais e reagem menos criam um espaço seguro para os filhos se expressarem”, orienta a psicóloga. E, quando necessário, buscar apoio de um profissional de saúde mental pode ser o caminho ideal para ajudar a família e a criança ou adolescente a passar por esse momento de forma mais saudável.
Estratégias para uma navegação mais segura
A psicóloga Alessandra Rameth defende que a base de tudo é uma parceria real entre adultos e crianças. “Uma relação de parceria é essencial para uma convivência funcional e respeitosa entre pais e filhos”, afirma. “Assim, é possível construir um ambiente em que os filhos se sintam seguros para compartilhar dúvidas, medos, erros ou situações desconfortáveis.”
Na prática, isso começa com combinados bem definidos. “Estabelecer regras claras sobre o tempo de uso, os horários e os tipos de conteúdo permitidos é essencial para oferecer estrutura e segurança no uso da internet”, explica a especialista. Além disso, ferramentas de controle parental podem ser grandes aliadas — desde que utilizadas com equilíbrio. “Elas não devem substituir o diálogo, o respeito e a presença ativa dos pais”, reforça Alessandra.
Outro ponto importante é ensinar o uso consciente da internet desde cedo. Isso inclui saber identificar fake news, golpes e interações que representem risco. “Educar para o uso crítico da internet é uma forma de empoderar crianças e adolescentes para que façam escolhas mais seguras”, orienta a psicóloga.
Alessandra também destaca a importância de acompanhar o que os filhos estão consumindo online — sempre com respeito. “Acompanhar de forma respeitosa os conteúdos acessados e as redes utilizadas demonstra interesse e cuidado, sem invadir a privacidade de maneira autoritária”, afirma. “É importante entender que privacidade não significa ausência de limites, e sim um respeito à autonomia que está em construção.”
Por fim, estimular atividades fora do ambiente digital faz toda a diferença. “O equilíbrio com o mundo offline é necessário para um desenvolvimento saudável. Incentivar esportes, brincadeiras, leitura e interações presenciais ajuda a construir esse equilíbrio”, conclui.
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