Coordenadora do curso de Nutrição da UNINOVE. Possui Doutorado e Mestrado em Nutrição Humana Aplicada. Experiência na ár...
iNas últimas décadas, a elevação da expectativa de vida no grupo de mulheres que hoje, no Estado de São Paulo, ultrapassa os 76 anos proporciona mais de 25 anos de vida após a menopausa. As alterações metabólicas decorrentes da transição para a pós-menopausa estão associadas ao aumento na prevalência de inúmeras afecções na mulher, como a obesidade, a doença cardiovascular, a osteoporose e até mesmo o câncer.
A redução na taxa metabólica basal, em conseqüência da queda dos níveis de estrogênio e também do processo de envelhecimento, ocasiona uma diminuição significativa no gasto energético, associada ao aumento na prevalência de excesso de peso na mulher. Para a avaliação do estado nutricional de mulheres nessa fase da vida, recomenda-se o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), utilizado para avaliar a adequação do peso para a estatura, a Relação Cintura/Quadril (RCQ), empregada para analisar a distribuição de gordura corporal e o risco cardiovascular e, quando possível, o percentual de gordura corporal, voltado para a avaliação da composição corporal (massa magra e gordura).
Dentre os principais fatores dietéticos relacionados às doenças que mais acometem as mulheres no climatério destacam-se o alto consumo de alimentos ricos em gordura saturada, colesterol e açúcares simples e o consumo deficiente de alimentos ricos em cálcio.
Para a avaliação nutricional, a detecção dos fatores dietéticos que podem ser modificados e a reorientação em busca de um hábito alimentar saudável, são necessárias para a avaliação do consumo alimentar, realizada por meio de métodos confiáveis e por profissionais treinados. Apesar do esforço do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em exigir a veiculação das informações nutricionais obrigatórias nos rótulos dos alimentos embalados, observa-se uma grande dificuldade para o entendimento do seu significado e para a aplicação prática dessas informações.
Evidências de inúmeras pesquisas também apontam os fitoestrogênios substâncias semelhantes estruturalmente aos estrogênios, presentes em alimentos como a soja, a linhaça e os brotos de soja e de feijão como uma alternativa viável e sem efeitos colaterais para a prevenção dos agravos decorrentes da perda da proteção estrogênica.
Os resultados mais convincentes do possível papel das isoflavonas têm sido atribuídos à melhora no perfil de lipídios no sangue (triglicérides, colesterol e as suas frações). Baseada nesses estudos, em 1999, a Food and Drug Administration (FDA) recomendou o consumo de 25g/dia de proteína de soja como parte de uma dieta pobre em gordura saturada e colesterol para reduzir o risco de doenças do coração.
Até o momento, não há estudos conclusivos sobre o efeito das isoflavonas extraídas da soja na ausência dessa proteína; portanto, o consumo desses suplementos não deve ser incentivado, uma vez que, sem dúvida, há a necessidade de informações mais completas sobre as doses mais adequadas e efetivas para as mulheres que procuram uma alternativa natural para aliviar os sintomas da menopausa.
Como consenso na literatura, pode-se enfatizar que hábitos alimentares adequados são de extrema importância na prevenção e também no tratamento de vários distúrbios que comprometem a saúde da mulher. Uma dieta que propicie quantidade e qualidade adequada de gorduras evitando-se alimentos ricos em gorduras saturadas e trans com carboidratos provenientes principalmente de cereais integrais, hortaliças e frutas, é associada a um menor risco de doenças crônicas.
Inúmeros estudos recentes destacam a dieta e a prática de atividades físicas como pontos fundamentais na prevenção primária das afecções crônicas, que atualmente figuram como as principais causas de mortalidade em todo o mundo.
Esse fato justifica a importância da divulgação e da implantação de medidas preventivas relacionadas ao estilo de vida, visando uma melhoria da qualidade de vida em idades avançadas.
Ana Paula França possui graduação em Nutrição, pela Universidade de São Paulo (USP), especialização em Saúde da Mulher no Climatério, pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e mestrado e doutorado em Nutrição Humana Aplicada, pela Universidade de São Paulo FCF/FEA/FSP.
Atualmente, é professora e coordenadora do curso de Nutrição da Universidade Nove de Julho (UNINOVE). Tem experiência na área de Nutrição em Saúde Coletiva, com ênfase em Avaliação Nutricional, atuando, principalmente, nos temas Saúde da Mulher, Climatério, Menopausa, Obesidade e Doença Cardiovascular.