Bacharela em Fonoaudiologia pela PUC-SP desde 1987. Atua no Conselho Regional de Fonoaudiologia: 4348/5-SP. Pós-graduada...
iMinhas filhas, assim como milhões de crianças, retornaram às aulas no início de fevereiro. Ano letivo novo, novos professores, novas caras e novas vozes.
Interessante que, talvez por serem filhas de fonoaudióloga, a leitura , ou seja, a percepção do talento dos professores está intimamente relacionada com as vozes dos mesmos.
Minha caçula, com apenas sete anos, imita a voz de sua professora com perfeição e a relaciona com sua personalidade, dando prontamente a mais sincera definição:
É bem assim, mamãe - e faz uma curva entoacional desafinada e para baixo - ela é meio desanimada, sabe? Mas ATÉ que é legal, tirando aquela voz irritante...
Já a de dez anos passou para o ginásio e tem várias vozes e personalidades para descrever:
A professora tal é insuportável, mamãe, não explica nada, manda a gente ficar lendo sozinha, além de falar tudo errado, tropeçar nas palavras, a língua projetada entre os dentes, um horror .
A outra é esforçada, tadinha, pena que seus dentes sejam tão tortos, que ela fale chiando, além de estar velhinha e sua voz sair tremendo...
Já uma outra é toda atrapalhadinha, tem que ver que voz estranha, fala sussurrando, parece que não tem fôlego .
Mas a de Matemática, que legal que ela é! Explica tudo claramente, mesmo o exercício mais difícil faz parecer fácil e, adivinha! Sabe aqueles fones de ouvido que usam os operadores de telemarketing que você dá treinamento? Ela dá a aula com um ligado a um gravador com alto-falante que ela leva, disse que já teve problema de voz e a fonoaudióloga indicou, é tão legal! Parece que estou assistindo a um show e ela não faz esforço algum, quando tira o microfone dá para ver que ela está falando baixinho!
Encanto-me com minhas pequenas especialistas em voz e penso o quanto essas experiências auditivas são marcantes e fazem parte do processo de aprendizagem delas.
Poder perceber o lado das crianças, de seu aprendizado e bem estar é muito enriquecedor, pois confirma que estamos no caminho certo ao buscarmos as nossas verdadeiras vozes, aprendendo a ouvir os seus apelos por cuidados, atenção, apelos estes em forma de cansaço, soprosidade, rouquidão, desafinação, entre outros.
Ouvir a escuta das crianças é ouvir a voz do coração.
Espero que, neste próximo de ano letivo, os professores intensifiquem os cuidados individuais e a luta coletiva por melhores condições de saúde vocal para o exercício dessa profissão tão importante.
Um abraço!
Solange Dorfman Knijnik é fonoaudióloga (PUCSP) e especialista em telemarketing pelo Instituto Brasileiro de Telemarketing. Pós-graduanda em Gestão em Fonoaudiologia. Autora do livro e curso Telemarketing da Melp Editora, Ministra palestras e treinamentos há 07 anos.
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