Joji Ueno é ginecologista-obstetra. Dirige a Clínica Gera e o Instituto de Ensino e Pesquisa em Medicina Reprodutiva de...
iAs Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) são doenças causadas por vários tipos de agentes. São transmitidas, principalmente, por contato sexual, por meio do sexo sem proteção - sem o uso de camisinha - por uma pessoa que esteja infectada. Geralmente, se manifestam por meio de feridas, corrimentos, bolhas ou verrugas.
Algumas DST são de fácil tratamento. Outras, contudo, têm tratamento mais difícil ou podem persistir ativas, apesar da sensação de melhora relatada pelos pacientes. As mulheres, em especial, devem ser bastante cuidadosas, uma vez que, em diversos casos de DST, não é fácil distinguir os sintomas das doenças das reações orgânicas comuns de seu organismo. Isso exige da mulher consultas periódicas ao médico. Algumas DST, quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complicações graves, como a incapacidade de engravidar, e até mesmo a morte.
Uma das principais preocupações relacionadas às DST é o fato de facilitarem a transmissão sexual do HIV. Quando acometem gestantes, podem atingir o feto durante seu desenvolvimento, causando-lhe lesões. Podem também provocar uma interrupção espontânea da gravidez (aborto), determinar uma gravidez ectópica (fora do útero) ou, ainda, causar o nascimento de crianças com graves malformações. Durante o parto, podem atingir o recém-nascido, causando doenças nos olhos e pulmões. Diante dessas possibilidades, o acesso irrestrito das pessoas ao diagnóstico precoce e tratamento adequado de todas as DST é fundamental. O uso de preservativos em todas as relações sexuais é o método mais eficaz para a redução do risco de transmissão, tanto das DST, quanto do vírus da AIDS , defende o médico.
Incidência do problema
A Organização Mundial de Saúde estima que ocorram, no mundo, cerca de 340 milhões de casos de DST por ano. Nessa estimativa não estão incluídos a herpes genital e o HPV. Em números, no Brasil, as estimativas de infecções de transmissão sexual na população sexualmente ativa são:
Clamídia: 1.967.200
Gonorréia: 1.541.800
Sífilis: 937.000
HPV: 685.400
Herpes genital: 640.900
Fonte: PN-DST/AIDS, 2003.
Geralmente, a população mais atingida pelas DST é formada por jovens em idade reprodutiva. As complicações são imediatas, causando inflamação nos genitais internos do homem e da mulher o que pode provocar a infertilidade de ambos.
Apenas uma minoria, entre 20% e 30% dos doentes, percebe algum sinal ou sintoma. As doenças inflamatórias da pelve são as grandes vilãs da fertilidade. Decorrentes de DST, como a clamídia e a gonorréia, afetam o útero, a tuba uterina e os demais órgãos reprodutivos. As inflamações na pelve podem resultar ainda em aderências nas trompas, que dificultam o processo de mobilidade do espermatozóide na busca pelo óvulo.
De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention dos Estados Unidos, mais de um milhão de mulheres contrai uma inflamação pélvica a cada ano. Deste contingente, cem mil tornam-se inférteis. A American Social Health Associated reporta que 15% das mulheres com problemas de infertilidade podem atribuí-los ao dano causado por uma inflamação pélvica advinda de uma DST não tratada.
Complicações à saúde
1) HPV Causada pelo Papilomavírus humano. Sintomas: Manchas esbranquiçadas ou verrugas róseas ou acinzentadas no aparelho genital feminino e masculino. Coceira na vulva e dor durante a relação sexual.
Transmissão: Relações sexuais, contato com a pele de portadores de verrugas do HPV. Tratamento: Cauterização elétrica com bisturi, crioterapia e cauterização por laser. Complicações: Em 95% dos casos, o HPV está associado a casos de câncer de colo de útero. O vírus também pode causar a proliferação das verrugas na vagina, na região anal ou no períneo.
2) Sífilis Chamada também de cancro duro. Sintomas: Primeiro aparecem bolhas de casco duro, indolores, na região genital. Em seguida, surgem manchas rosadas, na palma das mãos e na planta dos pés e os gânglios da virilha ficam inchados.
Transmissão: Por relação sexual, transfusão de sangue ou de mãe para o feto.
Tratamento: Antibióticos.
Complicações: Gestantes com a bactéria podem sofrer parto prematuro e aborto ou o bebê pode ter alguma malformação. Por isso, é importante fazer este exame no pré-natal. A doença também atinge o sistema nervoso central e o coração.
3) Gonorréia Causada por bactéria.
Sintomas: Corrimento amarelado com pus, ardor na hora de fazer xixi, coceira e dor na região pélvica.
Transmissão: Sexual. Se o parceiro está infectado, o risco de contrair a doença chega a 90%.
Tratamento: Antibióticos via oral.
Complicações: Se a mulher não se tratar, a bactéria pode subir pelo canal cervical e se alojar na região do útero, inflamando órgãos da pelve. A doença pode causar infertilidade ou aborto espontâneo. Em cerca de 20% das mulheres, provoca algum tipo de doença nas trompas.
4) Clamídia Causada pela bactéria Chlamydia trachomatis.
Sintomas: Estima-se que em 70% dos casos os sintomas não aparecem. Algumas pessoas sentem ardor na uretra e na vagina e têm corrimento com o aspecto de clara de ovo. Dores durante a relação sexual podem ocorrer.
Transmissão: Sexual. Outros tipos da bactéria, transmitidas pelo ar, causam pneumonias e infecções.
Tratamento: Antibióticos.
Complicações: Inflamações dos órgãos da pelve (útero, ovário, bexiga e parte do intestino grosso), infertilidade (na mulher e no homem), parto prematuro.
5)Herpes genital Infecção causada por vírus. Sintomas: Pequenas bolhas aparecem principalmente na parte externa da vagina e na ponta do pênis. Elas viram feridas e causam dor. Transmissão: Pelo líquido que sai das feridas durante sexo oral, vaginal e anal.
Tratamento: Não há cura, mas controle. Medicamentos via oral ou em pomada ajudam a aumentar a imunidade e tornar as crises menos freqüentes. Quando o organismo está mais enfraquecido, a herpes pode aparecer. Complicações: Aborto, parto prematuro, infecção do útero. O sistema nervoso do bebê pode ser atingido.
Prof. Dr. Joji Ueno. O autor é ginecologista, especialista em reprodução humana, Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP, diretor da Clínica Gera.
Para saber mais informações, acesse: www.clinicagera.com.br