Diretora Clinica do Citen, Centro Integrado de Terapia Nutricional. Médica graduada pela Universidade Federal de Goiás,...
iCondições especiais e limites de consumo
Algumas condições continuam a limitar o consumo do ovo e, nesses casos, as recomendações continuam rigorosas. A condição mais expressiva a limitar o consumo do ovo é o diabetes, por se tratar da patologia que mais predispõe à doença cardiovascular. Nesses casos, há um maior rigor no controle da ingestão de alimentos ricos em colesterol, como o ovo. O ovo é praticamente abolido do cardápio desses pacientes, pelo menos nos pratos onde ele seja o ingrediente principal. Isso não inviabiliza o consumo de uma omelete preparada com 3 claras e com ingredientes com baixo teor de gorduras, para que o prato não fique sem sabor e para que o paciente preserve sua saúde, evitando o consumo mínimo de 600mg de colesterol presente em 3 gemas.
Quadros de alergia alimentar à proteína do ovo são também condições especiais que requerem a suspensão do ovo da dieta. Nesses casos, a vilã é a clara do ovo, estando a gema liberada para consumo dentro das recomendações já descritas.
Ovos enriquecidos, lights ou diets
Para driblar a fama de alimento pouco saudável, os avicultores passaram a disponibilizar ovos light, enriquecidos com ômega 3, com baixo teor de gordura e colesterol e com outras nomenclaturas que nem sempre contam com o respaldo científico.
As gorduras denominadas ômega 3 são formas benéficas de gordura, cuja ingestão está relacionada à redução dos níveis de colesterol total e triglicerídeos sangüíneos, à inibição da formação de trombos e vasodilatação, à redução do risco de algumas formas de câncer e a efeitos protetores contra as arritmias cardíacas. Suas fontes alimentares principais são os peixes gordurosos, nozes e óleos vegetais. O aumento do conteúdo dos ácidos graxos no ovo, como o ômega 3, pode trazer benefícios nutricionais e serviria como uma alternativa para o consumo de pescados em regiões onde o seu consumo é baixo. Ovos podem ser fortificados através do uso de rações enriquecidas com óleos de peixe ou seus derivados e com o acréscimo de farinha de linhaça. Algumas pesquisas sugerem que o aumento de 10% de óleo de peixe na ração das galinhas pode aumentar o conteúdo de ômega 3, em até 18 vezes, em seus ovos. Estes valores, no entanto, ainda são questionáveis.
Outras formas de ovos que seriam benéficos à saúde são aqueles que informam conter reduções variáveis no teor de colesterol, conseguido através da manipulação das dietas das galinhas poedeiras. Entretanto, muitos trabalhos científicos ainda não comprovaram esta redução. E esses produtos, além de serem mais caros do que os ovos comuns, ainda não têm o aval científico para serem indicados para o consumo.
Coma sem culpa
Nem bandido, nem mocinho, o ovo é um alimento importante e que deve, como todos os outros alimentos, ser consumido com moderação. Quando analisamos os fatores de risco para as doenças cardiovasculares, podemos constatar que, os verdadeiros vilões são a obesidade, o diabetes, a hipertensão arterial, o sedentarismo, o tabagismo, o climatério e o estresse da vida moderna.
De nada adianta abolir o ovo quando não conseguirmos abolir a batata frita e a picanha, alimentos muito mais danosos ao coração. Entretanto, diante das dificuldades em se mudar estilos de vida e perder peso, pequenas medidas podem ser importantes como argumentam alguns, mas abolir o ovo, sem que isso faça parte de um contexto de vida saudável, parece mais uma atitude para aliviar nossas consciências, pois o coração continuará em risco.
Para voltar para a primeira parte: Como consumir ovos com segurança?
Dra. Ellen Simone Paiva é médica especializada em endocrinologia e nutrologia. Mestre em Medicina na área de nutrição e diabetes pela USP. Titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, SBEM e da ABRAN, Associação Brasileira de Nutrologia. Diretora clínica do CITEN - Centro Integrado de Terapia Nutricional.
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