Médico oftalmologista autor e editor de 15 livros sobre catarata, cirurgia refrativa e administração em oftalmologia.&nb...
iConforto, maior claridade e visibilidade é o que buscam os condutores de veículos com faróis xenon. O problema é que a solução para o problema de alguns, virou um transtorno para os demais motoristas. São crescentes as queixas de motoristas que sofrem com uma verdadeira explosão luminosa vinda da direção oposta.
A demanda pelos faróis de gás xenônio surgiu na virada da década, quando os primeiros automóveis importados com esse equipamento chegaram ao Brasil. Em pouco tempo, os kits começaram a surgir nas lojas, a preços exorbitantes. Hoje, há produtos bem mais acessíveis no mercado e o xenon se democratizou. É visto em carros populares, em picapes de luxo... O mercado nacional está repleto de lâmpadas "tipo xenon". As que emitem facho branco são permitidas, já a luz azul é proibida.
Para normatizar a instalação destes equipamentos e garantir a segurança dos condutores, a Resolução 294 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) regulamentou o uso dessas lâmpadas poderosas. A norma que foi publicada no dia 17 de outubro, está em vigor desde 1º de janeiro. Agora, carros com xenon deverão ter sistemas de lavagem dos faróis e ajuste automático do facho luminoso ligado à suspensão, ou seja, a direção da luz será sempre corrigida para evitar ofuscamento de quem trafega em sentido oposto.
O problema da lâmpada xenon está em sua intensidade da luz, calculada em lúmens. O facho emitido por uma lâmpada convencional, halógena, é de 1.000 lúmens. A resolução do Contran se baseia nesta medição: em nenhum momento do texto, o Conselho menciona o xenon. Porém, para este tipo de lâmpada gerar o facho na cor permitida por lei - no caso, branca - é preciso que a luminosidade seja de, aproximadamente, 3.000 lúmens.
Como o custo para a adaptação às novas regras é muito alto, apenas faróis instalados nas linhas de montagem das fábricas de automóveis têm condições de atender à nova norma. Com isto, os legisladores esperam que a festa de luzes desreguladas se acabe.
Luz que afeta a segurança no trânsito
Ao combinar lâmpadas de xenon com faróis convencionais, fica a impressão de que o motorista está sempre andando com a luz alta ligada. A luminosidade difusa do xenon direciona o facho luminoso a regiões inadequadas. Na maioria dos casos, isso causa forte ofuscamento dos motoristas que circulam no sentido contrário, podendo provocar graves acidentes.
O farol com iluminação irregular é uma ameaça ao trânsito. O motorista que vier no contrafluxo de movimento pode ficar encandeado com a luminosidade do xenon, porque esta é uma luz bem mais intensa do que uma luz normal. Com esse ofuscamento, ele pode ficar de um a três segundos sem conseguir enxergar bem, o que pode ser o suficiente para causar um acidente.
Dirigir à noite com segurança
Juntamente com o ofuscamento causado pelos faróis dos outros veículos, a incapacidade de enxergar a certas distâncias são as principais queixas de quem dirige à noite.
Os cones e os bastonetes são as principais células da visão. Os cones, no centro da retina, garantem a nitidez de imagens e cores. Já os bastonetes, na periferia dos olhos, proporcionam imagens com ângulos mais abrangentes, embora pouco detalhadas. O desconforto de muitas pessoas com a direção noturna pode ser explicado pela falta dos detalhes nas imagens. Isso porque os cones funcionam bem apenas com iluminação.
Motoristas com fotofobia também sofrem com o ofuscamento. Eles são muito mais sensíveis à luz e os faróis atrapalham demais. Para evitar o incômodo do ofuscamento, recomendamos o uso de óculos especiais. Lentes com filtros amarelos aumentam o contraste à noite, acentuando as imagens e separando melhor os estímulos luminosos.
Virgilio Centurion é oftalmologista e diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Para saber mais acesse: www.imo.com.br