Redatora especialista em conteúdos sobre saúde, família e alimentação.
Mas nem que você siga à risca os horários e as doses dos remédios, sem controlar a alimentação, as taxas de colesterol jamais entram nos eixos. Mas o contrário até pode acontecer: há quem aprenda a montar pratos saudáveis e, desta forma, passe longe da farmácia. E se você acha que será preciso colar bilhetes e cartazes pela casa, separando o que pode ir para a mesa da lista vetada, relaxe os ombros. "A primeira medida é aumentar a quantidade de vegetais nas refeições e reduzir os alimentos de origem animal, onde o colesterol está presente", afirma a endocrinologista Léa Diamant, do Hospital Albert Einstein.
E antes que os espertinhos pensem em encher bandeja com porções de batata frita, a médica lembra que há outros tipos de gordura, como a poliinsaturada, que podem comprometer os níveis de colesterol sanguíneo. "Em pequenas doses, a gordura dos óleos vegetais é benéfica para a saúde, reduzindo a quantidade de triglicérides do sangue. Mas, em excesso, ela derruba os níveis de HDL (o colesterol bom), favorecendo a formação de placas nas artérias".
As escolhas certas, no entanto, são muito mais gostosas e fáceis do que você imagina. As nutricionistas Ana Carolina Elias de Almeida e Solange de Oliveira Saavedra, ambas do Conselho Regional de Nutricionistas (CRN) - 3ª Região, dão as dicas para quem deseja encampar uma batalha contra o colesterol alto e sair vencedor (sem, é claro, abrir mão de comer bem).
Queijos
Os queijos são produtos de origem animal e, por isso, trazem colesterol para o organismo. Os especialistas mais radicais limitam o consumo em uma fatia fina de queijo amarelo por dia, mesmo em pessoas saudáveis. Mas a ricota e o cottage, com menos teor de gordura, são integrantes de livre acesso nos pratos saudáveis. E não se engane com a mussarela de búfala, que é clarinha, mas contém doses altas de gordura se for comparada ao queijo branco. Na dúvida, olhe o rótulo antes de fazer sua escolha.
Linhaça
Badalada de uns tempos para cá, a semente de linhaça existe em dois tipos: a marrom e a dourada. A linhaça marrom, nativa da região mediterrânea, já está mais adaptada ao solo do nosso país e ao clima quente e úmido. A linhaça dourada cresce em climas mais frios, sendo geralmente importada do Canadá. Por estudos que vem sendo feitos, parece não existir diferenças significativas na quantidade de nutrientes entre um tipo e outro.
Proteínas, carboidratos, vitaminas, fibras e ácidos graxos poliinsaturados (principalmente Ômega 3, importante para a prevenção de doenças cardiovasculares) fazem desta semente uma delícia bastante indicada para a sua dieta.
Moída ou triturada, a semente têm suas características potencializadas, já que sua casca é resistente à ação do suco gástrico e não sofre digestão no trato gastrointestinal. Iogurtes, sucos, vitaminas, saladas e sopas ficam muito mais gostosas com a crocancia dos farelos de linhaça.
Óleos vegetais
Os óleos de soja, girassol, canola, milho, algodão e arroz não possuem colesterol, já que são produtos de origem vegetal. O mesmo vale para o azeite de oliva que, junto aos óleos, forma um time de alimentos ricos em gorduras insaturadas (mono e poliinsaturadas), sendo livres de colesterol e de gordura trans.
Os óleos vegetais são melhores para a cocção (aquecimento dos alimentos), pois toleram altas temperaturas e não queimam, ou seja, não saturam com facilidade. Quando isso acontece, formam-se radicais livres que aceleram o envelhecimento e as doenças degenerativas. Além disso, a gordura saturada prejudica o coração.
Já o azeite de oliva, por não tolerar altas temperaturas, deve ser utilizado em temperatura ambiente, acrescido na salada ou no final da cocção de um alimento ou prato. Ele reduz o colesterol ruim (LDL) e aumenta o bom (HDL).
Oleaginosas
Nozes, castanhas, avelãs, amendoim e pistache, além de ser uma delícia, têm alto valor nutricional e concentram altas doses de gorduras insaturadas, que auxiliam no combate ao mau colesterol (LDL) e às doenças coronarianas. Só é preciso tomar cuidado com a quantidade de calorias destes petiscos: duas ou três unidades da sua favorita são suficientes. E, caso você tenha hipertensão, evite as versões salgadas.
Proteína vegetal, fibras, substâncias antioxidantes (como a vitamina E) e minerais (como o zinco e o selênio) fazem parte do pacote saúde das oleaginosas.
Legumes
Os legumes são alimentos de origem vegetal, portanto, não fornecem colesterol quando ingeridos na alimentação cotidiana. Devem compor o almoço e o jantar, fornecendo vitaminas, minerais e fibras (muito importantes para ajudar a manter baixo o nível de colesterol).
Os alimentos de origem vegetal (verduras, legumes, frutas, leguminosas e grãos) ainda são ricos em fitosteróis, uma espécie de primo vegetal do colesterol (até a estrutura química deles é parecida). Os fitosteróis diminuem os níveis de mau colesterol no sangue e, por isso, protegem o seu coração.
Ovos
Ele perdeu a pecha de vilão e pode ser consumido mesmo e você tem problemas com o controle do colesterol. O segredo está na moderação (principalmente da gema, que contém a gordura). A não ser que o médico recomende o contrário, substitua a carne vermelha ou frango por ovos duas vezes por semana, comendo uma unidade por vez.
Chocolate amargo
O leite e a manteiga de cacau acrescentam doses de gordura saturada na guloseima que provoca arrepios de desejo, principalmente nas mulheres. Mas o chocolate amargo pode fazer parte da sua dieta, porque é rico em flavonóides (substâncias que diminuem o LDL). Diariamente, inclua 30g do doce como sobremesa. Só não vale compensar: a porção de hoje não fica acumulada para amanhã, ou seu organismo não dá conta de aproveitar os benefícios.
Margarina
Como ela tem origem vegetal, não fornece colesterol para o seu organismo e deve ser privilegiada na dieta. Mas não perca a dose: em excesso, ela aumenta o LDL e diminui o colesterol bom. Procure produtos pobres em gordura saturada, ricos em gordura insaturada e sem gorduras do tipo trans. Mas use com moderação, pois as margarinas contêm muitas calorias.
Este colesterol pode
"Sem colesterol, não é possível viver, já que ele é um dos componentes básicos do sistema nervoso, das membranas celulares e ainda participa na formação de alguns hormônios, da vitamina D e da bile (produzida pelo fígado). Portanto, não devemos considerar o colesterol logo de cara como um vilão", diz a nutricionista Solange de Oliveira Saavedra. Veja abaixo a relação que ela faz, com alimentos de origem animal de passe livre:
1. Peixes (magros)
2. Peito de frango sem pele
3. Carnes magras grelhadas ou assadas
4. Queijos brancos
Só se o desejo for grande demais
A não ser que você esteja passando mal de tanta vontade, evite comer:
Queijos amarelos, fígado, carnes gordas, frituras, maionese, embutidos (linguiça, salsicha, salame, presunto e mortadela), sorvetes à base de leite e gordura trans, leite de coco, azeite de dendê e manteiga de cacau.