A gravidez foi desejada, o parto correu dentro da normalidade, o quartinho do bebê é um encanto, a família está em estado de graça com o pequeno... Mas a idealização de felicidade da nova mamãe nos primeiros dias, no entanto, pode se quebrar devido a sentimentos confusos, que envolvem tristeza, irritação, sensação de incapacidade. Estamos falando da depressão pós-parto que, segundo os especialistas, acomete de 8% a 26% das gestantes.
Por que a depressão pós-parto aparece?
Os motivos para o surgimento do problema são variados: da mudança hormonal às alterações radicais que a chegada de uma criança causa na vida pessoal, conjugal, familiar, profissional e social. Além das condições ambientais, as características psicológicas prévias de cada mulher também interferem neste processo. Uma mulher com tensão pré-menstrual acentuada ou processos depressivos anteriores está mais sujeita a enfrentar o problema após a gravidez.
Atenção aos sintomas
Os sintomas da depressão pós-parto variam de leves a graves. Eles são inúmeros e podem se iniciar com choro sem motivo, irritabilidade, intolerância ao marido e familiares, insônia, inapetência, agressividade e passividade.
A mulher em depressão pós-parto, raramente apresenta alteração na capacidade de cuidar do seu bebê. Ou seja, ela não o abandona a própria sorte. Essa dificuldade acontece somente nos casos mais graves. Nessas circunstâncias, os médicos podem indicar a introdução da medicação até a situação ser normalizada.
A doença também é categorizada como tristeza ? também definida como baby blue ou depressão fisiológica, transtorno de humor transitório, em que os sintomas aparecem por volta do quinto dia após o parto, devendo desaparecer depois de duas semanas. Caso isto não ocorra, se caracteriza uma depressão patológica. Já a psicose puerperal é bem mais grave, pois apresenta um quadro delirante, freqüentemente alucinatório, que aparece no segundo dia após o parto e pode durar até três meses depois do nascimento do bebê.
O auto-diagnóstico é difícil, muitas vezes, a mulher acha que está apenas cansada e com falta de energia, além disto, ela pode se sentir culpada pela tristeza que está sentindo. Por isso, caso seja notada instabilidade emocional, o melhor é conversar com o ginecologista, que pode avaliar com mais precisão e fazer o encaminhamento para um especialista, que pode ser um psicólogo ou um psiquiatra.
Mulheres que já passaram pela depressão pós-parto na primeira gestação têm mais chances de apresentá-la na segunda gravidez. Por isso, é essencial conversar abertamente com o obstetra que acompanha a gravidez, relatando todo o histórico pessoal, buscando tratamento preventivo.
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Tratando o problema
Os casos mais leves podem regredir espontaneamente, mas é aconselhável buscar alguma forma de tratamento especializado, que inclua apoio psicoterápico. Nos quadros moderados a graves, a psicoterapia e a medicação antidepressiva são fundamentais.
Diálogos com outras mães são medidas salutares para reduzir a ansiedade e visualizar soluções para lidar com as alterações produzidas pela chegada do bebê. A duração do tratamento varia de mulher para mulher, dependendo da evolução dos sintomas: pode ser curta (levar poucas semanas) ou mais longa, estendendo-se inclusive por vários meses.
Papel da família
O apoio familiar é essencial para que a mãe enfrente este momento da vida. As novas tarefas exigidas pela maternidade, às vezes, são exaustivas em um primeiro momento, deixando a mulher estressada e confusa sobre seus sentimentos. Portanto, o papel da família é tranqüilizar a nova mamãe, assegurando que a fase de estranhamento e estresse seja transitória.
Após o nascimento do bebê, a mulher se mostra mais fragilizada devido à mudança hormonal e à nova situação familiar. O fato de não contar com o parceiro, seja porque ele trabalha muito ou é ausente, pode interferir nesse momento, pois normalmente filhos são frutos de um projeto do casal. Se a expectativa feminina é a de ter o companheiro presente, ela deve conversar com ele a respeito de suas necessidades. O apoio familiar e de amigos é bem-vindo, mas não substitui a falta ou a expectativa que ela se sente em relação ao cônjuge.
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