Médico oftalmologista autor e editor de 15 livros sobre catarata, cirurgia refrativa e administração em oftalmologia.&nb...
iÉ o exame de fundo de olho, ou oftalmoscopia, que avalia as condições do humor vítreo, do humor aquoso - da retina, dos vasos sangüíneos - veias e artérias retineanas - e do nervo óptico, responsável por levar os estímulos visuais, já convertidos em sinais elétricos ao cérebro. As pessoas que fazem o exame oftalmológico anual devem ser submetidas à oftalmoscopia, pois o procedimento é capaz de detectar várias doenças oculares - como glaucoma e distúrbios da retina - e também outros males, como diabetes, câncer, leucemia, AIDS, inflamações reumáticas, tuberculose, toxoplasmose, desequilíbrios da tireóide, dentre outros.
Pessoas de todas as faixas etárias, inclusive crianças devem realizar o exame de fundo de olho com regularidade. O ideal é que os bebês já fossem submetidos ao exame logo após o nascimento, principalmente os prematuros e filhos de mães que tiveram infecções durante a gestação. Em Minas Gerais, o Governo tornou o exame obrigatório em todo recém-nascido, desde 2004. O teste é realizado no próprio berçário ou na sala de parto. A oftalmoscopia no recém-nascido pode indicar a presença de retinoblastoma (tumor que atinge o órgão), catarata congênita, retinopatia da prematuridade (doença degenerativa que pode levar à cegueira), além de infecções por toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e sífilis que podem causar alterações na visão da criança, como a visão subnormal.
Incidência do problema
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 70 a 80% das crianças diagnosticadas como cegas possuem alguma visão útil. A visão subnormal é caracterizada por uma diminuição da capacidade visual. Os portadores da doença enxergam no máximo 30% do equivalente a uma visão normal no melhor olho. Essa deficiência é impossível de ser corrigida com uso de óculos convencionais, cirurgias e tratamentos medicamentosos.
Por isto, quanto mais cedo for diagnosticado o problema da baixa acuidade visual, mais tempo pais, professores, oftalmologistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e ortoptistas ? uma equipe multidisciplinar ? terão para estimular a visão do bebê para facilitar o desenvolvimento das tarefas do dia-a-dia. O portador de visão subnormal deve ser incentivado a melhorar sua eficiência visual residual.
É comum que as deficiências nos olhos passem despercebidas pelos pais e familiares, fato que pode comprometer o tratamento destas doenças. Muitas vezes, são os professores que suspeitam de algo, pelas dificuldades da criança em desempenhar as tarefas escolares.
Indícios da visão subnormal em crianças
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Aspectos do globo ocular
Os pais devem observar os olhos da criança. Todas as estruturas devem ter cores e formas convencionais, como a pupila preta, íris colorida e redonda, córnea transparente. Manchas ou suspeitas de malformação devem ser investigadas.
Dificuldade visual
A criança com visão subnormal demonstra desinteresse em olhar os brinquedos. Durante os primeiros meses de vida não evolui no reconhecimento dos rostos familiares, guiando-se pelos sons. Além de possuir dificuldade de fixar o olhar, não procura fontes de luz, nem segue visualmente pessoas e objetos. Quando começam a andar, caem e tropeçam com mais freqüência.
Limitações no aprendizado: na idade escolar, portadores de visão subnormal aproximam muito os objetos dos olhos e mostram dificuldade para ler a lousa. Tropeçam ao caminhar, ao escreverem omitem letras, pulam linhas e suas palavras são, muitas vezes, ilegíveis.
Qualidade de vida
As crianças com deficiência apresentarão dificuldades para ler, escrever, andar e realizar tarefas que exijam o uso da visão. Os esforços das equipes multidisciplinares que as assistem visam facilitar o desenvolvimento físico e mental dessas crianças, proporcionando-lhes qualidade de vida. Tratamentos clínicos e cirúrgicos, quando indicados, objetivam minimizar a perda visual.
Após a aceitação do problema visual, o caminho é aproveitar ao máximo os recursos disponíveis para melhorar o desempenho desta criança. A visão residual pode ser estimulada por meio do uso de lentes especiais - óculos específicos, lupas, telelupas - e pela adaptação de materiais, ampliando-os e aumentando os contrastes. Medidas como reforçar o contraste, sentar próximo ao quadro negro e ler o mesmo material que as outras crianças em xerox ampliada não dependem de recursos ópticos. Os programas de estimulação são personalizados, levando em conta a idade e o perfil do portador de baixa visão. A estimulação engloba a utilização de brinquedos, jogos e materiais pedagógicos.
Visão subnormal em adultos
Diferentes tipos de visão subnormal podem exigir diferentes tipos de assistência oftalmológica. Pessoas que nascem com visão subnormal têm diferentes necessidades daquelas que apresentam o problema com o decorrer da vida. A maior incidência da visão subnormal na idade adulta é em idosos. Nesta etapa da vida, a principal causa da visão subnormal é a degeneração macular relacionada à idade, que afeta a visão central, seguida da retinopatia diabética. A terceira causa mais comum é o glaucoma, que leva à perda da visão periférica A degeneração macular relacionada à idade é a maior causa de deficiência visual adquirida no mundo, em pessoas acima de 60 anos.
Dependendo do tipo, com ou sem neovascularização subretiniana, e da área atingida, os recursos ópticos especiais também podem ser úteis para uma melhor performance visual do idoso.